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Israel realizou o 1º evento da guerra espacial da história com sistema Arrow? Analista responde
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Interceptação realizada pelo sistema de defesa israelense Arrow foi classificada como primeiro evento de guerra espacial da história pela mídia internacional... 17.11.2023, Sputnik Brasil
2023-11-17T08:51-0300
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No dia 9 de novembro, o Ministério da Defesa de Israel anunciou a primeira interceptação bem-sucedida de um míssil realizada pelo seu sistema de defesa antiaérea mais avançado, o Arrow 3, informou o The Times of Israel. O sistema israelense teria atingido um míssil superfície-superfície, supostamente lançado a partir do Iêmen, na região do mar Vermelho.O evento ocorreu uma semana após o sistema Arrow 2 ter interceptado um míssil balístico de longo alcance, supostamente lançado pela milícia houthi contra alvos em Israel. De acordo com informações públicas, a milícia houthi teria mísseis Toufan, uma versão avançada do míssil iraniano Shahab.O Arrow 2 e o Arrow 3 são sistemas destinados a proteger a camada de longo alcance do sistema de defesa antimísseis de Israel, superior à cobertura dos sistemas Cúpula de Ferro, de alcance de até 40 quilômetros, e o Estilingue de Davi, cujo alcance é de 300 quilômetros.Os sistemas Arrow cobrem um raio de entre 2.000 e 2.500 km de distância e até 100 km de altura, para interceptar mísseis balísticos inimigos antes que atinjam o território de Israel.Apesar das Forças de Defesa de Israel não terem publicado detalhes sobre as interceptações, os incidentes geraram furor na mídia internacional.O jornal francês Le Figaro chegou a sugerir que a interceptação realizada pelo Arrow 2 teria sido realizada fora da atmosfera, no que seria o primeiro evento de guerra espacial da história mundial. A informação foi replicada no Brasil pelo portal R7."Nunca antes o combate ocorreu além do limite de aproximadamente 100 km – chamado de linha de Kármán – que demarca a atmosfera terrestre do espaço," argumentou o jornal francês. "Esta seria a primeira vez na história militar mundial."O coronel da reserva da Força Aérea Brasileira Valle Rosa discorda da afirmação e lembra que a guerra espacial já faz parte do cotidiano militar.No entanto, mesmo que a linha Kármán fosse adotada, o limite de interceptação do sistema Arrow é de 100 km, e, portanto, dentro dos limites do espaço aéreo.Afinal, o que é guerra espacial?A guerra espacial tampouco se resume a interceptação de mísseis na atmosfera. Outras atividades, como o uso de armas antissatélites, guerra eletrônica e armas de energia direta, já são classificadas como guerra no espaço, explicou Valle Rosa.A Rússia, por exemplo, já detém o sistema de mísseis terra-ar S-500, capaz de abater satélites, e desenvolve o sistema A-235 PL-19 Nudol, também destinado a atividades típicas da guerra espacial.Além disso, a guerra eletromagnética também é considerada um instrumento de batalha espacial, já que tem como objetivo neutralizar a comunicação de satélites.Outra atividade clássica da guerra espacial é o uso de instrumentos cibernéticos para atingir os dados gerados pelos satélites. Segundo Valle Rosa, o Irã detém capacidades cibernéticas de guerra espacial, projetados para interferir nos sistemas de satélites israelenses, que são usados regularmente."Por isso, mesmo que o Arrow tivesse, em tese, realizado a interceptação além de 100 km, isso não seria o primeiro evento de guerra espacial da história. A guerra espacial é ampla e já faz parte do cotidiano militar há algum tempo", concluiu o coronel.Arrow na AlemanhaAinda que o sistema Arrow ainda não tenha realizado nenhum feito histórico, ele tem despertado o interesse de países estrangeiros, como a Alemanha.Em junho de 2023, o parlamento alemão aprovou a compra de três baterias do sistema Arrow, a um custo de impressionantes US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões), a maior venda de armamentos da história de Israel."A Alemanha tinha restrições a gastos de defesa, o que estava ligado à divisão do seu território nacional e da sua capital, Berlim, após a Segunda Guerra Mundial", disse o professor de Relações Internacionais da ESPM-SP Demetrius Pereira.No entanto, a política pacifista da Alemanha vem sendo substituída por um empenho em modernizar suas Forças Armadas, com aumento significativo nos seus gastos de defesa.Mas são justamente os recursos financeiros da Alemanha que geraram questionamentos sobre a sua decisão de adquirir o sistema Arrow. De acordo com a Reuters, Paris demostrou insatisfação com a decisão de Berlim de gastar uma soma tão alta em um sistema israelense, ao invés de investir no desenvolvimento de capacidades europeias.Além da Alemanha, mais um país não identificado manifestou interesse em adquirir sistemas de defesa israelenses, a um custo de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões), informou o Defense News. A informação foi obtida do Ministério da Defesa de Israel no dia 9 de novembro – o mesmo dia da primeira interceptação bem sucedida do Arrow 3.Israel já desenvolve o sistema Arrow 4 há cerca de dois anos e meio, em parceria com os EUA, enquanto o sistema Arrow 5 é realizado pela Israel Aerospace Industries, por enquanto sem recursos adicionais do Ministério da Defesa de Israel ou dos EUA, informou o Israel Business News.
