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O que está por trás do poder financeiro de Israel?

© AFP 2023 / Gil Cohen-MagenVista panorâmica de Tel Aviv, em Israel
Vista panorâmica de Tel Aviv, em Israel - Sputnik Brasil, 1920, 27.11.2023
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O produto interno bruto (PIB) de Israel disparou para US$ 501 bilhões no ano passado e estima-se que aumente para US$ 611 bilhões até 2026. O Estado é agora apontado como a 29ª maior economia do mundo em termos de PIB. Então, o que tem potencializado os cofres de Israel? A Sputnik explica.
O rendimento per capita de Israel é agora de US$ 58.273,00 (R$ 285.269,64), o segundo mais elevado do Oriente Médio depois do Catar que tem US$ 83.890,00 (R$ 410.717,05), de acordo com a base de dados do World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Este é um grande salto em relação à década de 1980, quando o Estado foi atingido por uma série de dificuldades econômicas, incluindo hiperinflação e uma forte dependência das importações, e o rendimento per capita do país foi avaliado em cerca de US$ 6.600,00 (R$ 32.359,80).

Várias fontes atribuem o atual poderio financeiro de Israel a uma série de fatores cruciais, incluindo as pesadas contribuições dos EUA, as medidas tomadas no rescaldo da crise econômica no início da década de 1980, o pesado investimento em investigação e desenvolvimento, a exportação de alta tecnologia e um setor de turismo próspero.

Ajuda norte-americana

O compromisso de Washington em ajudar Tel Aviv tem raízes antigas, que remontam a 14 de maio de 1948, quando os EUA foram o primeiro país a reconhecer Israel como um Estado independente.
De acordo com fontes abertas, os EUA forneceram a Israel mais de US$ 260 bilhões (cerca de R$ 1,2 trilhão) em ajuda militar e econômica combinada desde então, dando também cerca de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 49,02 bilhões) a mais em contribuições para sistemas de defesa antimísseis israelenses como a Cúpula de Ferro.
Em 2016, o então presidente dos EUA, Barack Obama, assinou um acordo sobre um pacote global de US$ 38 bilhões (cerca de R$ 186,2 bilhões) em ajuda militar a Israel entre 2017 e 2028.
Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes, lidera momento de silêncio enquanto os membros do Congresso fazem vigília à luz de velas por Israel nos degraus da Câmara, um mês após o ataque de Hamas a Israel, em Washington, EUA, 7 de novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 27.11.2023
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O esforço dos EUA para dar tanto a Israel pode ser atribuído a uma série de fatores, incluindo as obrigações históricas da América do Norte que remontam ao apoio acima mencionado à criação do Estado judeu em 1948. Além disso, os EUA consideram Israel um país aliado crucial no Oriente Médio, que partilha os seus objetivos e tem um compromisso mútuo com o que Washington chama de "valores democráticos".
De acordo com o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA, a "ajuda externa norte-americana tem sido um componente importante para cimentar e reforçar estes laços [Tel Aviv-Washington]. As autoridades dos EUA e muitos legisladores há muito consideram Israel um parceiro vital na região".
A agência de assistência externa do governo dos EUA, por sua vez, disse que o apoio norte-americano "ajuda a garantir que Israel mantenha a sua vantagem militar qualitativa [QME, na sigla em inglês] sobre potenciais ameaças regionais". A agência acrescentou que o objetivo é garantir que Israel esteja "suficientemente seguro para tomar as medidas históricas necessárias para chegar a um acordo de paz com os palestinos e para uma paz regional abrangente".

Crise econômica virou sucesso?

Em uma entrevista a um jornal on-line indiano, o professor Tomer Fadlon, conferencista e conselheiro acadêmico do programa de mestrado em cibernética, política e governo da Universidade de Tel Aviv, destacou que a trajetória de Israel reflete "uma história de sucesso de uma nação que enfrentou uma grave crise de recursos".
"Foi essa escassez aliada a uma crise econômica que nos fez procurar o melhor e além, e procurar caminhos para crescer. A escassez de recursos nos fez trabalhar mais e isso resume todo o sucesso econômico que se seguiu", sublinhou.

Investindo em P&D

O professor apontou a liberalização da economia israelense em 1985 como parte das reformas econômicas, que surgiram após um colapso econômico no Estado em anos anteriores, quando o governo de Israel gastou muito na defesa. Segundo ele, um dos resultados positivos da liberalização econômica foi o impulso de Israel para investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
"[...] Israel abriu as portas ao investimento estrangeiro direto, e os gastos do governo em segurança e defesa caíram de cerca de 25% do PIB para cerca de 5% a 6%", sublinhou Fadlon.
Ele acrescentou que no início da década de 1990, Israel começou a gastar muito em pesquisa e desenvolvimento. "Consequentemente, os gastos em P&D como parcela do PIB aumentaram drasticamente para 5% e criaram uma lacuna entre Israel e outros países", disse o professor.
Em 2021, as despesas de Israel em P&D saltaram para 5,6% do PIB, o que é o mais elevado do mundo e é seguido pela Coreia do Sul (4,9%) e Taiwan (3,8%), segundo estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Fadlon observou a este respeito que "nós [Israel] tivemos a sorte de gastar [em] pesquisa muito antes de todos os outros e, quando a tecnologia da informação explodiu, já havíamos alcançado vantagem comparativa", explicou.

Exportações de alta tecnologia

Muitos atribuem um aumento no rendimento per capita de Israel após 2006 à exportação de grandes volumes de tecnologia de alta qualidade da época.
O Comtrade da ONU — um repositório de estatísticas do comércio global — define as exportações de alta tecnologia como "produtos com alta intensidade de P&D, como aeroespacial, computadores, produtos farmacêuticos, instrumentos científicos e máquinas elétricas".

De acordo com dados do Comtrade da ONU, as exportações de alta tecnologia de Israel valeram US$ 3,12 bilhões (cerca de R$ 15,2 bilhões) em 2007, com os anos seguintes a verem o valor aumentar gradualmente. Em 2021, Tel Aviv exportou impressionantes US$ 17 bilhões (aproximadamente R$ 83,1 bilhões) em alta tecnologia, o que representou cerca de um terço das suas exportações de produtos manufaturados. As outras exportações do Estado se referem a diamantes lapidados, petróleo refinado, produtos agrícolas, produtos químicos, têxteis e vestuário.

Os dados da Autoridade de Inovação de Israel indicam que o país ocupa o primeiro lugar no mundo em percentual do PIB proveniente de indústrias de alta tecnologia (15%) e percentagem da força de trabalho em alta tecnologia (10%).
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Turismo

O turismo em Israel continua a ser uma das principais fontes de rendimento do país, com receitas que deverão atingir um total de US$ 3,48 milhões (cerca de R$ 17,01 milhões) antes do final deste ano, de acordo com estatísticas oficiais. O valor está projetado para aumentar para US$ 4,45 milhões (aproximadamente R$ 21,7 milhões) até 2027.
De acordo com fontes israelenses, o Estado teve até agora 2,5 milhões de entradas de turistas em 2023, enquanto Israel registrou o maior fluxo de turistas com 4,9 milhões de visitantes em 2019.
A empresa de classificação S&P Global afirmou entretanto que uma provável interrupção do turismo estrangeiro em Israel devido ao atual conflito armado do país com o grupo militante palestino Hamas pode ter um impacto "mínimo" na economia do Estado judeu.
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