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Austrália não ganha nada com a AUKUS e 'vende sua alma aos EUA', diz especialista

© AFP 2023 / Jim WatsonJoe Biden, presidente dos EUA (à direita), se reúne com Anthony Albanese, primeiro-ministro da Austrália (à esquerda), durante cúpula da AUKUS na Base Naval de Point Loma, em San Diego, Califórnia, EUA, 13 de março de 2023
Joe Biden, presidente dos EUA (à direita), se reúne com Anthony Albanese, primeiro-ministro da Austrália (à esquerda), durante cúpula da AUKUS na Base Naval de Point Loma, em San Diego, Califórnia, EUA, 13 de março de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 17.09.2023
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Um acadêmico avaliou as consequências da participação da Austrália da aliança AUKUS, destacando em particular os perigos da proliferação nuclear e da deterioração das relações com a China, seu principal parceiro comercial.
O governo da Austrália, juntamente com o dos EUA e do Reino Unido, declarou desde a formação da aliança militar AUKUS em 2021 que ela tinha como objetivo a construção de uma frota de submarinos movidos a energia nuclear (e não de armas nucleares), além da respetiva infraestrutura, disse Victor Gao, professor da Universidade Soochow, na China, e vice-presidente do Centro para a China e a Globalização.
No entanto, o pacto AUKUS prevê também uma ampla cooperação no desenvolvimento de sistemas de armas mais avançados, no equipamento das Forças Armadas da Austrália com armamentos dos EUA, e na introdução de padrões para operações de combate.
Gao destaca que a linha que separa os submarinos movidos a energia nuclear das armas nucleares é bastante tênue, pois a operação dos primeiros envolve o manuseio de urânio altamente enriquecido que seria fornecido pelos EUA ou pelo Reino Unido, o que quebraria a "bolha de zona livre de armas nucleares" australiana.
"Isso ameaça os interesses fundamentais do povo australiano e pode levar a uma corrida armamentista e ansiedade em toda a região da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático]", explicou o especialista chinês, acrescentando que quando houver um conflito em qualquer lugar do mundo, se os EUA estiverem envolvidos, a Austrália será obrigada a participar.
Outro risco indicado é que o tratado da AUKUS, aprovado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pode estabelecer um precedente perigoso, que permitiria que outros países seguissem o exemplo e construíssem uma frota nuclear, o que desestabilizaria ainda mais a situação internacional.
Nesta foto divulgada pela Marinha dos EUA, o submarino de mísseis balísticos da classe Ohio, USS Wyoming, aproxima-se da Base Submarina Naval de Kings Bay, Geórgia, 9 de janeiro de 2008 - Sputnik Brasil, 1920, 15.08.2023
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Por que a fusão da AUKUS e da OTAN representaria um sério perigo para a Ásia-Pacífico?
Victor Gao criticou igualmente a tentativa de combater a China, apesar de Pequim ser o maior parceiro comercial da Austrália, e apelou ao reconhecimento da tendência global predominante, especialmente na região da Ásia-Pacífico, que coloca o foco na paz, na estabilidade e no desenvolvimento, em vez da guerra e da corrida armamentista.
"A China não quer entrar em guerra com ninguém", comenta o especialista.
"Ao aderir à AUKUS, a Austrália vende sua alma aos EUA [...] Ao criar a ilusão de agressão iminente e de invasão por alguma força invisível, Washington e Londres querem conduzir o país por essa direção perigosa. A única coisa surpreendente é que Camberra aceita essas ilusões e esse belicismo", conclui.
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