https://noticiabrasil.net.br/20231204/entrada-do-ira-no-brics-e-de-suma-importancia-principalmente-para-a-china-aponta-especialista-31838577.html
Entrada do Irã no BRICS é 'de suma importância, principalmente para a China', aponta especialista
Entrada do Irã no BRICS é 'de suma importância, principalmente para a China', aponta especialista
Sputnik Brasil
A entrada do Irã no BRICS, que será oficializada em 1º de janeiro de 2024, marca o ingresso de um país declaradamente contrário aos Estados Unidos. Que tipo de... 04.12.2023, Sputnik Brasil
2023-12-04T17:56-0300
2023-12-04T17:56-0300
2023-12-04T18:45-0300
panorama internacional
china
brics
irã
brasil
ásia e oceania
exclusiva
mundioka
jorge mortean
tio sam
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e7/0c/04/31842097_0:321:3071:2048_1920x0_80_0_0_4b2484c9d5693fefddde6c0048dc680d.jpg
Essas e outras questões foram respondidas por Jorge Mortean — geógrafo e professor de relações internacionais, mestre em estudos regionais do Oriente Médio no Irã e atual doutorando em geografia política na Universidade de São Paulo (USP) — no episódio desta segunda-feira (4) do podcast da Sputnik Brasil Mundioka, apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.Para o especialista em estudos iranianos, a entrada do Irã no BRICS representa um ganho tanto para o país persa quanto para o grupo, uma vez que "temos aí a semiperiferia e periferia do mundo se aliando", disse, referindo-se à teoria de sistema-mundo das relações internacionais, popularizada por Immanuel Wallerstein. "O que seria semiperiferia?"Essas características, para Mortean, definem a posição ocupada pelas nações do BRICS mais do que qualquer relação econômica. Nesse ponto, o grupo de países, que agora se expande para se tornar o BRICS+ com a inclusão além do Irã, do Egito, da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e da Etiópia — e, talvez, da Argentina — forma um agrupamento antissistêmico."Ou seja, ele faz um contraponto a toda a hegemonia que se diz aí ocidental de países desenvolvidos, nomeadamente Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão, que apesar de ser do Oriente, é um Oriente mais ocidentalizado do que nunca."Relações da China e do Irã: uma via de mão duplaMortean também destaca que, enquanto um projeto encabeçado pela China — país de maior destaque econômico e científico de todo o grupo —, a entrada do Irã é de "suma importância, principalmente para a China". Na verdade, sublinha, ambos os países têm bastante a ganhar com a entrada do Irã no BRICS.Desde a Revolução de 1979, aponta Mortean, o Irã passa por certo isolamento diplomático devido à sua retórica confrontativa contra o Ocidente e Israel. Dessa forma, a entrada do Irã no grupo ajuda a suprir carências tecnológicas, científicas e comerciais que o Irã possa vir a ter.Como exemplo, o geógrafo aponta para o caso da aviação civil. Até hoje, o país não consegue importar peças para fazer a manutenção dos aviões. "São aviões comerciais comprados das grandes indústrias aeronáuticas há mais de 30, 40 anos. É um milagre que estejam voando", explicou."Como sofrem esse embargo, eles inclusive desenvolveram uma engenharia reversa e fazem um trabalho de manutenção e fabricação de peças […], que é vital para o país."Outro ponto destacado pelo pesquisador é que, com a entrada no BRICS, o Irã terá acesso a um banco de desenvolvimento e oportunidades de ampliar sua balança comercial em moedas diferentes do dólar e do euro, como o yuan.O que a China ganha com a entrada do Irã no BRICS?Por sua vez, a China também tem muito a ganhar com a entrada do Irã no agrupamento, não só em termos econômicos, como geopolíticos. Para começar, o país persa é um dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), sendo um dos principais produtores de petróleo e gás natural do mundo, além de contar com grandes reservas inexploradas.Em segundo lugar, o Irã faz parte dos planos chineses da Iniciativa Cinturão e Rota, que vê a criação de novos caminhos para o escoamento da produção industrial chinesa. Não só o país conta com uma população de quase 90 milhões, sendo um grande mercado consumidor, mas também está "exatamente na encruzilhada do Oriente Médio com a Europa e com o resto da Ásia".Isso dá a ele uma posição estratégica na Iniciativa Cinturão e Rota. "Ele está ali no meio, geograficamente falando, do grande projeto de logística, infraestrutura e investimento chinês", aponta Mortean.
https://noticiabrasil.net.br/20231204/ira-no-brics--31839456.html
https://noticiabrasil.net.br/20231003/perda-de-poder-dos-estados-unidos-diz-especialista-sobre-adesao-de-arabia-saudita-e-ira-ao-brics-30631363.html
https://noticiabrasil.net.br/20231127/aliada-dos-eua-e-antiga-inimiga-do-ira-o-que-representa-a-entrada-da-arabia-saudita-no-brics-31707625.html
https://noticiabrasil.net.br/20220823/russia-china-e-ira-nao-questionam-soberania-do-brasil-na-amazonia-paises-da-otan-sim-diz-militar-24353384.html
china
irã
brasil
estados unidos
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2023
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e7/0c/04/31842097_0:0:2732:2048_1920x0_80_0_0_41c3296c5c8fac4069d626896b3ca7c0.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
china, brics, irã, brasil, ásia e oceania, exclusiva, mundioka, jorge mortean, tio sam, estados unidos, usp, brics+, rússia, novo banco de desenvolvimento, organização dos países exportadores de petróleo (opep)
china, brics, irã, brasil, ásia e oceania, exclusiva, mundioka, jorge mortean, tio sam, estados unidos, usp, brics+, rússia, novo banco de desenvolvimento, organização dos países exportadores de petróleo (opep)
Entrada do Irã no BRICS é 'de suma importância, principalmente para a China', aponta especialista
17:56 04.12.2023 (atualizado: 18:45 04.12.2023) Especiais
A entrada do Irã no BRICS, que será oficializada em 1º de janeiro de 2024, marca o ingresso de um país declaradamente contrário aos Estados Unidos. Que tipo de repercussões isso poderá trazer ao grupo?
