China contesta liderança do G20 pelos EUA em 2026 e diz que Índia sabota evento para 'bens privados'
10:36 09.09.2023 (atualizado: 10:40 09.09.2023)
© AFP 2023 / Geoffroy Van Der HasseltO primeiro-ministro da China, Li Qiang, fala durante um jantar organizado pelo comitê França-China em Paris, em 21 de junho de 2023. O primeiro-ministro da China, Li Qiang, participará da cúpula do G20 na capital indiana, Nova Delhi, neste fim de semana, disse uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim em 4 de setembro de 2023
© AFP 2023 / Geoffroy Van Der Hasselt
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Gigante asiático registrou discordância com a presidência de Washington do G20 daqui a três anos. Ao mesmo tempo, através de um think thank do governo, afirmou que a Índia está "sabotando a atmosfera cooperativa da reunião do G20 e dificultando a obtenção de resultados substantivos".
A China levantou objeções ao fato de que será os Estados Unidos que receberão o G20 em 2026, conforme já anunciado pela administração do presidente Joe Biden. Pequim pediu que o seu descontentamento fosse registado, segundo fontes que não souberam responder as razões da objeção, relata a Bloomberg.
A contestação de Pequim é principalmente simbólica, pois é improvável que a decisão seja revertida, diz a mídia.
Os membros do G20 alternam a presidência do grupo, incluindo a cúpula anual de líderes mundiais, e Washington disse que assumirá a presidência depois de a Índia, no atual momento, o Brasil e a África do Sul completarem os seus respectivos mandatos de um ano.
Falando a repórteres em Nova Deli hoje (9), o vice-assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jon Finer, destacou que Índia, Brasil e África do são os atuais e os próximos dois países cadeiras do G20.
"Eles estão comprometidos com o sucesso do G-20, assim como os Estados Unidos. Seremos os anfitriões depois desses três. E se a China não estiver, isso é lamentável para todos, mas acreditamos que muito mais lamentável para a China", alfinetou o vice-assessor.
Na visão da mídia, a objeção chinesa reflete o impasse da China com os EUA sobre questões que vão desde Taiwan aos controles de exportação de tecnologia.
Ao mesmo tempo, o think thank Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas (CICIR, na sigla em inglês), que está subordinado ao Ministério da Segurança do Estado da China, disse que a Índia tem tentado aproveitar seu papel como anfitriã da Cúpula do G20 para promover sua própria agenda e prejudicar os interesses de Pequim.
O think tank acusou a Índia de trazer "bens privados" geopolíticos para o cenário global, o que, segundo o instituto, não só ajudaria o país a cumprir a sua responsabilidade como anfitrião do G20, mas também criaria mais problemas, segundo a Reuters.
"Além de causar turbulência diplomática e turbulência na opinião pública, as ações da Índia ao acolher reuniões em territórios disputados também 'roubaram os holofotes', sabotando a atmosfera cooperativa da reunião do G20 e dificultando a obtenção de resultados substantivos" disse o think tank.
Nova Deli realizou duas reuniões anteriores ao G20 em territórios disputados: uma em Arunachal Pradesh, que a China também reivindica, e outra na Caxemira, contestada pelo Paquistão.
As observações podem lançar alguma luz sobre a ausência de Xi Jinping na cúpula organizada pelo primeiro-ministro Narendra Modi. Enquanto o G20 acontece, Xi recebeu na capital chinesa o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ontem (8), conforme noticiado.