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EUA advertem Peru sobre atuação da China em portos e Lima responde: 'Relações baseadas na soberania'

© AFP 2023 / Ernesto BenavidesEntrada das obras na área onde a empresa chinesa Cosco Shipping está construindo um porto em Chancay, cerca de 80 km ao norte de Lima, em 22 de agosto de 2023
Entrada das obras na área onde a empresa chinesa Cosco Shipping está construindo um porto em Chancay, cerca de 80 km ao norte de Lima, em 22 de agosto de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 04.10.2023
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Washington expressou preocupação ao Peru pelo fato de a China estar a ganhar controle sobre partes críticas da infraestrutura do país sul-americano, incluindo o fornecimento de eletricidade à capital Lima e um novo megaporto na costa do Pacífico.
O governo norte-americano analisou que as empresas chinesas têm adquirido ativos energéticos, mineiros e portuários em toda a América Latina nos últimos anos, mas o aumento dos investimentos de Pequim no Peru, junto à sua posição estratégica, têm causado especial preocupação em Washington.

"Nas grandes questões geoestratégicas, o governo peruano não está suficientemente focado na análise dos benefícios e ameaças para o país. A questão principal é essa [...]: o capital chinês adquiriu empresas de eletricidade, mineração e outras. Geopoliticamente falando, as preocupações são justificadas", disse uma fonte responsável pelo assunto sob condição de anonimato ao The Financial Times.

Em abril, a empresa italiana de energia Enel anunciou que estava vendendo seu negócio de eletricidade peruano à China Southern Power Grid International por US$ 2,9 bilhões (R$ 14,9 bilhões). A Enel é responsável pela eletricidade da parte norte da capital peruana.
O restante do fornecimento de eletricidade de Lima foi vendido para outra empresa chinesa, a Three Gorges Corporation, em 2020. A Three Gorges também possui Chaglla, uma das maiores hidrelétricas do Peru.
Nuvens sobre a Casa Branca, em Washington, D.C., EUA - Sputnik Brasil, 1920, 03.06.2023
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Além disso, a empresa estatal chinesa de transporte e logística Cosco está construindo um megaporto de águas profundas em Chancay, a 70 quilômetros de Lima. O porto será capaz de atracar alguns dos maiores navios de carga do mundo e deslocar o tráfego marítimo do Chile, Equador e portos do Pacífico da Colômbia.
A fase inicial do projeto, que deverá custar US$ 3,6 bilhões (R$ 18,5 bilhões), deverá ser inaugurada no final do próximo ano, quando o presidente Xi Jinping visitar o Peru para a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).
Entretanto, o ministro dos Transportes peruano, Raúl Pérez-Reyes, disse à mídia que a sua nação "é um país soberano e estabelece as suas relações internacionais nessa base".
Observando que os maiores parceiros comerciais do Peru são Washington e Pequim, Pérez-Reyes acrescentou que "são bem-vindos investimentos que respeitem a nossa soberania e estejam de acordo com as mudanças que precisamos para minimizar as mudanças climáticas, acelerar o processo de transformação digital e reduzir a desigualdade", relata o jornal britânico.
O embaixador da China no Peru, Song Yang, promoveu o projeto do megaporto, dizendo recentemente que "a China está apostando que Chancay se tornará a Xangai do Peru".
© AFP 2023 / Ernesto BenavidesVista aérea mostrando as obras na área onde a empresa chinesa Cosco Shipping está construindo um porto em Chancay, cerca de 80 km ao norte de Lima, em 22 de agosto de 2023
Vista aérea mostrando as obras na área onde a empresa chinesa Cosco Shipping está construindo um porto em Chancay, cerca de 80 km ao norte de Lima, em 22 de agosto de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 04.10.2023
Vista aérea mostrando as obras na área onde a empresa chinesa Cosco Shipping está construindo um porto em Chancay, cerca de 80 km ao norte de Lima, em 22 de agosto de 2023
Contudo, os norte-americanos acreditam que Chancay pode ter utilização dupla: instalações portuárias concebidas principalmente para o tráfego de carga, mas suficientemente grandes para serem utilizadas pela Marinha da China para reabastecer navios de guerra.
Os investidores chineses provocaram a irritação dos EUA ao tentarem, entre 2018 e 2019, arrendar quase metade da costa de El Salvador para um porto e uma série de zonas francas. Washington pressionou o governo salvadorenho a abandonar a ideia, disseram diplomatas familiarizados com o assunto, escreve a mídia.
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