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Além do Oriente: Brasil está pronto para possível baque econômico da guerra em Gaza?
Além do Oriente: Brasil está pronto para possível baque econômico da guerra em Gaza?
Sputnik Brasil
A economia global observa atenta os atores que podem se envolver militarmente, o que alteraria de maneira drástica o fluxo econômico entre muitos países. Se... 27.10.2023, Sputnik Brasil
2023-10-27T14:18-0300
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No início do confronto entre Israel e Hamas, no dia 7 de outubro, os olhos do mundo também se voltaram para a matéria-prima mais afetada durante as guerras: o petróleo. O preço do barril de petróleo do tipo brent, usado como referência global, aumentou 5,22% e chegou a US$ 89 [R$ 458] no início deste mês. Hoje (27), o barril custa o mesmo valor. O preço engloba diversos fatores: reação e envolvimento internacional na guerra, preparação política dos países e capacidade de mediação dos produtores.Dentro do panorama de produção, tanto Israel quanto a Palestina não são produtores de óleo, mas nações como a Arábia Saudita e o Irã — que cada vez mais caminham para o rumo de intervenção armada no conflito — podem afetar o mercado, fazendo uso do petróleo como uma forma de pressionar os participantes do conflito.No que isso afeta o Brasil? Há possibilidade de crise? Em conversa com a Sputnik Brasil, a professora e coordenadora do departamento de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Juliana Inhasz, observa o cenário com cautela, assinalando que não há motivo para pânico.A política brasileira já vinha debatendo a questão do preço da matéria-prima e como isso afetava o cenário nacional, estipulando uma nova política de preços. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em declaração pública, pontuou que a nova política considera os gastos da empresa com o uso de moeda nacional, "passando no teste", e defendeu o recente reajuste no preço da gasolina, dizendo que "passou no teste".Desde 2017, a estatal utilizava os preços de paridade de importação (PPI), que se baseia em valores dolarizados de empresas que exportam combustíveis ao Brasil.Agora, o preço dos combustíveis é calculado principalmente observando o local de produção e o destino, entre milhares de outras variáveis, dentre as quais constam também o PPI. Para o presidente da Petrobras, o modelo foi resgatado por tornar mais justo o preço ao consumidor final.O maior efeito da guerra deve ser, portanto, sobre o diesel, mas a nova política de preços pode ajudar a conter uma possível crise, já que se baseia longe da "paridade internacional", como reafirmou o presidente.Conflitos militares anteriores geram insegurança para o futuroA preocupação da possibilidade de expansão da guerra é importante. Durante a Guerra dos Seis Dias (1967) ou a Guerra do Yom Kippur (1973), por exemplo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) se uniu contra o apoio americano e europeu a Israel, e seus membros impuseram corte na produção e no embargo às exportações, elevando os preços do petróleo a recordes para aquela época.Porém, o contexto atual é diferente, o que gera menos preocupações. À época, o Brasil importava cerca de 90% de seu consumo de petróleo, o que não acontece hoje, visto que o país exporta mais petróleo do que importa, com o petróleo sendo a segunda maior fonte de ingresso de receitas do exterior para o Brasil, ficando atrás apenas da soja.Em conversa com a Sputnik Brasil, o coordenador do curso de ciência política da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Thales Castro, pontuou que a política econômica depende crucialmente da definição da posição pública tomada pelo Brasil, visto que o mundo se mostra cada vez mais "hiperpolarizado, causando inflamação para todos os lados".Expansão do BRICS+ e desejo de paz acalmam o cenário brasileiroPara os especialistas, a maior preocupação em relação ao conflito é se a escalada de violência irá se manter restrita aos territórios de Israel e dos palestinos (Faixa de Gaza e Cisjordânia) e se o Irã — que tem papel fundamental na gestão no transporte do petróleo pelo Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 30% do produto consumido no mundo — se envolverá militarmente.No caso do BRICS+, o cenário é de maior margem de manobra, visto que, dada a sua importância para a gestão da economia mundial, fica difícil criar animosidades internacionais que consequentemente afetam a economia.Para Castro, a "economia interna brasileira deverá buscar meios de não ser impactada de forma extrema, coisa que pode acontecer com qualquer país", visto que o BRICS+ "ainda não está muito coeso", mas se aproxima fortemente, em especial "a Rússia e a China, que compõem um eixo de cooperação e fraternidade, como visto na Cúpula da Rota da Seda".As eleições dos EUA podem afetar o cenário internacional também, principalmente pela possibilidade de sanções e pressões organizadas por países que observam os EUA como um adversário econômico direto.O presidente Joe Biden enfrenta, com a ajuda contínua do país a Israel, o maior déficit orçamentário fiscal do governo dos Estados Unidos, que cresceu em US$ 320 bilhões (R$ 1,6 trilhão), um aumento de 23%, atingindo o montante de US$ 1,7 trilhão (cerca de R$ 8,6 trilhões) em 2023.A elevação do barril de