- Sputnik Brasil, 1920
Panorama internacional
Notícias sobre eventos de todo o mundo. Siga informado sobre tudo o que se passa em diferentes regiões do planeta.

Nova estratégia de Israel pode expandir conflito em Gaza para o resto do Oriente Médio?

© Foto / Forças de Defesa de IsraelForças de Defesa de Israel (FDI) em operação na Faixa de Gaza, em 6 de janeiro de 2024
Forças de Defesa de Israel (FDI) em operação na Faixa de Gaza, em 6 de janeiro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 08.01.2024
Nos siga no
Especiais
Na última quarta-feira (3), o chefe do Mossad, serviço de inteligência externa de Israel, David Barnea, afirmou que seus agentes vão rastrear e matar líderes do Hamas no mundo inteiro. Segundo especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, isso pode levar a um novo capítulo nos embates entre Israel e seus inimigos no Oriente Médio.
Deixando de lado as táticas militares mais tradicionais, como os bombardeios e a incursão terrestre em Gaza, Israel começou a realizar "operações de inteligência mais focadas", afirma Karina Calandrin, professora de relações internacionais da Universidade de Sorocaba (Uniso) e colaboradora do Instituto Israel-Brasil.
A participação do Mossad nesses esforços de guerra, junto da Shin Bet e da Unidad 504 das Forças de Defesa de Israel (FDI), representa uma "abordagem complexa" no combate ao Hamas, de acordo com a especialista.
Um extenso labirinto de túneis construídos pelo Hamas estende-se pelos densos bairros da Faixa de Gaza, escondendo militantes  - Sputnik Brasil, 1920, 20.12.2023
Panorama internacional
'Em busca de matar uma ideia': a perigosa aposta de Israel sobre o futuro de Gaza
A nova estratégia é bem simbolizada pelos recentes assassinatos de nomes como Saleh al-Arouri, segundo no comando do grupo palestino; Wissam Hassan Tawil, comandante das forças de elite Radwan, do Hezbollah; e Sayyed Razi Mousavi, general do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), do Irã.
Augusto Lerner Krieger, especialista em história do Oriente pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e analista de relações insitucionais da StandWithUs Brasil, destaca que "a elaboração desses assassinatos demora tempo", o que significa que essas eliminações já estariam nos planos de Israel há bastante tempo.

"Vale ressaltar que em ambos os casos Israel não se manifestou, típico de quando é um trabalho que tem o dedo do Mossad."

Oriente Médio vê tensões aumentarem

Os assassinatos não repercutiram bem na comunidade internacional, nem para os países e movimentos que declararam Israel como inimigo nem para os tradicionais aliados de Israel, como a França, que também é uma das maiores parceiras do governo libanês, e os Estados Unidos que, em tese, ficaram no escuro quanto aos planos israelenses.
Os norte-americanos, inclusive, já haviam alertado à nação israelense para não escalar o conflito, algo que, segundo Calandrin, pode muito bem acontecer. "Na frente regional, a estratégia de Israel poderia potencialmente exacerbar as tensões", diz.
Já Krieger afirma que esses riscos são levados em conta na hora de executar essas missões, mas ele não descarta a possibilidade de Israel entrar em conflito aberto com o Hezbollah, ainda que as chances sejam "muito baixas".
Um combatente do Hezbollah carrega o caixão de seu camarada que foi morto por um bombardeio israelense, em 10 de outubro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 06.01.2024
Panorama internacional
Hezbollah atinge base israelense em resposta a assassinato de oficial do Hamas (VÍDEOS)
Para ele, o mais provável que pode acontecer são respostas por parte da diplomacia dos demais países árabes, como o Egito e o Catar, congelando as negociações de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.
O analista da StandWithUs Brasil também destaca que hoje em dia "não existe mais um conflito árabe-israelense". "Israel tem relações diplomáticas com muitos países árabes, e esse fator ajudou muito a diminuir a tensão com esses países", afirmou.

Israel está preparado para novas frentes?

Ainda que, para Krieger, a probabilidade seja muito baixa que os demais países da região entrem em guerra com Israel, até mesmo pela falta de poder bélico, Calandrin destaca que um conflito em maior escala com nações vizinhas poderia "apresentar desafios substanciais tanto em termos militares quanto políticos".
De acordo com a professora de relações internacionais, o conflito em Gaza aprofundou as divisões sociais dentro do país. "O impacto da guerra na sociedade israelense e no cenário político é profundo", afirmou. Isso leva a uma dificuldade do Estado de realizar movimentos importantes, como negociar a paz, abrir novas frentes de confronto ou, até mesmo, implementar uma solução de dois Estados.
Outro ponto de contenção na política israelense é a situação de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do país. Com a situação em Gaza e a tentativa fracassada de reforma judicial, a coalização do premiê está cada vez mais sob pressão, afirmou a especialista.

"A política interna de Israel parece estar se tornando cada vez mais tensa e complexa, com vários desafios e questões delicadas surgindo no cenário político do país."

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, no centro, aparece com soldados no norte da Faixa de Gaza, em 25 de dezembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 07.01.2024
Panorama internacional
EUA suspeitam que Netanyahu inicie uma guerra no Líbano para salvar sua carreira política, diz mídia
Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала