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UE aposta que conflito na Ucrânia 'não tenha solução a curto prazo', dizem analistas

© AP Photo / Virginia MayoO chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, durante entrevista coletiva no fim do Conselho de Associação UE-Ucrânia, no Conselho Europeu. Bruxelas, Bélgica, 5 de setembro de 2022
O chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, durante entrevista coletiva no fim do Conselho de Associação UE-Ucrânia, no Conselho Europeu. Bruxelas, Bélgica, 5 de setembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 15.09.2023
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O chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, declarou ser prioridade da aliança que Kiev triunfasse no conflito ucraniano.
"Fazer com que a Ucrânia vença [...] não é uma prioridade, mas sim a prioridade para a UE [...]. É o desafio número um da política externa e de segurança da União Europeia", afirmou Borrell.
Com isso, segundo o analista internacional Alejandro Martínez Serrano, Borrell mostra o desejo de que o conflito na Ucrânia se prolongue cada vez mais.
"Eu interpreto a postura de Borrell como intervencionista, visto que, em vez de buscar uma alternativa para a solução pacífica mediante alguns dos mecanismos estabelecidos pelo direito internacional público [...] [a atitude] deste político espanhol leva precisamente a uma interpretação onde a ideia é que o conflito não será resolvido em breve", destacou.
Para o analista internacional Carlos Manuel López Alvarado, as declarações de Borrell eram previsíveis, já que estão relacionadas com o auge e crescimento das nações do BRICS, grupo formado até agora por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
"A UE está entrando em um período de franca desesperança, uma vez que não consegue neutralizar as iniciativas do Sul Global", observou.
Além disso, Martínez Serrano afirmou que as declarações de Borrell praticamente descartam a possível solução através da intervenção da ONU, pois "coloca os interesses do bloco econômico à frente das ações de paz ao conflito".
A mestre em diplomacia pela Universidade de Norwich, nos EUA, Arlene Ramírez Uresti comentou à Sputnik que o sistema das Nações Unidas tem sido amplamente criticado desde a sua criação, "talvez por não ter um verdadeiro mecanismo vinculativo com os países", além de não conseguirem desencorajar os grandes conflitos no mundo.
"No caso da Ucrânia, a ONU ficou ainda mais sobrecarregada do que em outros conflitos porque não conseguiu ter uma influência significativa nos mecanismos regionais de tomada de decisão. A organização chegou tarde demais para compreender o que é necessário para a paz sustentável", apontou.
Com relação à obsessão da Ucrânia de ingressar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), López Alvarado afirmou que se isso acontecer, não seria apenas uma provocação à Rússia, como também violaria sua segurança, em prol dos interesses não só da Europa, mas de Washington.
"Quando a Rússia começa a legitimar o seu próprio projeto de segurança é quando a UE e os EUA veem a sua segurança ameaçada, mas isso é fictício, pois nunca respeitaram o acordo verbal anterior de não expansão", ressaltou.
O analista também destaca que o Ocidente está disfarçando a sua expansão sob o pretexto da ameaça russa.
"Devemos entender que Borrell quer dominar politicamente a Ucrânia para continuar com esta expansão, argumentando um discurso de agressão quando esse argumento é completamente ilógico", declarou.
Sendo assim, Ramírez Uresti considera que a anexação de Kiev à aliança de guerra não garante que a paz seja alcançada, e que os apelos de Borrell têm apenas o objetivo de unir a União Europeia.
A verdade é que a Europa está se sentindo cada vez mais desconfortável com o posicionamento do Sul Global e a iminência de uma nova ordem mundial, ameaçando a soberania que o Ocidente acredita ter desempenhado no mundo ao longo destes anos.
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