https://noticiabrasil.net.br/20231013/zona-de-paz-no-atlantico-sul-estreitou-relacoes-entre-marinhas-do-brasil-e-de-paises-africanos-30813718.html
Zona de paz no Atlântico Sul estreitou relações entre Marinhas do Brasil e de países africanos
Zona de paz no Atlântico Sul estreitou relações entre Marinhas do Brasil e de países africanos
Sputnik Brasil
Era 1986 quando, sob a liderança do Brasil, nascia um tratado de cooperação inédito para evitar a proliferação de armas nucleares e reduzir a presença militar... 13.10.2023, Sputnik Brasil
2023-10-13T16:13-0300
2023-10-13T16:13-0300
2023-10-13T17:56-0300
notícias do brasil
marinha do brasil
fragatas
navios de guerra
navios
áfrica
guiné
golfo da guiné
angola
namíbia
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e7/0a/0d/30813538_0:320:3072:2048_1920x0_80_0_0_9a4cf34d4b4f6733f3a16b8ddccac456.jpg
O capitão de mar e guerra da reserva da Marinha e mestre em ciências navais Francisco Eduardo Neves Novellino ressaltou à Sputnik Brasil as conquistas trazidas pelo tratado nas últimas décadas. Segundo Novellino, a atuação da Zopacas voltou com força total após a pandemia, depois de um período sem muitas atividades. Como exemplo, ele cita o último exercício anual realizado com a Guiné, que também envolveu a Costa do Marfim, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Camarões e Nigéria. Além do Brasil e de países africanos, o tratado conta com a participação da Argentina e do Uruguai.Todas as ações, pontua Novellino, sempre são realizadas em conjunto com o Itamaraty.Para o especialista em poder naval, o Brasil precisa olhar cada vez mais o Atlântico Sul como uma bacia de seu interesse, intensificando ainda mais a sua atuação. Apesar disso, o capitão da reserva pontua que o Brasil já tem uma atuação forte com a Marinha de países do continente africano. Como exemplo, Novellino citou a participação ativa na Namíbia, quando o Brasil foi contratado na década de 1990 para ajudar a formar a força naval do território. "Na época eles não tinham a Marinha. Hoje possuem comandante, almirante, chefe de Estado Maior, de operações navais. Mas o que o Brasil fez? Pegamos uma corveta antiga e doamos para eles. Os oficiais vieram aqui, foram treinados", diz.Segundo ele, muitos podem questionar o motivo de doar esses bens e não vender, mas o especialista conta que há toda uma estratégia militar. "Os Estados Unidos também nos deram vários navios, a preço de banana. A França também, na década de 1990, com um navio-aeródromo. Ninguém é bonzinho. Quando você entrega um sistema a uma força armada de outro país, ele fica dependente de você em termos de adestramento, logística, uma série de coisas. Você cria um vínculo, e isso é muito bom. E para a gente não custa nada", enfatiza.Formação de militares da MarinhaPara além da cooperação tecnológica e estratégica, o Brasil apoia a formação de almirantes e oficiais da Marinha dos países africanos. "Atualmente mesmo, o Brasil hospeda um oficial de Camarões e outro da Namíbia, que provavelmente serão os futuros comandantes", acrescenta. Tudo isso também ajuda, segundo o especialista, na segurança de todo o Atlântico Sul contra a atuação de piratas e do tráfico, trabalho que também é realizado pelas Marinhas dos Estados Unidos e da França.Marinha é um 'Itamaraty flutuante'Já o comandante Robinson Farinazzo, oficial da reserva da Marinha e apresentador do canal Arte da Guerra, lembra que a instituição brasileira é vista como um "Itamaraty flutuante" por ampliar as boas relações do Brasil com países amigos, tanto na África quanto em outros continentes. O especialista ainda ressalta a atuação das forças de paz do Brasil na região, como na Missão da Organização das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (Monusco).Conforme Farinazzo, a troca de conhecimento entre as instituições também é valiosa, já que permite adquirir novas estratégias e aprimoramento profissional. "Por exemplo, o militar de uma Marinha africana que está acostumado a operar em sua região traz um conhecimento especializado das condições locais e dos procedimentos de navegação", diz. Tudo isso ainda foi mais intensificado desde a criação da Zopacas, zona que cobra mais de 20% da superfície terrestre e tem participação de 24 países, concluiu o especialista.
https://noticiabrasil.net.br/20231002/marinha-do-brasil-revela-a-sputnik-objetivos-da-visita-ao-golfo-da-guine-30610427.html
guiné
golfo da guiné
angola
namíbia
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2023
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e7/0a/0d/30813538_341:0:3072:2048_1920x0_80_0_0_3db44b7f24ec145b4009c1ae0d3a1e1a.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
marinha do brasil, fragatas, navios de guerra, navios, áfrica, guiné, golfo da guiné, angola, namíbia, forças armadas do brasil, força naval, américa do sul, américa latina, américas, exclusiva
marinha do brasil, fragatas, navios de guerra, navios, áfrica, guiné, golfo da guiné, angola, namíbia, forças armadas do brasil, força naval, américa do sul, américa latina, américas, exclusiva
Zona de paz no Atlântico Sul estreitou relações entre Marinhas do Brasil e de países africanos
16:13 13.10.2023 (atualizado: 17:56 13.10.2023) Especiais
Era 1986 quando, sob a liderança do Brasil, nascia um tratado de cooperação inédito para evitar a proliferação de armas nucleares e reduzir a presença militar de outros países na porção sul do Atlântico. Passados 37 anos, a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) ajudou a estreitar a cooperação brasileira com países da costa africana.