petróleo, por exemplo, traria danos à economia norte-americana, aumentando a inflação, o preço do combustível, a taxa de juros e a baixa do crescimento da economia interna. Ao Brasil, esse cenário não se aplica, visto que mantém boas relações tanto com a Rússia quanto com a China. Do período de janeiro a agosto deste ano, por exemplo, 74% do diesel importado pelo Brasil veio da Rússia, com descontos significativos.A produção de petróleo brasileiro, que bateu recorde em cerca de 4,3 milhões de barris por dia em 2023, deverá ultrapassar a marca dos 5 milhões na próxima década, segundo estimativas. De acordo com o presidente da Petrobras, a gasolina e o diesel podem ser afetados no Brasil, pois o país depende da importações dos dois derivados.Um preço de petróleo mais alto no mercado internacional, portanto, pode elevar a inflação no Brasil, mesmo não sendo a preocupação principal — ainda se considerado o preço do barril, que se mantém estável e, dentro das estimativas esquematizadas pelo governo, ainda não variou muito.Segundo a professora Juliana Inhasz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não tem margem de manobra o suficiente para ousar" nas negociações de paz e nos posicionamentos internacionais, pois isso afeta a política interna.Ainda segundo Prates, o Brasil agora precisa esperar, visto que "não tem que fazer muito mais do que a gente já está fazendo". Para isso, segundo a autoridade, é necessário "ter a habilidade de ir acompanhando os preços, principalmente do diesel, e ir se organizando de acordo com isso", pois "se tiver que haver ajuste, a gente vai fazer ajuste", completou.
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rússia, china, irã, arábia saudita, petróleo, petróleo, organização do países exportadores de petróleo, produção de petróleo, derivados do petróleo, opep, luiz inácio lula da silva, israel, gaza, faixa de gaza, palestina, joe biden, petrobras, jean paul prates, diesel, diesel, preço do diesel, crise, inflação, guerra do yom kippur, guerra dos seis dias, guerra dos seis dias, brics, exclusiva
No início do confronto entre Israel e Hamas, no dia 7 de outubro, os olhos do mundo também se voltaram para a matéria-prima mais afetada durante as guerras: o petróleo. O preço do barril de petróleo do tipo brent, usado como referência global, aumentou 5,22% e chegou a US$ 89 [R$ 458] no início deste mês. Hoje (27), o barril custa o mesmo valor. O preço engloba diversos fatores: reação e envolvimento internacional na guerra, preparação política dos países e capacidade de mediação dos produtores.
Dentro do panorama de produção, tanto Israel quanto a Palestina
não são produtores de óleo, mas nações como a Arábia Saudita e o Irã — que cada vez mais caminham para o rumo de intervenção armada no conflito —
podem afetar o mercado, fazendo uso do petróleo como uma forma de pressionar os participantes do conflito.
No que isso afeta o Brasil?
Há possibilidade de crise? Em conversa com a Sputnik Brasil, a professora e coordenadora do departamento de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper),
Juliana Inhasz, observa o cenário com cautela, assinalando que não há motivo para pânico.
"Não acho que exista hoje uma desestabilização financeira internacional em curso. O conflito ainda é muito recente. Eu acho que o Brasil, na verdade, está olhando o hoje e está entendendo que ele não pode fazer sanções, pelo menos. Porque se ele fizer sanções, […] prejudica um cenário econômico que já não é favorável", explica Inhasz.
A política brasileira já vinha debatendo a questão do preço da matéria-prima e como isso afetava o cenário nacional, estipulando
uma nova política de preços. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em declaração pública, pontuou que a
nova política considera os gastos da empresa com o
uso de moeda nacional, "passando no teste", e defendeu o recente reajuste no preço da gasolina, dizendo que "passou no teste".
Desde 2017, a estatal utilizava os preços de paridade de importação (PPI), que se baseia em valores dolarizados de empresas que exportam combustíveis ao Brasil.
Agora, o preço dos combustíveis é calculado principalmente observando o local de produção e o destino, entre milhares de outras variáveis, dentre as quais constam também o PPI. Para o presidente da Petrobras, o modelo foi resgatado por tornar mais justo o preço ao consumidor final.
"[O modelo] envolve 40 mil equações diferentes, com programação linear. Onde o cliente estiver é possível […] fazer a simulação de qual o melhor modal, o melhor óleo pra colocar na refinaria mais próxima. A Petrobras tem esse modelo desenvolvido há décadas e é para ser usado", concluiu Prates.
O maior efeito da guerra deve ser, portanto, sobre o diesel, mas a nova política de preços pode ajudar a conter uma possível crise, já que se baseia longe da "paridade internacional", como reafirmou o presidente.
Conflitos militares anteriores geram insegurança para o futuro
A preocupação da
possibilidade de expansão da guerra é importante. Durante a Guerra dos Seis Dias (1967) ou a Guerra do Yom Kippur (1973), por exemplo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
se uniu contra o apoio americano e europeu a Israel, e seus membros impuseram corte na produção e no embargo às exportações, elevando os preços do petróleo a recordes para aquela época.
