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Ucrânia, Hitler e o plano Barbarossa 2.0 do Ocidente

© AP Photo / Efrem LukatskyUm manifestante lança um coquetel molotov durante confrontos com a polícia no centro de Kiev, Ucrânia.
Um manifestante lança um coquetel molotov durante confrontos com a polícia no centro de Kiev, Ucrânia. - Sputnik Brasil, 1920, 08.12.2023
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Em junho de 1941, Hitler lançava sua operação Barbarossa de invasão à União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Sua missão era conquistar o território soviético, eliminando sua população e aumentando o assim chamado "espaço vital" do povo alemão. Apesar do fracasso de Hitler, parece que o Ocidente ainda guarda certo apreço por esse plano.
Cinco anos antes da invasão, Stalin expusera diante de seus camaradas de partido a tese de que: quando um Estado deseja atacar outro com o qual ainda não partilha fronteira, o futuro agressor começa a absorver outros países até se tornar vizinho do alvo que pretende atacar. Ora, nos meses finais de 1940 e durante a primeira metade de 1941, o Exército de Hitler já havia absorvido diversos países que separavam a Alemanha nazista da União Soviética, tornando-o finalmente capaz de enviar seus homens e infraestrutura militar para próximo da fronteira com a URSS. Foi quando, em momento oportuno, a Alemanha nazista lançou seu ataque massivo e há tempos planejado contra os soviéticos, um ataque que estendia-se desde o mar Báltico, no norte, até o mar Negro, no sul, e dividido em três frentes.
A primeira frente era composta pelo chamado Grupo Norte, cujo objetivo era avançar através dos Estados Bálticos (Estônia, Letônia, Lituânia) até a cidade de Leningrado (atual São Petersburgo). A segunda frente era formada pelo Grupo Central, cujo objetivo era avançar através de Belarus em direção à capital soviética, Moscou, e, assim, fazer capitular a URSS. E por fim, a terceira frente era formada pelo Grupo Sul, que tinha como alvo capturar a Ucrânia e, a partir dela, obter o controle estratégico das ricas regiões agrícolas ao sul da União Soviética.
O professor Lucas Rubio, vestido de soldado do Exército Vermelho, e , e Egor Sergachev, chefe do protocolo do Consulado da Rússia no Rio de Janeiro, em 9 de maio de 2022.  - Sputnik Brasil, 1920, 09.05.2022
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A Rússia ainda guarda as memórias dessa catástrofe e sobretudo das milhões de vítimas soviéticas que se sacrificaram em prol da derrota definitiva do nazismo. Não é por acaso, portanto, que o avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o Leste no período pós-Guerra Fria tornou-se um motivo de grande preocupação para a segurança da Rússia. Afinal, mais uma vez Moscou enxergava tropas e infraestrutura militar ocidental se aproximando cada vez mais de seu território.
Com a adesão dos Estados Bálticos (Estônia, Letônia, Lituânia) à OTAN em 2004, a Aliança Atlântica passou a fazer fronteira direta com a Rússia, permitindo aos seus caças patrulhar o espaço aéreo do país, a uma distância de poucos minutos de São Petersburgo (antiga Leningrado). O Ocidente concretizara então a formação de seu Grupo Norte 2.0, a partir do qual poderia avançar em território russo a partir do mar Báltico.
Já o Grupo Central 2.0 teria sido formado caso o Ocidente tivesse levado a cabo o golpe de Estado contra Lukashenko em 2020, quando Belarus vivenciou momentos de significativa convulsão política e social. Na ocasião, Svetlana Tikhanovskaya, candidata da oposição, negou que tivesse perdido as eleições presidenciais e não demorou muito para que ela recebesse o imediato apoio de diversas lideranças ocidentais, que enxergaram uma oportunidade única de afastar de vez Belarus da Rússia. Caso Tikhanovskaya tivesse chegado ao poder, como ocorreu com as forças nacionalistas de oposição na Ucrânia em 2014, alguém tem dúvidas do que aconteceria depois? Simples, a "nova governante" de Belarus acenaria quase que de imediato às potências ocidentais sobre o desejo belarusso de fazer parte da OTAN.
