https://noticiabrasil.net.br/20240208/o-mestre-de-marionetes-como-os-estados-unidos-foram-capazes-de-manipular-o-destino-da-ucrania-32962728.html
'O mestre de marionetes': como os Estados Unidos foram capazes de manipular o destino da Ucrânia?
'O mestre de marionetes': como os Estados Unidos foram capazes de manipular o destino da Ucrânia?
Sputnik Brasil
O conflito na Ucrânia já dura quase dois anos e provou ser o principal experimento antirrusso dos Estados Unidos no continente europeu. Hoje, a pergunta que... 08.02.2024, Sputnik Brasil
2024-02-08T16:38-0300
2024-02-08T16:38-0300
2024-02-08T19:27-0300
panorama internacional
rússia
vladimir zelensky
victoria nuland
ucrânia
estados unidos
união soviética
otan
acordos de minsk
cia
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e8/02/08/32964338_0:173:3026:1875_1920x0_80_0_0_628fc87e7d2ba74c5bd2d077ab2252e1.jpg
Ora, a verdadeira história por trás do conflito na Ucrânia começa com o fim da União Soviética. Afinal, quando o Muro de Berlim veio abaixo, Mikhail Gorbachev fez algo que parecia impensável: a saber, retirou mais de 400 mil soldados da Alemanha Oriental, permitindo assim a reunificação do país.Entretanto, esse gesto de boa vontade por parte do líder soviético veio acompanhado de uma condição: de que o Ocidente não moveria a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) uma polegada que fosse para o leste. Pouco tempo depois, entretanto, Zbigniew Brzezinski, geoestrategista americano que trabalhou com o presidente Jimmy Carter na década de 1970, escreveu um artigo para a prestigiosa revista Foreign Affairs, em 1997, propondo expandir a OTAN até as fronteiras russas.Na época, o próprio George Kennan, um dos diplomatas mais importantes da história americana e arquiteto da política de contenção à União Soviética durante a Guerra Fria, se opôs à ideia, entendendo que a expansão da OTAN alienaria em definitivo a Rússia. Durante a década de 1990, vale lembrar, a Rússia se encontrava enfraquecida política e economicamente, necessitando da ajuda ocidental para a transição de sua economia. Não era conveniente, portanto, tratar a Rússia como se ela ainda fosse um adversário do Ocidente. Seja como for, apesar dos apelos contrários, Washington decidiu dar sinal verde à expansão da OTAN, incorporando Polônia, Hungria e República Tcheca em 1999.O incremento da Aliança Atlântica, portanto, passou a ser movido não pelo bom senso, mas sim pelos interesses econômicos e geopolíticos estadunidenses. Junta-se a isso o fato de os Estados Unidos terem deixado em 2002 o Tratado de Limitação de Mísseis Antibalísticos, que tinha o intuito de proibir seu uso e sua implantação em território europeu. Moscou queria renovar esse tratado, ao passo que os americanos optaram por deixá-lo unilateralmente, aumentando assim o clima de instabilidade na Europa. Logo, pouco após a segunda expansão da OTAN, em 2004, os Estados Unidos implantaram sistemas de mísseis antibalísticos em países como Romênia e Polônia numa clara provocação à Rússia.O principal golpe nas relações entre Moscou e o Ocidente, porém, veio em 2014. Naquele ano, na esteira dos protestos em Kiev, as potências ocidentais (Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos) fizeram vista grossa ao golpe de Estado na Ucrânia, que derrubou o então presidente eleito Viktor Yanukovich. Washington, que havia gasto cerca de 5 bilhões de dólares de ajuda à Ucrânia, usou parte desse dinheiro para alimentar operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) naquele país.Por meio de infiltração em organizações locais, os Estados Unidos conseguiram incitar e incendiar ainda mais o ânimo popular, terminando justamente com a