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Zelensky está condenado: líderes ocidentais vão à Ucrânia para testar sua viabilidade, diz analista

© AP Photo / Evan VucciVladimir Zelensky no Salão Oval da Casa Branca, em Washington D.C., onde se reuniu com o presidente americano, Joe Biden. EUA, 21 de setembro de 2023
Vladimir Zelensky no Salão Oval da Casa Branca, em Washington D.C., onde se reuniu com o presidente americano, Joe Biden. EUA, 21 de setembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 21.11.2023
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Os líderes estrangeiros correram para Kiev, começando pelo chefe do Pentágono, Lloyd Austin, e terminando pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. O que está por trás deste desenvolvimento?
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, chegou à capital ucraniana nesta terça-feira (21), assim como Maia Sandu, presidente da Moldávia. Separadamente, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, apanhou o trem para Kiev para se encontrar com o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, em uma visita não anunciada.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, desembarcou na Ucrânia na segunda-feira (20) para revelar um novo pacote de ajuda militar dos EUA no valor de US$ 100 milhões (cerca de R$ 488,9 milhões) para os militares ucranianos. Antes disso, o novo secretário das Relações Exteriores, David Cameron, fez a sua primeira viagem ao país do Leste Europeu na semana passada (16).
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, desembarcou na Ucrânia na segunda-feira (20) para revelar um novo pacote de ajuda militar dos EUA no valor de US$ 100 milhões (cerca de R$ 488,9 milhões) para os militares ucranianos. Antes disso, o novo secretário das Relações Exteriores, David Cameron, fez a sua primeira viagem ao país do Leste Europeu na semana passada (16).
"Em primeiro lugar, não devemos esquecer que hoje toda a humanidade 'progressista' está celebrando o 10º aniversário do Maidan", disse o cientista político Dmitry Evstafiev, professor da Universidade HSE, à Sputnik, com um toque de ironia ao se referir ao golpe de fevereiro de 2014 em Kiev.
"Portanto, todos os principais líderes europeus, em Kiev, defendem, de fato, a política que iniciaram há dez anos para finalmente virar a Ucrânia contra a Rússia. Esta foi uma escolha estratégica muito importante. E esta foi, antes de mais nada, uma escolha europeia, não norte-americana. Os norte-americanos simplesmente sequestraram os processos que os europeus lançaram, sequestraram com sucesso e eficácia de tal forma que a Europa de hoje, embora ainda represente algo geopoliticamente, já não representa nada em termos de geoeconomia."
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Em segundo lugar, se tornou óbvio que o governo de Zelensky está se tornando "catastroficamente tóxico" não só para os Estados Unidos, mas também para a Europa, continuou Evstafiev.
"Para os Estados Unidos, o regime de Zelensky se tornou tóxico já há algum tempo, e foi uma história muito difícil para os americanos, porque se tornou a questão de apoiar, de fato, um nacionalista radical, quase ditatorial naquela altura, e agora um regime abertamente ditatorial, em um dos temas mais importantes da luta política interna nos Estados Unidos", observou o professor.
Segundo Evstafiev, Washington já não esconde o fato de querer transformar um conflito na Ucrânia em uma "grande guerra europeia", usando o desejo do regime de Zelensky de sobreviver de alguma forma no meio da deterioração da situação militar e da diminuição do apoio dos EUA.

As visitas de alto nível ocorreram em um momento em que o Ocidente mudou o foco para o impasse israelo-palestino, o que supostamente frustrou Zelensky. A grande imprensa ocidental também mudou recentemente a sua cobertura do conflito, passando de elogiar a Ucrânia para admitir o fracasso de Kiev em prosseguir com a sua contraofensiva.

Neste contexto, os líderes europeus estão aparentemente tentando descobrir até que ponto o regime de Kiev é viável e se vale a pena continuar apoiando Vladimir Zelensky, disse o especialista.
"E aqui há uma segunda camada nesta questão: os líderes europeus querem compreender se terão uma palavra a dizer no processo de substituição de Zelensky, ou se esta transformação política em Kiev será levada a cabo, como sempre, por duas potências — Londres e Washington. Neste sentido, é claro, a incapacidade total do governo alemão e a ausência virtual de liderança política na Alemanha tornam-se um enorme problema para os europeus. No entanto, os europeus podem tentar aproveitar algumas oportunidades em Kiev e tentar defender a sua posições e seus interesses no processo de mudança de poder na Ucrânia." ​
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O que o Reino Unido deseja?

Segundo Evstafiev, o Reino Unido não pretende preservar a Ucrânia, daí a sua recomendação de mobilizar todos os homens dos 17 aos 70 anos de idade. Londres também não procura preservar a presidência de Zelensky, embora tenha uma influência muito maior sobre Zelensky do que sobre o general Valery Zaluzhny, o principal comandante ucraniano, salientou o professor.
A recente entrevista de Zaluzhny à revista The Economist, uma influente publicação britânica, foi vista por alguns interlocutores da Sputnik como um prenúncio da próxima mudança de regime na Ucrânia. Evstafiev sublinhou que o objetivo de Londres é simples: manter a sua influência sobre Kiev custe o que custar. Portanto, se Zelensky se tornar tóxico, ele poderá ser substituído por uma figura mais popular na opinião deles.

Qual é o objetivo dos EUA?

"A tarefa dos Estados Unidos é muito mais difícil", assumiu o especialista. "Por um lado, é absolutamente crítico para os Estados Unidos e, mais importante, para a administração Biden, entrar na campanha eleitoral, nas primárias, nas primeiras convenções do Partido Democrata, no primeiro debate real do Partido Democrata sem o presidente Zelensky. Isto é absolutamente importante para eles."
O professor explicou que se Zelensky mantiver o cargo até lá, uma aparente ligação entre ele e a família Biden será discutida e utilizada pelos republicanos na luta pelo Salão Oval. A história de corrupção envolvendo os Biden e a Ucrânia seria contundente para o Partido Democrata, mesmo que este substituísse Biden por outro candidato, segundo o acadêmico.
Por outro lado, Washington precisa de um regime antirrusso em Kiev para permanecer no poder na Ucrânia até à votação de novembro nos EUA, observou.
"Por quê? Se entrar em colapso, toda a estratégia eleitoral dos democratas iria por água abaixo. Nesse caso, os democratas se tornariam não apenas perdedores políticos, mas perdedores geopolíticos que permitiram que os Estados Unidos sofressem a maior derrota desde a Guerra do Vietnã. E então as suas probabilidades eleitorais seriam zero. Portanto, esta é a sua tarefa, este é o formato das suas atividades [para manter um regime anti-Rússia na Ucrânia]."
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Políticos ocidentais tentando acalmar o eleitorado

Além disso, o desenrolar da "peregrinação" a Kiev por parte dos pesos pesados ocidentais é uma tentativa de convencer o público de que a sua aventura na Ucrânia não foi um erro, segundo o professor.
"Todos os políticos europeus [...] compreendem perfeitamente que o estado atual de Zelensky não pode merecer muita imagem. Outra questão, é de fundamental importância mostrar a um cidadão europeu e a um eleitor que a escolha que foi feita pela Europa há dez anos — e não foi feito em 2021 ou em 2014, mas em 2013 — que estava correta, e as elites europeias, muito diferentes na sua gênese e orientação política, permanecem todas como uma rocha a favor desta escolha. Mas eu não vejo qualquer oportunidade para qualquer político europeu que apareceu em Kiev — talvez com exceção de Maia Sandu — ganhar pontos políticos na sua visita a Kiev", concluiu Evstafiev.
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