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Israel realizou o 1º evento da guerra espacial da história com sistema Arrow? Analista responde
08:51 17.11.2023 (atualizado: 13:28 17.11.2023) Especiais
Interceptação realizada pelo sistema de defesa israelense Arrow foi classificada como primeiro evento de guerra espacial da história pela mídia internacional. Mas será que isso é verdade? Saiba o que é a guerra espacial e como ela é travada dentro e fora da Terra.
No dia 9 de novembro, o Ministério da Defesa de Israel anunciou a
primeira interceptação bem-sucedida de um míssil realizada pelo seu sistema de defesa antiaérea mais avançado, o Arrow 3,
informou o The Times of Israel. O sistema israelense teria atingido um míssil superfície-superfície, supostamente lançado a partir do Iêmen, na região do mar Vermelho.
O evento ocorreu uma semana após o sistema Arrow 2 ter interceptado um míssil balístico de longo alcance, supostamente lançado pela milícia houthi contra alvos em Israel. De acordo com informações públicas, a milícia houthi teria mísseis Toufan, uma versão avançada do míssil iraniano Shahab.
O Arrow 2 e o Arrow 3 são sistemas destinados a proteger a camada de longo alcance do sistema de defesa antimísseis de Israel, superior à cobertura dos sistemas Cúpula de Ferro, de alcance de até 40 quilômetros, e o Estilingue de Davi, cujo alcance é de 300 quilômetros.
"Essas camadas são complementares, se um sistema falha, o outro ainda pode atuar e ampliar a capacidade de defesa", disse o doutor em geografia e coronel da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) Carlos Eduardo Valle Rosa à Sputnik Brasil. "O Arrow foi desenvolvido para lidar com mísseis balísticos de longo alcance em posse de oponentes regionais de Israel, como o Irã."
Os sistemas Arrow cobrem um raio de entre 2.000 e 2.500 km de distância e até 100 km de altura, para
interceptar mísseis balísticos inimigos antes que atinjam o território de Israel.
Apesar das Forças de Defesa de Israel não terem publicado detalhes sobre as interceptações, os incidentes geraram furor na mídia internacional.
O jornal francês Le Figaro chegou a
sugerir que a interceptação realizada pelo Arrow 2 teria sido realizada fora da atmosfera, no que seria o
primeiro evento de guerra espacial da história mundial. A informação
foi replicada no Brasil pelo portal R7.
"Nunca antes o combate ocorreu além do limite de aproximadamente 100 km – chamado de linha de Kármán – que demarca a atmosfera terrestre do espaço," argumentou o jornal francês. "Esta seria a primeira vez na história militar mundial."
O coronel da reserva da Força Aérea Brasileira Valle Rosa discorda da afirmação e lembra que a guerra espacial já faz parte do cotidiano militar.
"Na minha opinião esse argumento de que seria um evento sobre guerra espacial é falacioso", disse Valle Rosa à Sputnik Brasil. "Primeiro, porque não existe um consenso sobre qual o limite entre espaço aéreo e o espaço exterior – a linha Kármán não é um consenso."
