Presidente da Guiana diz esperar que Brasil mostre 'maturidade e liderança' em relação à Venezuela
20:43 06.12.2023 (atualizado: 12:24 07.12.2023)
© AP Photo / Peter DejongPresidente da Guiana, Irfaan Ali, discursa na sessão plenária da COP28 da ONU em 1º de dezembro de 2023 em Dubai, Emirados Árabes Unidos
© AP Photo / Peter Dejong
Nos siga no
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, declarou nesta quarta-feira (6), em entrevista ao canal de TV GloboNews, que espera que o Brasil seja um líder na manutenção da paz na América do Sul, em alusão às recentes tensões com a Venezuela envolvendo o território de Essequibo.
Na entrevista, Ali opinou que a resposta do governo brasileiro até o momento quanto ao impasse tem sido muito madura.
"Conversamos com o presidente Lula e com o ministro das Relações Exteriores [Mauro Vieira], e os dois garantiram que a Venezuela estará do lado certo da lei […]. Temos a confiança de que o Brasil vai agir de maneira responsável, de maneira que seja condizente com um país que mostra maturidade e liderança."
Rico em petróleo e minerais, Essequibo, que atualmente é administrado pela Guiana, é motivo de conflito entre os dois países há mais de um século.
A descoberta de grandes reservas de petróleo na área e da concessão de contratos por parte da Guiana para a exploração de jazidas aumentaram as tensões que culminaram em um referendo convocado por Maduro no último domingo (3).
"Antes do referendo, eu tive uma ligação com o presidente Lula. O presidente Lula e o governo brasileiro mandaram uma equipe de enviados para a Venezuela para conversar com o presidente Maduro. Nós vemos o governo brasileiro tomando medidas para garantir seu território", disse o presidente da Guiana no programa.
Os venezuelanos votaram "sim" no referendo consultivo, apoiando a criação de uma nova província, a Guiana Essequiba. O referendo teve a participação de mais de 10,5 milhões de cidadãos.
Questionado sobre a possibilidade de instalação de uma base norte-americana na Guiana, Ali informou que as relações com os EUA foram ampliadas.
"Nos últimos anos, nossa colaboração em nível de defesa se intensificou. Fizemos muito treinamentos conjuntos, tivemos muitas colaborações conjuntas. Estamos discutindo não apenas com os Estados Unidos, mas com todos os nossos parceiros dentro e fora da região para garantir a criação de um mecanismo que garanta que essa região continue sendo de paz e estabilidade, que garanta a proteção da nossa fronteira, que nossa soberania e integridade territorial permaneçam intactas", respondeu ele.
Ontem (5), o presidente venezuelano propôs uma lei para estabelecer uma norma que proíba a contratação com empresas que colaborem nas concessões unilaterais dadas pela Guiana no mar ainda não delimitado.
Além disso, solicitou que todas as empresas que receberam concessões da Guiana tenham o prazo de três meses para se retirar das operações no território em disputa.
O presidente venezuelano anunciou ainda a criação da "Zona de Defesa Integral Guiana Essequiba" e designou Alexis Rodríguez Cabello como autoridade única de forma provisória.
O Ministério da Defesa do Brasil confirmou o envio de 20 veículos blindados para o município de Pacaraima, em Roraima, que faz fronteira com a Venezuela.
Além dos veículos, o ministro da Defesa, José Múcio, confirmou que 130 homens também serão enviados para reforçar o contingente.