Militantes da Associação Social Nacionalista (SNA, na sigla em inglês), participam de manifestação na praça Maidan, em Kiev, Ucrânia, 15 de junho de 2014   - Sputnik Brasil, 1920, 25.08.2022
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Seja como for, se o golpe de Estado falhou em Belarus, ao menos na Ucrânia ele fora bem-sucedido e os planos de conduzir aquele país à Aliança Atlântica sempre estiveram na pauta do dia para o Ocidente. Afinal, fazer da Ucrânia um membro da OTAN transformaria o país em uma "plataforma ideal" de ataque contra a Rússia, posto que a fronteira entre os dois Estados é composta basicamente por estepes. Ao admitir Kiev no quadro da Aliança Atlântica, o Ocidente formaria então o seu Grupo Sul 2.0, controlando em definitivo os recursos agrícolas e industriais da Ucrânia. Para além disso, o Ocidente também adiantaria sua infraestrutura militar e tropas para próximo das fronteiras meridionais da Rússia, estando à pouca distância (adivinhem do quê!) das principais bases de extração e processamento de petróleo russa no Cáucaso.
Basta-nos lembrar que deter o controle dessas bases petrolíferas foi justamente uma das razões que levou Hitler e deslocar grande parte de seu Exército para atacar a cidade de Stalingrado (atual Volgogrado). É realmente incrível como a história se repete. Assim como Hitler coordenou os nazistas para cercar e capturar cidades e territórios estrategicamente importantes dentro da União Soviética, também o Ocidente coordenou a OTAN para mover suas peças militares para perto de regiões com alta concentração populacional, como é o caso de São Petersburgo ao norte, e de recursos naturais como petróleo, ao sul da Rússia.
Seja como for, é preciso lembrar que assim como as forças alemãs foram derrotadas e repelidas pela União Soviética, as forças do Ocidente que hoje lutam até o último ucraniano também serão. Nem mesmo a ajuda de quase 30 países a Kiev foi nem será capaz de derrotar a Rússia no campo de batalha como se espera.
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, aperta a mão de um militar durante sua visita à a região da Carcóvia. Ucrânia, 30 de novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 07.12.2023
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O grande erro da atual estratégia ocidental ao impulsionar a expansão da OTAN para o Leste foi fazer com que a Rússia novamente enxergasse uma ameaça existencial à sua segurança. Diante de ameaças assim, como demonstra a história, os russos sempre se saíram vitoriosos. No mais, existe algo que precisa ficar bastante claro. Moscou nunca esteve interessada em dominar a Ucrânia, mas sim impedir com que aquele país se tornasse um trampolim de ataque contra a Rússia. De algum modo, era preciso inculcar alguma consciência na liderança ucraniana para que suas elites enfim servissem aos interesses do povo e não aos do Ocidente.
Ao final, não é segredo para ninguém que hoje tanto os Estados Unidos como a Europa consideram a Rússia seu principal adversário ideológico e geopolítico no continente europeu. Da mesma forma também Hitler considerava a União Soviética seu principal adversário ideológico. A OTAN, e por trás dela os Estados Unidos, considera-se a maior força militar do mundo. Da mesma forma Hitler considerava o Exército alemão invencível. Todavia, foi a batalha de Stalingrado que definiu a real medida das coisas, mostrando que o povo russo não se curva perante nenhum poder hegemônico. Foram os soviéticos que venceram a Segunda Guerra Mundial. Logo, se o Ocidente quiser iniciar a Terceira, é bom saber o que os aguarda. Pois o que quer que aconteça, a operação Barbarossa 2.0 terá o mesmo fim da primeira.
As opiniões expressas neste artigo podem não coincidir com as da redação.
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