- Sputnik Brasil, 1920, 21.08.2023
Cúpula do BRICS 2023
A 15ª Cúpula do BRICS será realizada entre os dias 22 e 24 de agosto em Joanesburgo, na África do Sul. A correspondente da Sputnik Brasil Ana Lívia Esteves apresentará análises, entrevistas e muito mais diretamente do local.

Contrário do Ocidente, BRICS não vê arena mundial como jogo de soma zero, diz especialista

© AFP 2023 / Gianluigi GuerciaMulher passa por cartaz do lado de fora do local da Cúpula do BRICS 2023, no Centro de Convenções de Sandton, em Sandton, Joanesburgo, África do Sul, 20 de agosto de 2023
Mulher passa por cartaz do lado de fora do local da Cúpula do BRICS 2023, no Centro de Convenções de Sandton, em Sandton, Joanesburgo, África do Sul, 20 de agosto de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 21.08.2023
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Uma especialista que falou à Sputnik manifestou a ideia de que o BRICS está agindo e deve ser entendido como uma organização multilateral e inclusiva, que dá oportunidades e não se posiciona contra outros países.
O BRICS tem se mostrado ao longo dos anos como uma fonte de oportunidades e de crescimento cada vez maior para os países em desenvolvimento pelo mundo afora, em meio às atuais instituições mundiais altamente centradas nos países ocidentais.
Anuradha Chenoy, professora aposentada e reitora da Escola de Estudos Internacionais da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Deli, Índia, discutiu os últimos acontecimentos com a Sputnik. Sobre a questão se o BRICS dever ou não ser considerado um "contrapeso para o Ocidente", ela respondeu negativamente.
"O BRICS não acredita que a geopolítica seja um jogo de soma zero em que o desenvolvimento econômico ou a segurança de alguns Estados se torne uma ameaça para outros. O BRICS não se posiciona contra o Ocidente, mas, ao contrário, apoia um sistema multipolar que incentive a coexistência de diferentes ideias, sistemas e instituições. É o Ocidente que tem alianças militares exclusivas que desenvolvem narrativas contra qualquer 'outro' que eles entendam como uma ameaça. O BRICS não tem essa agenda."
Segundo ela, o agrupamento defende "a não intervenção e a oposição a medidas econômicas coercivas" para facilitar o comércio e o desenvolvimento, e garantir a segurança, que diz serem princípio fundamentais apoiados por grande parte do Sul Global. O BRICS também não é nem pretende ser um bloco militar, tendo a aspiração de "segurança coletiva" no novo mundo multipolar, para assegurar os fatores já referidos.
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"O Ocidente claramente se opõe a vários desses princípios", sublinhou Chenoy.
A acadêmica mencionou que o BRICS segue ganhando popularidade entre muitos países, e a ideia de "desdolarização" tem mais a ver com a promoção dos interesses nacionais de seus países do que com uma tentativa de oposição aos EUA.
"O BRICS incentiva o comércio em moedas nacionais e a criação de uma reserva contingente em suas moedas nacionais. O BRICS criou o Novo Banco de Desenvolvimento que concede empréstimos em moedas nacionais em uma determinada porcentagem. Esse é um pequeno passo. Muitos países do BRICS estão fazendo comércio entre si e com outros países fora do BRICS em suas moedas nacionais. Essa tendência está aumentando", sublinhou a especialista.
"Mas, à medida que mais e mais comércio ocorrer fora da zona do dólar, as moedas alternativas aumentarão, pois o dólar pode perder o tipo de domínio que tem atualmente. Um sistema monetário global de várias moedas combina com o sistema de multipolaridade", concluiu.
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