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Trudeau pede desculpas por bater palmas para soldado nazista no Parlamento do Canadá

© AFP 2023 / Sean KilpatrickPresidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky (ao centro, de verde), e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau (à direita, de perfil), na cerimônia no Parlamento do Canadá em que um soldado nazista foi ovacionado, em 22 de setembro de 2023
Presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky (ao centro, de verde), e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau (à direita, de perfil), na cerimônia no Parlamento do Canadá em que um soldado nazista foi ovacionado, em 22 de setembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 27.09.2023
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O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, se desculpou pela primeira vez, nesta quarta-feira (27), por participar da homenagem ao soldado nazista Yaroslav Hunka, ocorrida no Parlamento canadense na semana passada. Na ocasião, ele, Vladimir Zelensky e membros do Congresso do país ovacionaram o veterano da SS, força paramilitar de Adolf Hitler.

"Todos nós que estivemos nesta Câmara na sexta-feira [22] lamentamos profundamente ter ficado de pé e aplaudido, embora o tenhamos feito sem saber do contexto", disse Trudeau em um breve comentário a jornalistas.

A fala de Trudeau vem após diversas recusas do primeiro-ministro em se desculpar pelo ato, mesmo após pressões de grupos judaicos e nações ao redor do mundo.
Em seguida, o primeiro-ministro canadense acrescentou que seu gesto, que se tornou um escândalo de repercussão mundial, "foi uma violação horrenda da memória de milhões de pessoas que morreram no Holocausto".
Ainda de acordo com seu comunicado, a celebração do ex-soldado Yaroslav Hunka foi "profundamente, profundamente dolorosa" para o povo judeu, os poloneses e outras minorias étnicas — alguns dos grupos que foram alvo do regime nazista na Segunda Guerra Mundial.
Trudeau também disse que "o Canadá lamenta profundamente" que Vladimir Zelensky tenha sido fotografado aplaudindo efusivamente Hunka. Em sua versão, essa foi uma imagem que foi explorada por supostos "propagandistas russos".
Até o momento o presidente da Ucrânia não se manifestou ou tampouco se desculpou pelos aplausos ao soldado nazista.
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Trudeau, por sua vez, se recusava a admitir o erro, afirmando que ele havia sido de Anthony Rota, presidente da Câmara dos Comuns.
Em meio a negativas para que se retratasse, o primeiro-ministro canadense chegou a imputar a culpa do escândalo internacional a uma suposta "desinformação russa".
O empresário americano Elon Musk rebateu a fala do político canadense na rede social X (antigo Twitter).
"Não quero chocar ninguém, mas há uma possibilidade de que nem tudo seja desinformação russa", escreveu Musk.
Já Anthony Rota renunciou ao cargo ontem (26), após fortes pressões internacionais.
A Organização das Nações Unidas (ONU) rechaçou a homenagem prestada pelos parlamentares canadenses ao veterano nazista. O ato foi mal visto pela comunidade internacional e canadense, com países como Rússia, Polônia e Israel exigindo retratações.
Sediada na região da Galícia, na Ucrânia, a Primeira Divisão Ucraniana foi incorporada à 14ª Divisão de Granadeiros da SS e foi organizada exclusivamente para combater soviéticos. Composta por voluntários, muitos eram admiradores de Stepan Bandera (1909–1959), colaboracionista nazista ucraniano durante a Segunda Guerra Mundial, ou viam os nazistas como aliados úteis para tentar conquistar autonomia ante Moscou. Essa divisão foi acusada de praticar diversos crimes de guerra.
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky (ao centro), com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau (de gravata azul, à direita), reconhece um veterano de guerra canadense-ucraniano após discursar na Câmara dos Comuns, em Ottawa, Canadá, em 22 de setembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 26.09.2023
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Imagens sugerem que Trudeau se reuniu pessoalmente com soldado nazista

Novas imagens obtidas nas redes sociais de uma familiar de Hunka mostram que Trudeau e Zelensky podem ter se encontrado pessoalmente com o veterano da 14ª Divisão de Granadeiros da SS, exército paramilitar do Partido Nazista.
"Dedo [avô] está esperando na sala de recepção por Trudeau e Zelensky", diz a mulher na legenda de uma foto em que Hunka aparece sorrindo.

Após o caso repercutir, o primeiro-ministro afirmou que a celebração do veterano nazista foi "extremamente perturbadora" e "profundamente embaraçosa para o Parlamento do Canadá e, por extensão, para todos os canadenses", mas, até ontem (26), se recusava a admitir o erro.

Ministério das Relações Exteriores russo se pronuncia

O ministério das Relações Exteriores russo classificou a homenagem a Hunka como "a melhor maneira de caracterizar o regime do primeiro-ministro Justin Trudeau, que abraçou a russofobia desenfreada".

"Os colaboradores ucranianos que serviram aos nazis escaparam da responsabilização pelo genocídio nos territórios ocupados da União Soviética e da Europa para receber abrigo no Canadá após a Grande Guerra pela Pátria", disse a pasta, em comunicado divulgado ontem (26).

O texto acrescenta que "não é por acaso que existem monumentos aos líderes do nacionalismo ucraniano no país" e que a esmagadora maioria dos nazistas que receberam asilo, como Yaroslav Hunka, "estão vivendo os seus dias em segurança, honrados e cuidados como combatentes do comunismo russo".

"Por mais que certos membros do Parlamento canadense tentem pedir desculpa retrospectivamente depois de receberem uma tempestade de indignação da comunidade judaica e até mesmo do aliado de Ottawa, a Polônia, o fato é que a ideologia ultraliberal propagada no Canadá e permeada de ódio pela Rússia, a sua cultura, valores religiosos e tradicionais, têm essencialmente as mesmas raízes do nazismo", prossegue o documento. "Esperamos que forças saudáveis ​​na sociedade canadense se pronunciem contra a nazificação da história e da vida cotidiana, encorajadas pelas autoridades do país, juntamente com a russofobia desenfreada."

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