BRICS deve superar exploração global rumo a futuro mais igualitário, diz empresário brasileiro
17:52 22.08.2023 (atualizado: 09:54 23.08.2023)
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.015ª Cúpula do BRICS
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Confederação Nacional das Indústrias (CNI) aposta nos países do BRICS para fazer a tão esperada reviravolta do segmento brasileiro. Reunido no Fórum Empresarial do BRICS, empresariado brasileiro se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo.
Nesta terça-feira (22), a 15ª Cúpula do BRICS foi dominada por eventos dedicados ao setor privado e à promoção da cooperação comercial e econômica entre os membros. O encerramento da reunião do Fórum Empresarial do BRICS contou com a presença do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e da presidente do Banco do BRICS, Dilma Rousseff.
A delegação empresarial brasileira contou com cerca de 26 empresários de setores como o agropecuário, de engenharia, máquinas e equipamentos, aéreo, e representantes de organizações de classe, como a Confederação Nacional das Indústrias (CNI).
A CNI está a cargo da secretaria-executiva do Fórum Empresarial do BRICS no Brasil e seu presidente, Ricardo Alban, coordena a participação brasileira.
"A importância do diálogo e da interação com o BRICS é fundamental. Basta olharmos alguns números. Os BRICS somam 42% da população mundial (3,2 bilhões) e representam 25% do PIB mundial (US$ 25,8 trilhões). Os investimentos diretos estrangeiros nesses países quadruplicaram na última década", declarou Alban. "São argumentos que por si só que já justificam esse olhar mais atento ao bloco."
Segundo ele, a indústria brasileira tem interesse na área de investimentos e revitalização, com foco no estreitamento de laços com o Sul Global, "nosso principal parceiro é a China. Estamos de olho na Índia, que traz novos encadeamentos globais e ainda temos as oportunidades na Rússia e na África do Sul".
Para lograr a tão esperada reviravolta da indústria brasileira, que amarga resultados negativos na participação no PIB brasileiro nas últimas décadas, Alban aposta na captação de investimentos concedidos pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como Banco do BRICS, presidido pela brasileira Dilma Roussef.
"A indústria quer ampliar a quantidade de projetos do setor privado apoiados pelo NDB no Brasil, que hoje corresponde a 26% da carteira de projetos no país", relatou o presidente da CNI. "O país já apresentou 30 projetos - 21 aprovados e os demais em tramitação - que somam US$ 9 bilhões [R$ 44,4 bilhões]."
© Sputnik / Grigory SysoevPresidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Dilma Rousseff, participa da 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo, África do Sul, 22 de agosto de 2023
Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Dilma Rousseff, participa da 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo, África do Sul, 22 de agosto de 2023
© Sputnik / Grigory Sysoev
Agronegócio
Apesar dos esforços dos demais setores, a agroindústria segue como o carro-chefe das exportações brasileiras para os países-membros do BRICS. Em entrevista à Sputnik Brasil, o representante da BRF no Fórum Empresarial, Bruno Faria, apontou para a relevância da segurança alimentar dos países do BRICS.
"Sempre tratamos do tema da segurança alimentar com os países dos BRICS, isto é, da necessidade de garantir que os países terão alimentos disponíveis para as suas populações", disse Faria à Sputnik Brasil. "Esse diálogo é fundamental quando estamos acompanhados de grandes produtores e consumidores agrícolas, como China, Rússia e Índia."
Uma das principais produtoras de proteína animal do mundo, a BRF já fornece ampla gama de produtos para os países do BRICS. Segundo Faria, no entanto, ainda há espaço para ampliação.
"A China é decididamente o nosso principal cliente, a África do Sul importa proteína animal do Brasil, mas existem tarifas", disse Faria. "A Rússia um mercado grande, importante para a proteína animal brasileira, [...] mas bastante regulado. A BRF está sempre disposta a fornecer e acordar os preços para garantir esse fornecimento."
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, concorda, e diz que o setor manteve sua cooperação com a Rússia, apesar das sanções ocidentais impostas contra Moscou.
"Nós conseguimos manter o nosso negócio com a Rússia, a nossa parceria, especialmente na exportação de carne de aves, é importante para a economia e para a população russa, uma vez que garante o controle da inflação", disse Santin à Sputnik Brasil. "Não tivemos dificuldades e […] continuamos a ser parceiros da Rússia, vender carne de frango e comprar fertilizantes."
Para ele, os países dos BRICS têm a capacidade de, conjuntamente, garantir autonomia suficiente para inaugurar nova correlação de forças internacional na área econômica.
"Podemos, juntos, prover alimentos […] de maneira sustentável, fazendo uma transição justa desse modelo antigo, onde havia exploração para outro, no qual poderemos dar para o nosso povo dignidade e equidade", concluiu o presidente da ABPA.
© Sputnik / Grigory SysoevO presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, o ministro chinês do Comércio Wang Wentao e a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Dilma Vana Rousseff, participam da 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo, 22 de agosto de 2023
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, o ministro chinês do Comércio Wang Wentao e a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Dilma Vana Rousseff, participam da 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo, 22 de agosto de 2023
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Nesta terça-feira (22), a cidade sul-africana de Joanesburgo recebeu o Fórum Empresarial do BRICS, com participação de delegação brasileira, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro-ministro Narendra Modi, presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, da presidente do NBD, Dilma Rousseff, dentre outros altos representantes.