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Mísseis de longo alcance Taurus alemães não serão 'arma maravilha' para Kiev, diz eurodeputado

© AFP 2023 / Thomas CoexMíssil Taurus KEPD 350 é exibido na Feira Internacional de Defesa e Segurança de Madri, Madri, Espanha, 17 de maio de 2023
Míssil Taurus KEPD 350 é exibido na Feira Internacional de Defesa e Segurança de Madri, Madri, Espanha, 17 de maio de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 20.08.2023
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Gunnar Beck, deputado do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) no Parlamento Europeu, explicou por que os alemães em geral não apoiam a política do governo do país.
Christian Lindner, ministro das Finanças da Alemanha, e outros membros do governo do chanceler Olaf Scholz expressaram apoio ao envio de mísseis de cruzeiro de longo alcance Taurus KEPD 350 para a Ucrânia nesta semana, com Lindner dizendo que uma decisão sobre o assunto seria tomada "mais rapidamente, em um prazo mais curto" do que no passado.
Tal acontece apesar da maioria dos alemães se opor ao passo. Uma nova pesquisa revelou que embora 36% estejam a favor do envio, 52% são contra, com o apoio caindo para apenas 21% entre os residentes do leste da Alemanha.
Anteriormente os EUA e outros países da OTAN prometeram que as armas não seriam usadas contra o território russo, apesar de os militares ucranianos utilizarem desde então o equipamento militar fornecido, incluindo artilharia, mísseis e drones, para atacar cidades e vilarejos nas regiões da Rússia.
A Alemanha enviou cerca de € 7,5 bilhões (R$ 40,6 bilhões) em armas para a Ucrânia no último ano e meio, a segunda maior quantia após os Estados Unidos.
Sistema de mísseis STARStreak LML-NG (à esquerda) e um sistema de mísseis Starstreak LML (à direita) na fábrica de armas da Thales Air Defence em Belfast, Irlanda do Norte, Reino Unido, 16 de maio de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 13.08.2023
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Berlim já aprovou o envio de mais de 260 tanques Leopard 1 e Leopard 2, inclusive de seus próprios arsenais e de outros aliados europeus da OTAN, além de canhões antiaéreos autopropulsados Gepard, sistemas de artilharia de foguetes MARS, obuseiros autopropulsados Panzerhaubitze 2000, veículos de combate da infantaria Marder, veículos blindados de recuperação Bergepanzer, granadas lançadas por foguete Panzerfaust e muitas outras armas, equipamentos de apoio, munição e suprimentos.

Não é uma arma maravilha

O que distingue o míssil de cruzeiro Taurus de € 950.000 (R$ 5,14 milhões) é seu alcance e poder de fogo. Ele tem uma ogiva de 481 kg e um alcance operacional de mais de 500 km, o que a torna uma arma que, nas mãos erradas, poderia servir de ferramenta para bombardeios terroristas.
"Os mísseis de cruzeiro Taurus de longo alcance são um sistema avançado de armas guiadas de alta precisão, mas não são uma arma maravilha", disse Gunnar Beck, deputado do partido de direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), e vice-presidente do grupo Identidade e Democracia, no Parlamento Europeu, à Sputnik.
"Eles aumentarão a capacidade militar da Ucrânia, mas não de forma decisiva", apontou o legislador, acrescentando que "a entrega desses mísseis é algo significativo, pois marca uma nova escalada do conflito, levando talvez à entrega de outras armas com capacidade ofensiva maior e mais decisiva. O perigo, acho, está aí", sublinhou Beck.
Ele mencionou que "o governo alemão diz que gostaria de impedir que a Ucrânia usasse os mísseis contra o território russo. No entanto, isso é apenas um discurso fantasioso. Na prática, a Alemanha não pode fazer nada para impedir que a Ucrânia use os mísseis como quiser", disse o legislador da AfD.

Os alemães não são contra a Rússia

"A maioria dos alemães não deseja ser arrastada para um grande conflito internacional com a Rússia", afirmou ele, destacando em particular os alemães de leste, "que ainda compreendem que, sem a bênção russa, a reunificação [alemã] não poderia ter sido alcançada há 33 anos".
A maioria dos alemães "simplesmente não acredita que a Rússia e o presidente [Vladimir] Putin sejam uma ameaça real para a Alemanha hoje. Essa também é a minha opinião pessoal. Os alemães comuns têm menos a temer da Rússia hoje do que da UE, de seu próprio governo e de qualquer um dos principais partidos políticos da própria Alemanha."
Recentemente o apoio à AfD aumentou, com pesquisas recentes indicando que o partido obteria até 18% dos votos se as eleições fossem realizadas hoje, o mesmo nível dos social-democratas de Scholz.
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Beck referiu que, apesar da "implacável" "propaganda antirrussa" na mídia alemã, muitos alemães, especialmente no leste do país, "perderam a fé" na coalizão de Scholz e "não conseguem se lembrar da última vez que seu governo fez algo por eles". Em vez disso, metade dos alemães "agora considera sua elite política apenas como executora das metas e objetivos de grandes multinacionais e potências estrangeiras – executores muito bem pagos", resumiu.
Dan Kovalik, advogado de direitos humanos e direitos trabalhistas e ativista da paz baseado nos EUA, concordou com Beck. Segundo ele, a Rússia está prestes a destruir as forças da Ucrânia, embora a última ainda consiga escalar o conflito até ele poder chegar ao uso de armas nucleares, sendo essa a razão pela qual o povo alemão está contra.
"É claro que a Alemanha e a Rússia passaram por duas guerras mundiais uma contra a outra, e não acho que nenhuma delas queira repetir isso", explicou o ativista.
"Acho interessante o fato de os alemães orientais se oporem a essas armas em uma porcentagem muito maior do que os alemães ocidentais, o que, é claro, faz sentido, porque eles faziam parte do bloco oriental, porque a Alemanha Oriental fez um trabalho muito melhor na desnazificação de sua parte da Alemanha", destacou Kovalik.
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