Essas e outras questões foram respondidas por
Jorge Mortean — geógrafo e professor de relações internacionais, mestre em
estudos regionais do Oriente Médio no Irã e atual doutorando em geografia política na Universidade de São Paulo (USP) — no episódio desta segunda-feira (4) do
podcast da Sputnik Brasil Mundioka, apresentado pelos jornalistas
Melina Saad e
Marcelo Castilho.
4 de dezembro 2023, 17:50
Para o especialista em estudos iranianos, a entrada do Irã no BRICS representa um ganho tanto para o país persa quanto para o grupo, uma vez que "
temos aí a semiperiferia e periferia do mundo se aliando", disse, referindo-se à
teoria de sistema-mundo das relações internacionais, popularizada por Immanuel Wallerstein.
"O que seria semiperiferia?""São países com um grau até importante de desenvolvimento tecnológico-industrial, que servem como ponte de retransmissão de fluxos de comércio (investimentos, capital). São grandes mercados e possuem certo poderio de defesa em suas respectivas regiões."
Essas características, para Mortean,
definem a posição ocupada pelas nações do BRICS mais do que qualquer relação econômica. Nesse ponto, o grupo de países, que agora
se expande para se tornar o BRICS+ com a inclusão além do Irã, do Egito, da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e da Etiópia — e, talvez, da Argentina —
forma um agrupamento antissistêmico.
"Ou seja, ele faz um contraponto a toda a hegemonia que se diz aí ocidental de países desenvolvidos, nomeadamente Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão, que apesar de ser do Oriente, é um Oriente mais ocidentalizado do que nunca."
"Oferece, portanto, uma nova possibilidade de ordem mundial", resumiu.
Relações da China e do Irã: uma via de mão dupla
Mortean também destaca que, enquanto um projeto encabeçado pela China — país de maior destaque econômico e científico de todo o grupo —, a entrada do Irã é de "suma importância, principalmente para a China". Na verdade, sublinha, ambos os países têm bastante a ganhar com a entrada do Irã no BRICS.
Desde a Revolução de 1979, aponta Mortean,
o Irã passa por certo isolamento diplomático devido à sua retórica confrontativa
contra o Ocidente e Israel. Dessa forma, a entrada do Irã no grupo
ajuda a suprir carências tecnológicas, científicas e comerciais que o Irã possa vir a ter.
"As sanções e os embargos impostos pelo Ocidente desenvolvido ao Irã têm, sim, um grande efeito sobre o cotidiano iraniano."
Como exemplo, o geógrafo aponta para o
caso da aviação civil. Até hoje, o país
não consegue importar peças para fazer a manutenção dos aviões. "São aviões comerciais comprados das grandes indústrias aeronáuticas há mais de 30, 40 anos. É um milagre que estejam voando", explicou.
"Como sofrem esse embargo, eles inclusive desenvolveram uma engenharia reversa e fazem um trabalho de manutenção e fabricação de peças […], que é vital para o país."
Outro ponto destacado pelo pesquisador é que, com a entrada no BRICS, o Irã terá acesso a um
banco de desenvolvimento e oportunidades de
ampliar sua balança comercial em moedas diferentes do dólar e do euro,
como o yuan.
"Abre-se uma porta muito vantajosa para os iranianos."
27 de novembro 2023, 16:11
O que a China ganha com a entrada do Irã no BRICS?
Por sua vez, a China também tem muito a ganhar com a entrada do Irã no agrupamento, não só em termos econômicos, como geopolíticos. Para começar, o país persa é um dos membros da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), sendo um dos
principais produtores de
petróleo e gás natural do mundo, além de contar com grandes reservas inexploradas.
Em segundo lugar, o Irã faz parte dos planos chineses da
Iniciativa Cinturão e Rota, que vê a criação de novos caminhos para o escoamento da produção industrial chinesa. Não só o país conta com uma
população de quase 90 milhões, sendo um grande mercado consumidor, mas também está "
exatamente na encruzilhada do Oriente Médio com a Europa e com o resto da Ásia".
Isso dá a ele uma posição estratégica na Iniciativa Cinturão e Rota. "Ele está ali no meio, geograficamente falando, do grande projeto de logística, infraestrutura e investimento chinês", aponta Mortean.
"O Irã é abarcado principalmente pelo caminho terrestre dessa rota, que levaria infraestrutura rodoviária e, principalmente, ferroviária. Aí, sim, justifica-se ainda mais a presença do Irã nessa ampliação do grupo."