26 de outubro 2023, 11:58
Porém, o contexto atual é diferente, o que gera menos preocupações. À época, o Brasil importava cerca de 90% de seu consumo de petróleo, o que não acontece hoje, visto que o país exporta mais petróleo do que importa, com o petróleo sendo a segunda maior fonte de ingresso de receitas do exterior para o Brasil, ficando atrás apenas da soja.
Em conversa com a Sputnik Brasil, o coordenador do curso de ciência política da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap),
Thales Castro, pontuou que a política econômica depende crucialmente da
definição da posição pública tomada pelo Brasil, visto que o mundo se mostra cada vez mais "hiperpolarizado, causando inflamação para todos os lados".
"Toda mediação de paz […] tem substancialmente o duplo significado: o político diplomático e o simbólico. Quando o Brasil busca uma mediação, ele está, de fato, dando a sinalização de sua orientação de política externa. E eu não vejo particularmente um contexto específico de crise no campo econômico não", completa Castro.
Expansão do BRICS+ e desejo de paz acalmam o cenário brasileiro
Para os especialistas, a maior preocupação em relação ao conflito é se a escalada de violência irá se manter restrita aos territórios de Israel e dos palestinos (Faixa de Gaza e Cisjordânia) e se o Irã — que tem papel fundamental na gestão no transporte do petróleo pelo Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 30% do produto consumido no mundo — se envolverá militarmente.
No caso do BRICS+, o cenário é de
maior margem de manobra, visto que, dada a sua importância para a gestão da economia mundial,
fica difícil criar animosidades internacionais que consequentemente afetam a economia.
"No caso [da China], por exemplo, é muito difícil fazer o que os Estados Unidos fizeram: a tentativa de criar espaços e animosidades para que outros países cortassem relações com a China. Hoje, todo mundo depende da China", completa Inhasz.
Para Castro, a "economia interna brasileira deverá buscar meios de não ser impactada de forma extrema, coisa que pode acontecer com qualquer país", visto que o BRICS+ "ainda não está muito coeso", mas
se aproxima fortemente, em especial "a Rússia e a China, que compõem um
eixo de cooperação e fraternidade, como visto na Cúpula da Rota da Seda".
16 de outubro 2023, 19:12
As eleições dos EUA podem
afetar o cenário internacional também, principalmente pela possibilidade de sanções e pressões organizadas por países que observam os EUA como um adversário econômico direto.
O presidente Joe Biden enfrenta, com a ajuda contínua do país a Israel, o maior
déficit orçamentário fiscal do governo dos Estados Unidos, que
cresceu em US$ 320 bilhões (R$ 1,6 trilhão), um aumento de 23%, atingindo o montante de US$ 1,7 trilhão (cerca de R$ 8,6 trilhões) em 2023.
27 de outubro 2023, 01:17
A elevação do barril de petróleo, por exemplo, traria danos à economia norte-americana,
aumentando a inflação, o preço do combustível, a taxa de juros e a baixa do crescimento da economia interna. Ao Brasil,
esse cenário não se aplica, visto que mantém boas relações tanto com a Rússia quanto com a China. Do período de janeiro a agosto deste ano, por exemplo,
74% do diesel importado pelo Brasil veio da Rússia, com descontos significativos.
A produção de petróleo brasileiro, que bateu recorde em cerca de
4,3 milhões de barris por dia em 2023, deverá ultrapassar a marca dos
5 milhões na próxima década, segundo estimativas. De acordo com o presidente da Petrobras, a gasolina e o diesel podem ser afetados no Brasil, pois o país depende da
importações dos dois derivados.
15 de setembro 2023, 08:36
Um preço de petróleo mais alto no mercado internacional, portanto,
pode elevar a inflação no Brasil, mesmo não sendo a preocupação principal — ainda se considerado o preço do barril, que se mantém estável e, dentro das
estimativas esquematizadas pelo governo, ainda não variou muito.
Segundo a professora Juliana Inhasz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "
não tem margem de manobra o suficiente para ousar" nas negociações de paz e nos posicionamentos internacionais, pois isso afeta a
política interna.
"A gente está numa economia que este ano vai crescer por volta de 3%, muito pelo aumento do gasto do governo, mas que para o ano que vem tem que se virar para conseguir ficar dentro das metas que eles mesmos estabeleceram […]. O governo Lula deveria estar muito atento ao fato de que Lula é uma peça importante para essas negociações de bases de apoio. Se ele sai dessa frente, estamos com um trem sem condutor", explica.
Ainda segundo Prates, o Brasil agora precisa esperar, visto que "não tem que fazer muito mais do que a gente já está fazendo". Para isso, segundo a autoridade, é necessário "ter a habilidade de ir acompanhando os preços, principalmente do diesel, e ir se organizando de acordo com isso", pois "se tiver que haver ajuste, a gente vai fazer ajuste", completou.