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EUA esgotam possibilidades financeiras para Ucrânia, e perspectivas para 2024 são incertas

© AP Photo / Efrem LukatskyVladimir Zelensky, presidente ucraniano, durante entrevista coletiva de fim de ano em Kiev. Ucrânia, 19 de dezembro de 2023
Vladimir Zelensky, presidente ucraniano, durante entrevista coletiva de fim de ano em Kiev. Ucrânia, 19 de dezembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 29.12.2023
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Os EUA esgotaram as possibilidades financeiras de ajuda militar à Ucrânia, e o governo do presidente Joe Biden enfrenta resistências no Congresso ao fornecimento de recursos adicionais. Especialistas ouvidos pela Sputnik apontaram que as perspectivas para 2024 são incertas e vão depender da capacidade de articulação do democrata.
Na última semana, o Departamento de Defesa dos EUA alertou que os fundos para fornecer ajuda à Ucrânia acabam efetivamente amanhã (30). A última ajuda militar anunciada, de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão), foi chamada de pacote final para 2023.
Para o envio de recursos adicionais é necessária uma nova aprovação pelo Congresso, que já rejeitou o pacote solicitado pela Casa Branca para a área de defesa de US$ 106 bilhões (R$ 514 bilhões), sendo mais de US$ 60 bilhões (R$ 291 bilhões) reservados para o governo de Vladimir Zelensky.
Desde fevereiro de 2022, quando foi iniciada a operação militar especial russa na Ucrânia, os EUA já enviaram mais de US$ 100 bilhões (R$ 485 bilhões) em recursos. Muitos dos questionamentos ao contínuo repasse têm como causa as diversas denúncias de corrupção na gestão ucraniana e a falta de transparência dos gastos.
Entre os republicanos, que são maioria na Câmara dos Representantes, esses questionamentos são abundantes, por conta de questões internas. A principal tem a ver com o pedido de mais recursos para a fronteira com o México como contrapartida à aprovação do financiamento ucraniano. Desde o início do ano, quase 3 milhões de migrantes ilegais já cruzaram os limites mexicanos em direção aos EUA.
O presidente dos EUA, Joe Biden (à esquerda), o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg (ao centro), e o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, conversam antes de reunião sobre a Ucrânia, em Vilnius, Lituânia, em 12 de julho de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 29.12.2023
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Perspectivas são incertas

O consultor político Bryce Green afirmou à Sputnik que "a questão da ajuda à Ucrânia está em um momento estranho".
"A classe política americana, representada por ambos os partidos, em sua maioria apoia a Ucrânia, pelo menos retoricamente, mas os republicanos no Congresso estão atrasando a alocação da maioria dos pacotes de ajuda com base no fato de que desejam mais dinheiro para a militarização adicional da fronteira sul do país", comenta.
Segundo o especialista, embora tal justificativa "possa ser sincera, ela é inoportuna, considerando que a realidade na situação com a Ucrânia mostra que os objetivos iniciais da guerra, resistir à Rússia, são praticamente inatingíveis". Green também destaca "a crescente preocupação sobre como os EUA estão se dividindo entre o apoio à Ucrânia, a escalada com a China e, agora, o conflito na Palestina".
O último, na opinião do ex-conselheiro da Comissão Presidencial Russo-Americana James Carden, é a principal razão para a desaceleração do fornecimento de apoio à Ucrânia. "Não tenho certeza de que isso tenha a ver com política interna; mais provavelmente o fator decisivo é a guerra em Gaza. Se ela se expandir, e isso já aconteceu no mar Vermelho, a Ucrânia simplesmente terá que procurar financiamento em outro lugar", disse. Em sua avaliação, "nada é tão caro para o Congresso quanto Israel".
Volodímir Zelenski  - Sputnik Brasil, 1920, 13.12.2023
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O Congresso entrou em recesso e só voltará ao trabalho após o início do novo ano, em 8 de janeiro. Enquanto isso, Bryce Green adverte que, dada a situação atual, "a configuração política em Washington em relação à Ucrânia pode mudar significativamente" com o retorno dos parlamentares.

"No que diz respeito a 2024, à medida que se torna mais evidente que o apoio americano à Ucrânia não trouxe os resultados desejados, isso pode se tornar uma arma ainda mais eficaz que [Donald] Trump ou outros oponentes usarão contra Biden", aponta o analista americano.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus buscam outras opções de financiamento para a Ucrânia, incluindo a possibilidade de confiscar ativos russos congelados no valor de US$ 300 bilhões (R$ 1,4 trilhão). A Rússia já afirmou que a medida terá consequências.
Moscou já alertou diversas vezes os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre as entregas de armas à Ucrânia. O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que qualquer carga que contenha armas se tornará um alvo legítimo do país e que a entidade está "brincando com fogo".
Os russos enfatizaram ainda que o fornecimento de armas pelo Ocidente não contribui para o sucesso das negociações russo-ucranianas e terá um efeito negativo. Lavrov também afirmou que os EUA e a OTAN estão envolvidos diretamente no conflito, não apenas fornecendo armas, mas treinando pessoal nos territórios do Reino Unido, da Alemanha, da Itália e de outros países.
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