Por que a Rússia tem vantagem sobre Kiev na guerra eletrônica?
20:30 08.01.2024 (atualizado: 16:07 09.01.2024)
© Sputnik / Pavel LisitsynPilotos de drones do batalhão de voluntários Sudoplatov participam de exercício em campo de treinamento durante a operação militar russa na Ucrânia, no território da região de Zaporozhie, que acessou a Rússia, 2 de novembro de 2023
© Sputnik / Pavel Lisitsyn
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A Rússia está ganhando a guerra eletrônica no conflito na Ucrânia porque desenvolveu capacidades antes do início da operação militar especial em fevereiro de 2022, de acordo com uma análise do jornal britânico Financial Times.
Nikolai Kolesnyk, comandante de uma unidade de drones ucraniana, afirmou à mídia europeia que os confrontos entre sistemas de guerra eletrônica com as forças russas são intensos e implacáveis.
O oficial descreveu os sistemas russos como "tesouras invisíveis que cortam a conexão de um dispositivo controlado remotamente".
"Os russos fabricaram tantos drones ultimamente que estão se tornando uma grande ameaça", disse o coronel Ivan Pavlenko, chefe de guerra eletrônica e cibernética do Estado-Maior Ucraniano, ao jornal britânico.
"O que está acontecendo aqui, a utilização massiva de drones, é novo, por isso a guerra eletrônica está se tornando cada vez mais importante”, reconheceu.
Segundo o jornal, a onipresença dos drones no campo de batalha é uma das razões pelas quais a contra-ofensiva ucraniana lançada no verão passado não conseguiu progredir e porque as batalhas terrestres são relativamente estáticas.
"Qualquer agrupamento de tanques ou veículos blindados pode ser localizado e destruído em questão de minutos", afirma o jornal. De acordo com o relatório, a Rússia tem utilizado cada vez mais seus meios de guerra eletrônica para derrubar munições guiadas de precisão fornecidas à Ucrânia pelo Ocidente, tais como foguetes Himars e granadas de artilharia Excalibur.
Moscou também tem utilizado suas capacidades de guerra eletrônica para imitar lançamentos de mísseis e drones, a fim de confundir as defesas aéreas de Kiev e identificar suas localizações, disse Pavlenko ao Financial Times.
"Sem proteção antiaérea, as tropas ucranianas são presas fáceis para ataques de artilharia guiados por drones, drones que lançam bombas e ataques kamikaze através da explosão de veículos aéreos não tripulados", observa o jornal britânico.
"Sem proteção antiaérea, as tropas ucranianas são presas fáceis para ataques de artilharia guiados por drones, drones que lançam bombas e ataques kamikaze através da explosão de veículos aéreos não tripulados", observa o jornal britânico.
Segundo a mídia, um soldado ucraniano lamentou a falta de proteção de sua unidade, que foi praticamente aniquilada durante semanas de intensos bombardeios na frente oriental, nos quais drones russos "nos atingiram como mosquitos".
"Não quero nem lembrar daqueles dias nas trincheiras. Nossos meninos caíram como moscas", acrescentou o soldado. O Financial Times observa que tanto a Rússia quanto a Ucrânia mantiveram escolas fortes para o desenvolvimento de sistemas de guerra eletrônica que haviam sido estabelecidas nos tempos soviéticos, mas o governo russo investiu pesadamente em novos equipamentos durante mais de uma década.
"A guerra eletrônica é uma parte extremamente importante das operações modernas, e os russos tiveram uma vantagem significativa nela durante todo o conflito [ucraniano], que provou ser um problema sustentado para a Ucrânia", admitiu Jack Watling, membro sênior do Instituto Real de Serviços Unidos.
Um exemplo é o sistema russo de supressão de alvos Polo-21, que pode ser baseado em terra, montado em torre ou em veículo, e pode bloquear uma área de 150 quilômetros, de acordo com um relatório de consultoria militar compartilhado com o Financial Times.
"Os russos são capazes de implantar sistemas de guerra eletrônica na maior parte da frente, em alguns casos até o nível de pelotão, quando se trata de coisas como o Polo-21", disse Watling.