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Especialista explica por que a relação entre Javier Milei e EUA lembra 'um amor não correspondido'

© AFP 2023 / Juan MabromataUma imagem do candidato presidencial argentino da aliança La Libertad Avanza (A Liberdade Avança), Javier Milei, é vista na janela de um ônibus enquanto seus apoiadores comemoram sua vitória no segundo turno das eleições presidenciais no Obelisco de Buenos Aires, 19 de novembro de 2023
Uma imagem do candidato presidencial argentino da aliança La Libertad Avanza (A Liberdade Avança), Javier Milei, é vista na janela de um ônibus enquanto seus apoiadores comemoram sua vitória no segundo turno das eleições presidenciais no Obelisco de Buenos Aires, 19 de novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 28.11.2023
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O presidente eleito argentino Javier Milei escolheu os Estados Unidos como o primeiro país a visitar, no âmbito de sua intenção de estreitar os laços com Washington. Em diálogo com a Sputnik, o analista Juan Alberto Rial alertou que a simpatia do argentino por Donald Trump "não poderia funcionar a seu favor" na sua relação com Joe Biden.
Conforme havia anunciado, os Estados Unidos foram o primeiro país visitado pelo presidente eleito argentino Javier Milei antes mesmo de assumir o cargo de novo governante do país sul-americano.
Milei chegou a Nova York na manhã do dia 27 de novembro, acompanhado por uma delegação composta pelo que será seu ministro da Economia, Luis Caputo, seu chefe de gabinete, Nicolás Posse, e sua irmã e principal assessora Karina Milei. Embora a primeira parada tenha sido o túmulo do rabino Menachem Mendel Schneerson para uma "visita espiritual", o restante da agenda será concluído em Washington, onde a equipe de Milei busca iniciar contatos com a presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, e com líderes norte-americanos.
Em diálogo com a Sputnik, o analista de Relações Internacionais, Juan Alberto Rial, considerou que a escolha dos Estados Unidos como primeiro destino após ser eleito ratifica uma "mudança decidida na política externa para fazer do Ocidente a sua principal opção e onde a Argentina tem de encontrar os interlocutores".
"É muito provável que haja uma harmonia significativamente melhor entre Milei e Washington do que entre Washington e os presidentes Néstor Kirchner [2003-2007], Cristina Fernández de Kirchner [2007-2015] e Alberto Fernández", previu o analista.
Nesse sentido, Rial considerou que pesa a favor desta ligação "a carga ideológica" do novo presidente eleito expressa durante a sua campanha eleitoral e centrada na "libertação dos fatores econômicos às leis do mercado". O desejo do novo presidente de se distanciar de países como a China e o Brasil, que considera "comunistas", também contribui para esta ligação.
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Mas, além disso, o compromisso de ter os EUA como principal aliado baseia-se, segundo Rial, na necessidade de Milei encontrar um aliado forte para os primeiros meses do seu governo em meio a um cenário de "enorme fragmentação política" e sem maioria no Congresso.
"Milei necessita de parcerias importantes e os EUA são uma das que o ajudarão a consolidar o seu poder como presidente eleito", resumiu o especialista. Agora, alguns elementos expressos nos últimos dias levam Rial a alertar que a ligação entre Milei e o governo dos EUA pode ser lida como um "amor não correspondido".
Entre eles estão a confirmação do presidente norte-americano, Joe Biden, de que não vai viajar a Buenos Aires para a cerimônia de posse no dia 10 de dezembro e algumas expressões oficiais nas quais a Casa Branca defendeu suas prioridades em termos de direitos humanos e políticas ambientais, fora da agenda do novo presidente argentino. Na verdade, o embaixador dos EUA na Argentina, Marc Stanley, admitiu durante uma entrevista ao El Diario Ar que "pode ser que tenhamos ideias diferentes sobre como enfrentar as alterações climáticas" e anunciou que é uma questão que pretende "abordar" antes de Milei.
O analista argentino também analisou como o plano de dolarização defendido por Milei não é bem-visto pelo establishment político norte-americano ou pelos responsáveis do FMI. Como se não bastasse, a disposição de Milei em apostar no intercâmbio comercial com os Estados Unidos, Rial lembra que é preciso compreender que "as economias dos dois países são mais competitivas do que complementares", dado que "tudo o que a Argentina pode vender, os EUA já produzem".
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Rial também destacou a relevância que poderia ter outro gesto de Milei que pode não ter caído bem na Casa Branca: a simpatia confessada do presidente eleito argentino pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump (2017-2021). Para o analista, os elogios de Milei a Trump "não funcionam a seu favor" em sua relação com Biden, algo que também aconteceu, como recordou, com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Neste quadro, Rial considerou que a relação entre a Argentina e os Estados Unidos só poderá encontrar o seu maior potencial no caso de Trump regressar à Casa Branca após as eleições de 2024.
"Talvez, e especialmente se Trump vencer as eleições, Milei possa fazer como Alberto Fernández fez com a Rússia em 2021 e propor que a Argentina se torne a porta de entrada dos EUA para a região", afirmou Rial.
O resto da agenda entre Milei e os EUA poderia se concentrar na resolução da dívida da Argentina com o FMI e no alinhamento de Buenos Aires em questões geopolíticas como a mudança da embaixada em Israel para Jerusalém ou o apoio à Ucrânia em seu conflito com a Rússia, apontou o analista.
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