O capitão de mar e guerra da
reserva da Marinha e mestre em ciências navais Francisco Eduardo Neves Novellino ressaltou à
Sputnik Brasil as conquistas trazidas pelo tratado nas últimas décadas.
Segundo Novellino, a atuação da Zopacas voltou com força total após a pandemia, depois de um período sem muitas atividades.
Como exemplo, ele cita o último exercício anual realizado com a Guiné, que também envolveu a Costa do Marfim, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Camarões e Nigéria. Além do Brasil e de países africanos, o tratado conta com a participação da Argentina e do Uruguai.
"Nesses exercícios tudo é simulado, como o inimigo ou uma emergência. Já as operações podem envolver exercícios simulados ou não. Podemos fazer uma vistoria, vamos em grupo-tarefa e inspecionamos um navio. A Marinha do Brasil, nessa cooperação, também realiza missões navais, mantém diversas formas de interação com outras forças navais", explica.
Todas as ações, pontua Novellino, sempre são realizadas em conjunto com o Itamaraty.
Para o especialista em poder naval, o Brasil precisa olhar cada vez mais o Atlântico Sul como uma bacia de seu interesse, intensificando ainda mais a sua atuação.
"É como os Estados Unidos olham para o Atlântico Norte. Não é à toa que é o maior líder da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. Não pretendemos criar uma nova [entidade], isso não é necessário, mas precisamos fortalecer a Zopacas. O nosso problema e da África, antes de serem políticos e militares, são econômicos. Precisamos desenvolver essa região", ressalta.
Apesar disso, o capitão da reserva pontua que o
Brasil já tem uma atuação forte com a Marinha de países do continente africano. Como exemplo, Novellino citou a
participação ativa na Namíbia, quando o Brasil foi contratado na década de 1990 para ajudar a formar a força naval do território. "Na época eles não tinham a Marinha. Hoje possuem comandante, almirante, chefe de Estado Maior, de operações navais. Mas o que o Brasil fez? Pegamos uma corveta antiga e doamos para eles. Os oficiais vieram aqui, foram treinados", diz.
Segundo ele, muitos podem questionar o motivo de doar esses bens e não vender, mas o especialista conta que há toda uma estratégia militar. "Os Estados Unidos também nos deram vários navios, a preço de banana. A França também, na década de 1990, com um navio-aeródromo. Ninguém é bonzinho. Quando você entrega um sistema a uma força armada de outro país, ele fica dependente de você em termos de adestramento, logística, uma série de coisas. Você cria um vínculo, e isso é muito bom. E para a gente não custa nada", enfatiza.
Formação de militares da Marinha
Para além da
cooperação tecnológica e estratégica, o Brasil apoia a formação de almirantes e oficiais da Marinha dos países africanos. "Atualmente mesmo, o Brasil hospeda um oficial de Camarões e outro da Namíbia, que provavelmente serão os futuros comandantes", acrescenta.
Tudo isso também ajuda, segundo o especialista, na segurança de todo o Atlântico Sul contra a atuação de piratas e do tráfico, trabalho que também é realizado pelas Marinhas dos Estados Unidos e da França.
"O Brasil tem uma tradição diferenciada até dentro da América do Sul nessa questão de estabilidade de instituições. Apesar de toda a história republicana ter várias intervenções militares, não é o DNA dos nossos oficiais. Nós sempre temos essa visão de promover, através da água, a boa vizinhança. A visão da Marinha é muito profissional. Creio que esses oficiais que foram formados aqui adquirem essa visão profissional de atuação e emprego do poder naval sem se preocupar muito com a questão política", completa.
Marinha é um 'Itamaraty flutuante'
Já o comandante Robinson Farinazzo, oficial da reserva da Marinha e apresentador do
canal Arte da Guerra, lembra que a
instituição brasileira é vista como um "Itamaraty flutuante" por ampliar as boas relações do Brasil com países amigos, tanto na África quanto em outros continentes.
O especialista ainda ressalta a
atuação das forças de paz do Brasil na região, como na Missão da Organização das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (Monusco).
"Em relação à África, é importante destacar que o continente tem um enorme potencial econômico. Já possui uma população na casa dos bilhões e é uma região rica em recursos naturais, oferecendo um mercado consumidor relevante para as exportações brasileiras. Além disso, a proximidade geográfica torna a África um destino natural para os nossos negócios e interesses comerciais. Compartilhamos preocupações sobre a segurança no Atlântico e atuamos no combate à pirataria e outras ameaças", argumenta.
Conforme Farinazzo, a troca de conhecimento entre as instituições também é valiosa, já que permite adquirir novas estratégias e aprimoramento profissional. "Por exemplo, o militar de uma Marinha africana que está acostumado a operar em sua região traz um conhecimento especializado das condições locais e dos procedimentos de navegação", diz.
Tudo isso ainda foi mais intensificado desde a criação da Zopacas, zona que cobra mais de 20% da superfície terrestre e tem participação de 24 países, concluiu o especialista.