Novo chefe naval da China é anunciado em meio às tensões marítimas entre Pequim e Manila
09:33 26.12.2023 (atualizado: 10:17 26.12.2023)
© AFP 2023 / Soe Than WinMembros da tripulação da Marinha Chinesa em posição de sentido no convés do navio da marinha chinesa Wei Fang enquanto ele se aproxima do cais no porto do Terminal Internacional de Mianmar Thilawa (MITT), nos arredores de Yangon, 23 de maio de 2014
© AFP 2023 / Soe Than Win
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Hu Zhongming, de 59 anos, tem atuado como chefe do Estado-Maior da Marinha do Exército de Libertação Popular (ELP) desde dezembro de 2021.
Pequim nomeou Hu Zhongming como o novo chefe da Marinha do Exército de Libertação do Popular (ELP) chinês em uma cerimônia que contou com a presença do presidente Xi Jinping.
A mídia chinesa informou que Hu foi promovido ao posto de general durante a cerimônia de segunda-feira (25). No ELP, o posto mais alto para oficiais em serviço ativo é o de general. Os militares chineses são conhecidos por fornecer poucos detalhes sobre as nomeações de seu pessoal.
A promoção de Hu ocorre em meio às tensões contínuas entre a China e as Filipinas sobre as ilhas disputadas no mar do Sul da China. O impasse se intensificou desde 4 de outubro, quando navios filipinos completaram uma missão de reabastecimento no atol Second Thomas (conhecido nas Filipinas como Ayungin Shoal e chamado na China de Ren'ai Jiao), apesar das tentativas de bloqueio da guarda costeira chinesa.
A situação é regularmente complicada pela passagem de navios de guerra dos EUA pelo mar do Sul da China, o que, segundo o Ministério das Relações Exteriores chinês, viola o direito internacional e prejudica a soberania e a segurança da China. Apesar dos protestos de Pequim, Washington afirmou repetidamente que os navios dos EUA passariam por onde quer que a lei internacional os permitissem.
Pequim disputa há décadas o estatuto de vários territórios no mar do Sul da China, reivindicando principalmente as ilhas Paracel e Spratly e o banco de areia de Scarborough. Os territórios também são reivindicados pelas Filipinas, Taiwan, Vietnã, Malásia e Brunei.
A República Popular da China considera o arquipélago Spratly uma parte essencial chinesa, apesar da decisão do Tribunal Permanente de Arbitragem com sede em Haia, em 2016, ter afirmado não haver base legal para as reivindicações marítimas da China. Haia argumentou que o arquipélago não é uma ilha e não constitui uma zona econômica exclusiva, mas Pequim se recusou a reconhecer a decisão. O processo de arbitragem foi iniciado pelas Filipinas em janeiro de 2013.
Somando-se às tensões na região está a contínua disputa entre Pequim e Taipé sobre Taiwan. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse a repórteres na semana passada que a posição de Pequim sobre a reunificação com Taiwan permanece "sólida como uma rocha", com a China considerando-a inevitável.
A última escalada em torno de Taiwan ocorreu em abril, depois que a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, se encontrou com o então presidente da Câmara dos EUA, Kevin McCarthy. Pequim respondeu lançando enormes exercícios militares de três dias perto da ilha, no que chamou de alerta aos independentistas taiwaneses e às potências estrangeiras. Em agosto e setembro, as Forças Armadas de Taiwan relataram vários avistamentos de patrulhas navais e aéreas chinesas nas proximidades da ilha. No dia 18 de setembro, o ministério relatou um recorde de 103 avistamentos de aeronaves chinesas perto da ilha em um único dia.
Taiwan é governada separadamente da China continental desde 1949. Pequim considera a ilha a sua província, enquanto Taiwan afirma que é uma entidade autônoma, mas não chega a declarar independência. Pequim se opõe a qualquer contato oficial estrangeiro com Taipé e considera a soberania chinesa sobre a ilha indiscutível.
Embora os EUA não mantenham relações diplomáticas formais com Taiwan, Washington tem um escritório de representação em Taipé e continua a ser o maior fornecedor de equipamento militar da ilha. Os EUA também enviam frequentemente os seus navios de guerra e aviões de vigilância para o estreito de Taiwan, uma medida que Pequim condena como provocativa.