derrubada de um líder considerado pró-russo em Kiev. Na época, tudo o que Yanukovich queria era uma "Ucrânia neutra", mantendo relações balanceadas tanto com a Rússia quanto com a União Europeia. Washington, por sua vez, queria instalar um governo pró-Estados Unidos em Kiev, um governo que pudesse manipular como uma marionete a fim de atender aos seus interesses econômicos e geopolíticos.E foi exatamente isso o que aconteceu. Victoria Nuland, que em 2014 era secretária assistente de Estado, trocou mensagens — posteriormente vazadas — com o então embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, sugerindo nomes para o próximo gabinete ucraniano a ser formado no pós-golpe.Nuland sabia com semanas de antecedência sobre a derrubada de Yanukovich, o que demonstra o grau de penetração americana na Ucrânia. Seja como for, Washington foi bem-sucedido em sua missão de promover o golpe de Estado no país em 2014.Logo, encorajados pelo apoio estrangeiro, Kiev decidiu retomar à força o controle dos territórios em Donbass que se recusaram a reconhecer as novas autoridades centrais. Ataques sucessivos foram dirigidos às regiões de Donetsk e Lugansk, predominantemente povoadas por russos étnicos.Kiev começou também a aprovar leis que restringiam o uso da língua russa em todo o país, especialmente em esferas governamentais. A violência que irrompe a partir de então culminou em 2022 na morte de mais de 14 mil pessoas, fato ignorado pelas lideranças ocidentais.Em todos esses anos, Vladimir Putin conclamava a comunidade internacional a olhar para o sofrimento dos russos étnicos de Donbass desde 2014.Não obstante, nos meses que se seguiram ao golpe de Estado em Kiev, o líder russo tentou chegar a um modus vivendi com as autoridades ucranianas por meio dos Acordos de Minsk, que visavam federalizar a Ucrânia, mantendo assim sua integridade territorial. Potências europeias como Alemanha e França também participaram das negociações e concordaram com suas cláusulas, mas nunca incentivaram Kiev a cumprir com os acordos.Então chegamos ao ano de 2019, com a eleição do ex-comediante Vladimir Zelensky para o cargo de presidente. Zelensky fez uma campanha eleitoral com promessas de alcançar a paz com a Rússia e de cumprimento dos Acordos de Minsk, o que nunca chegou a pôr em prática depois de eleito. Por pressão das forças ultranacionalistas dentro do país e sob a influência estadunidense, Zelensky transformou-se então em mais uma marionete a mando da Casa Branca, não mais do que um instrumento para enfraquecer a posição da Rússia no espaço pós-soviético.Na prática, o governo dos Estados Unidos passou a dirigir os rumos da Ucrânia, preparando Kiev militarmente para uma investida ainda mais violenta contra a região de Donbass e seduzindo sua elite com promessas de adesão à OTAN.Ao final de 2021 e no início de 2022, a Rússia tenta novamente evitar uma tragédia, negociando com lideranças ocidentais e exigindo garantias de segurança a Moscou. Os esforços de Putin, no entanto, foram mais uma vez ignorados. Com isso, não restou alternativa à Rússia senão iniciar a sua operação militar especial em fevereiro de 2022.Tudo o que Moscou propunha era resolver suas diferenças com o Ocidente e com Kiev pela via diplomática. Entretanto, os Estados Unidos e o Reino Unido impediram Zelensky de negociar a paz com a Rússia, optando pelo prolongamento do conflito e do derramamento de sangue. A história mostra, portanto, que o custo de toda esta tragédia humanitária que vemos hoje recai justamente sobre os ombros da marionete e de seu mestre, a controlar as cordas desde o outro lado do oceano.As opiniões expressas neste artigo podem não coincidir com as da redação.
