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Especialista: sindicato propôs 'tarifa zero' em vez de greve em SP; ideia não era pressionar cidadão
Especialista: sindicato propôs 'tarifa zero' em vez de greve em SP; ideia não era pressionar cidadão
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Com quase todas as linhas de trem e metrô paralisadas durante toda esta terça-feira (3), São Paulo viveu uma greve histórica que deu um nó no trânsito e causou... 03.10.2023, Sputnik Brasil
2023-10-03T20:16-0300
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Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista — que foi diretor da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), do Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV) e secretário interino de Obras e Serviços de São Paulo — destacou que os sindicatos chegaram a propor ao governo paulista que a paralisação fosse substituída por um dia de "tarifa zero", pelo menos no metrô. As entidades representam trabalhadores da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).A resposta do governo, pontua o professor, foi absurda ao dizer que a "população não está capacitada" para usar um transporte público gratuito."Houve tarifa zero [nos ônibus] no domingo em São Paulo, devido as eleições dos conselhos tutelares, e isso nem foi manchete na mídia, porque nada de estranho aconteceu. O que o governador disse é um insulto às pessoas, insinuando que elas não são capazes de gerenciar seu próprio dinheiro."O principal objetivo da greve é evitar a desestatização, tanto do transporte público quanto do serviço de abastecimento de água. Para o especialista, a operação privada requer uma tarifa que remunere o capital dos investidores, o que "inevitavelmente" aumentará custos para os usuários.Do outro lado, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) usou a privatização como uma das suas plataformas eleitorais para vencer o pleito. Conforme Freitas, a população será consultada, e o processo para a CPTM, o Metrô e a Sabesp ainda está em fase de estudos.Greve ilegal e abusivaEm postagem nas redes sociais, Tarcísio considerou o movimento ilegal e abusivo por não ter cumprido a escala definida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) — circulação de 100% dos trens nos horários de pico (das 06h00 às 09h00 e das 16h00 às 19h00) e de 80% nos demais períodos."É lamentável que a população de São Paulo acorde mais uma vez refém de sindicatos que manobram os trabalhadores do transporte público estritamente por interesses políticos e ideológicos", disse ele.Segundo o professor Mauro Zilbovicius, a paralisação dos trabalhadores faz parte do "jogo democrático".Só o metrô, que tem quase 105 km de extensão e é um dos maiores da América Latina, recebe cerca de 3,7 milhões de pessoas por dia. Já nos trens, dados da CPTM apontam 1,9 milhão de pessoas transportadas diariamente.Ampliação do transporte por ônibus não resolveu problemaUma das estratégias do poder público para minimizar o impacto da paralisação em São Paulo foi ampliar o quadro e o horário dos ônibus. No entanto, o diretor do FGV Transportes, Marcus Quintella, afirmou à Sputnik Brasil que a medida ficou longe de resolver o problema.Com relação à desestatização do sistema de trens e metrô, o especialista traz como ponto positivo a busca pela eficiência e eficácia que o ente privado supostamente se propõe, além de mais facilidade para movimentar o dinheiro para investimento e contratação.Ainda não há uma definição sobre os rumos do movimento. Procurado, o governo de São Paulo não se pronunciou sobre a questão da tarifa zero até a publicação desta matéria.
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Especialista: sindicato propôs 'tarifa zero' em vez de greve em SP; ideia não era pressionar cidadão
20:16 03.10.2023 (atualizado: 13:04 23.10.2023) Especiais
Com quase todas as linhas de trem e metrô paralisadas durante toda esta terça-feira (3), São Paulo viveu uma greve histórica que deu um nó no trânsito e causou quase 600 km de lentidão. Porém, segundo o engenheiro Mauro Zilbovicius, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), todo esse problema poderia ter sido evitado.
Em entrevista à
Sputnik Brasil, o especialista — que foi diretor da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), do Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV) e secretário interino de Obras e Serviços de São Paulo — destacou que os
sindicatos chegaram a propor ao governo paulista que
a paralisação fosse substituída por um dia de "tarifa zero", pelo menos no metrô. As entidades representam trabalhadores da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
"É importante ressaltar que, de maneira bastante correta, pelo menos o sindicato dos metroviários propôs a catraca livre ou a tarifa zero. Na verdade, a questão não era pressionar os cidadãos, mas sim a arrecadação, algo que interfere no governo e nas empresas", disse.
A resposta do governo, pontua o professor, foi absurda ao dizer que a "população não está capacitada" para usar um transporte público gratuito.
"Houve tarifa zero [nos ônibus] no domingo em São Paulo, devido as eleições dos conselhos tutelares, e isso nem foi manchete na mídia, porque nada de estranho aconteceu. O que o governador disse é um insulto às pessoas, insinuando que elas não são capazes de gerenciar seu próprio dinheiro."
O principal objetivo da greve é evitar a desestatização, tanto do transporte público quanto do serviço de abastecimento de água. Para o especialista, a operação privada requer uma tarifa que remunere o capital dos investidores, o que "inevitavelmente" aumentará custos para os usuários.
"A ideia de que a privatização resultará em mais investimentos e tarifas mais baixas é enganosa, tanto pelo governador quanto por quem a defende […]. Também é absurdo pensar que o serviço público dependa do lucro e da distribuição de dividendos para acionistas privados", frisa.
Do outro lado, o
governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) usou
a privatização como uma das suas plataformas eleitorais para vencer o pleito. Conforme Freitas, a população será consultada, e o processo para a CPTM, o Metrô e a Sabesp ainda está em fase de estudos.
Em
postagem nas redes sociais, Tarcísio considerou o movimento ilegal e abusivo por não ter cumprido a escala definida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) —
circulação de 100% dos trens nos horários de pico (das 06h00 às 09h00 e das 16h00 às 19h00) e de 80% nos demais períodos.
"É lamentável que a população de São Paulo acorde mais uma vez refém de sindicatos que manobram os trabalhadores do transporte público estritamente por interesses políticos e ideológicos", disse ele.
Segundo o professor Mauro Zilbovicius, a paralisação dos trabalhadores faz parte do "jogo democrático".
"É pressionar o governo a partir do transtorno [no transporte público], e a população infelizmente sofre com isso", argumenta.
Só o metrô, que tem quase 105 km de extensão e é um dos maiores da América Latina, recebe cerca de 3,7 milhões de pessoas por dia. Já nos trens, dados da CPTM apontam 1,9 milhão de pessoas transportadas diariamente.
Ampliação do transporte por ônibus não resolveu problema
Uma das estratégias do poder público para
minimizar o impacto da paralisação em São Paulo foi ampliar o quadro e o horário dos ônibus. No entanto, o diretor do FGV Transportes, Marcus Quintella, afirmou à
Sputnik Brasil que a medida ficou longe de resolver o problema.
"Então, é uma questão realmente que precisa ser resolvida ao fim da greve, porque a substituição de um transporte de massa é muito difícil."
Com relação à desestatização do sistema de trens e metrô, o especialista traz como ponto positivo a busca pela eficiência e eficácia que o ente privado supostamente se propõe, além de mais facilidade para movimentar o dinheiro para investimento e contratação.
Ainda não há uma definição sobre os rumos do movimento. Procurado, o governo de São Paulo não se pronunciou sobre a questão da tarifa zero até a publicação desta matéria.