No entanto, mesmo que a linha Kármán fosse adotada, o limite de interceptação do sistema Arrow é de 100 km, e, portanto, dentro dos limites do espaço aéreo.
Afinal, o que é guerra espacial?
A guerra espacial tampouco se resume a interceptação de mísseis na atmosfera. Outras atividades, como o uso de armas antissatélites, guerra eletrônica e armas de energia direta, já são classificadas como guerra no espaço, explicou Valle Rosa.
"Uma arma que esteja destinada a atingir ou detonar uma cabeça de guerra em um satélite, ou mesmo próximo dele, assim como uma arma que esteja direcionada à estação terrestre de um satélite, já está engajada em guerra espacial", disse o coronel da reserva.
A Rússia, por exemplo, já detém o sistema de mísseis terra-ar S-500, capaz de abater satélites, e desenvolve o sistema A-235 PL-19 Nudol, também destinado a atividades típicas da guerra espacial.
Além disso, a guerra eletromagnética também é considerada um instrumento de batalha espacial, já que tem como objetivo neutralizar a comunicação de satélites.
"A guerra eletromagnética busca interferir nos sinais que satélites mandam para terra ou vice-versa, portanto tem efeitos no espaço", disse Valle Rosa. "No conflito ucraniano, a Rússia usou sistemas que emitem sinais eletromagnéticos poderosíssimos para interceptar sinais de satélites e impedir que Kiev tivesse acesso a GPS, evitando que seu oponente utilizasse armas ou drones de precisão."
Outra atividade clássica da guerra espacial é o uso de instrumentos cibernéticos para atingir os dados gerados pelos satélites. Segundo Valle Rosa, o Irã detém capacidades cibernéticas de guerra espacial, projetados para interferir nos sistemas de satélites israelenses, que são usados regularmente.
"Por isso, mesmo que o Arrow tivesse, em tese, realizado a interceptação além de 100 km, isso não seria o primeiro evento de guerra espacial da história. A guerra espacial é ampla e já faz parte do cotidiano militar há algum tempo", concluiu o coronel.
Ainda que o sistema Arrow ainda não tenha realizado nenhum feito histórico, ele tem despertado o interesse de países estrangeiros, como a Alemanha.
Em junho de 2023, o
parlamento alemão aprovou a compra de três baterias do sistema Arrow, a um custo de impressionantes US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões), a maior venda de armamentos da história de Israel.
"A Alemanha tinha restrições a gastos de defesa, o que estava ligado à divisão do seu território nacional e da sua capital, Berlim, após a Segunda Guerra Mundial", disse o professor de Relações Internacionais da ESPM-SP Demetrius Pereira.
No entanto, a política pacifista da Alemanha vem sendo substituída por um empenho em modernizar suas Forças Armadas, com aumento significativo nos seus gastos de defesa.
"Como o país mais rico da União Europeia, a Alemanha tem potencial para altos investimentos na área militar", assinalou Pereira. "Mas dificilmente superará o poderio de potências militares, já que renunciou à posse de armas atômicas, quando assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares."
Mas são justamente os recursos financeiros da Alemanha que geraram questionamentos sobre a sua decisão de adquirir o sistema Arrow. De
acordo com a Reuters,
Paris demostrou insatisfação com a decisão de Berlim de gastar uma soma tão alta em um sistema israelense, ao invés de investir no desenvolvimento de capacidades europeias.
Além da Alemanha, mais
um país não identificado manifestou interesse em adquirir sistemas de defesa israelenses, a um custo de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões),
informou o Defense News. A informação foi obtida do Ministério da Defesa de Israel no dia 9 de novembro – o mesmo dia da primeira interceptação bem sucedida do Arrow 3.
Israel já desenvolve o sistema Arrow 4 há cerca de dois anos e meio, em parceria com os EUA, enquanto o sistema Arrow 5 é realizado pela Israel Aerospace Industries, por enquanto sem recursos adicionais do Ministério da Defesa de Israel ou dos EUA,
informou o Israel Business News.