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Analista: novo Código Penal Militar do Brasil vai 'reordenar a caserna' e 'enfatizar controle civil'

© AP Photo / Eraldo PeresO presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (à direita), joga o cabelo para trás enquanto é saudado por comandantes militares durante uma cerimônia do Dia do Exército, em Brasília. Brasil, 19 de abril de 2023
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (à direita), joga o cabelo para trás enquanto é saudado por comandantes militares durante uma cerimônia do Dia do Exército, em Brasília. Brasil, 19 de abril de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 25.09.2023
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Sancionado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o novo Código Penal Militar é avaliado como um novo marco jurídico para crimes cometidos por membros das Forças Armadas (FA) brasileiras. Um dos pontos mais polêmicos do documento, que dava a militares direito de criticar publicamente decisões do governo, foi vetado por Alckmin.
Entre as principais alterações que o texto traz estão a inclusão na Justiça Comum do julgamento de crimes cometidos por militares das FA, como no caso de crimes sexuais e violência doméstica, e a proibição do uso de meios violentos como forma de disciplinar a tropa, ressaltando o respeito que o comando deve ter com os subalternos.
Para Erika Kubik, cientista política, professora do MBA em estudos estratégicos e relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), o novo CPM "é uma estratégia de enquadramento das Forças sob o aspecto legal e de delimitação da Justiça Militar como uma esfera de Justiça especial no processo e julgamento de infrações militares tão somente, e não um espaço de julgamento por pares".

Revolta de 8 de janeiro influenciou texto

A aprovação do texto final demonstra do governo uma atitude de reestabelecimento do "princípio de autoridade sobre as Forças", apontou Kubik. "Não há dúvidas que não somente o episódio em si, mas tudo o que antecedeu o 8 de Janeiro influenciou o momento de aprovação das alterações legislativas do CPM e os vetos de Alckmin", salientou a pesquisadora em entrevista à Sputnik Brasil.

"No texto que acabou vetado pelo vice-presidente, os militares não seriam punidos se criticassem publicamente o governo, fato que manteria a politização nas Forças Armadas e afetaria a hierarquia e disciplina, a base da instituição."

De acordo com Kubik, essa atualização do Código Penal Militar deveria ter acontecido há muito tempo.
"O Código Penal Militar antigo foi elaborado em 1969, após o AI-5, durante o momento mais violento da ditadura militar de 1964, quando inclusive a pena de morte contra civis foi reestabelecida para dar conta da antiga ideologia da segurança nacional. Portanto essa legislação deveria ter sido substituída há tempos".
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Código tinha outra cara nos governos Temer e Bolsonaro

O novo Código Penal Militar foi desenvolvido durante os governos dos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro, tramitando na Câmara dos Deputados até 2022. O documento contou com participações de militares como o deputado Sergio Peternelli, general contemporâneo de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e com a relatoria de Hamilton Mourão no Senado.
Segundo Kubik, o projeto se deu em um contexto de discussão de "proteção" para militares "em relação à atuação em GLOs [Garantia da Lei e da Ordem], intervenção federal e outras operações vinculadas à segurança pública".

"Hoje, quando observamos aquele período, notamos que representava um momento de ampliação do papel dos militares na segurança pública e na política. O momento atual, contudo, é de conter esse impulso e reordenar a caserna."

Nesse sentido, o vice-presidente Geraldo Alckmin "soube usar o momento de sancionar a lei aprovada pelo Congresso Nacional para enfatizar o controle civil sobre as Forças Armadas", avaliou a pesquisadora.
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