https://noticiabrasil.net.br/20240205/ucrania-nao-pode-ser-discutida-sem-abordar-expansao-da-otan-para-o-leste-diz-observadora-dos-eua-32895627.html
https://noticiabrasil.net.br/20230222/elon-musk-diz-que-ninguem-pressiona-mais-o-conflito-na-ucrania-do-que-victoria-nuland-27772664.html
ucrânia
estados unidos
kiev
washington
moscou
donbass
donetsk
lugansk
minsk
união soviética
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2024
Valdir da Silva Bezerra
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e7/0b/11/31534004_442:403:2086:2047_100x100_80_0_0_d805a9dc808d7cbb8a7e0afbd56c1fa7.jpg
Valdir da Silva Bezerra
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e7/0b/11/31534004_442:403:2086:2047_100x100_80_0_0_d805a9dc808d7cbb8a7e0afbd56c1fa7.jpg
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e8/02/08/32964338_148:0:2879:2048_1920x0_80_0_0_064a70f2a024641e9e393fbc6a53f1e0.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
Valdir da Silva Bezerra
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e7/0b/11/31534004_442:403:2086:2047_100x100_80_0_0_d805a9dc808d7cbb8a7e0afbd56c1fa7.jpg
rússia, vladimir zelensky, victoria nuland, ucrânia, estados unidos, união soviética, otan, acordos de minsk, cia, casa branca, kiev, exclusiva, viktor yanukovich, organização do tratado do atlântico norte, vladimir putin, mikhail gorbachev, zbigniew brzezinski, jimmy carter, washington, moscou, donbass, donetsk, lugansk, minsk, acordo de minsk, união soviética, agência central de inteligência, kremlin
rússia, vladimir zelensky, victoria nuland, ucrânia, estados unidos, união soviética, otan, acordos de minsk, cia, casa branca, kiev, exclusiva, viktor yanukovich, organização do tratado do atlântico norte, vladimir putin, mikhail gorbachev, zbigniew brzezinski, jimmy carter, washington, moscou, donbass, donetsk, lugansk, minsk, acordo de minsk, união soviética, agência central de inteligência, kremlin
Ora, a verdadeira história por trás do conflito na Ucrânia começa com o
fim da União Soviética. Afinal, quando o Muro de Berlim veio abaixo,
Mikhail Gorbachev fez algo que parecia impensável: a saber, retirou mais de
400 mil soldados da Alemanha Oriental, permitindo assim a reunificação do país.
Entretanto, esse gesto de boa vontade por parte do líder soviético veio acompanhado de
uma condição: de que o Ocidente não moveria a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) uma polegada que fosse para o leste. Pouco tempo depois, entretanto,
Zbigniew Brzezinski, geoestrategista americano que trabalhou com o presidente
Jimmy Carter na década de 1970, escreveu um
artigo para a prestigiosa revista Foreign Affairs, em 1997, propondo expandir a OTAN até as fronteiras russas.
Na época, o próprio
George Kennan, um dos diplomatas mais importantes da história americana e arquiteto da política de contenção à União Soviética durante a Guerra Fria, se opôs à ideia, entendendo que a
expansão da OTAN alienaria em definitivo a Rússia.

5 de fevereiro 2024, 08:14
Durante a década de 1990, vale lembrar, a Rússia se encontrava enfraquecida política e economicamente, necessitando da ajuda ocidental para a transição de sua economia. Não era conveniente, portanto, tratar a Rússia como se ela ainda fosse um adversário do Ocidente. Seja como for, apesar dos apelos contrários, Washington decidiu dar sinal verde à expansão da OTAN, incorporando Polônia, Hungria e República Tcheca em 1999.
O incremento da Aliança Atlântica, portanto, passou a ser movido não pelo bom senso, mas sim pelos interesses
econômicos e geopolíticos estadunidenses. Junta-se a isso o fato de os Estados Unidos terem deixado em 2002 o
Tratado de Limitação de Mísseis Antibalísticos, que tinha o intuito de proibir seu uso e sua implantação em território europeu.
Moscou queria renovar esse tratado, ao passo que os americanos optaram por deixá-lo unilateralmente, aumentando assim o clima de instabilidade na Europa. Logo, pouco após a segunda expansão da OTAN, em 2004, os Estados Unidos implantaram sistemas de mísseis antibalísticos em países como Romênia e Polônia numa clara provocação à Rússia.
O principal golpe nas relações entre
Moscou e o Ocidente, porém, veio em 2014. Naquele ano, na esteira dos protestos em Kiev, as potências ocidentais (Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos) fizeram vista grossa ao golpe de Estado na Ucrânia, que derrubou o então presidente eleito
Viktor Yanukovich. Washington, que havia gasto cerca de 5 bilhões de dólares de ajuda à Ucrânia, usou parte desse dinheiro para
alimentar operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) naquele país.
Por meio de infiltração em organizações locais, os
Estados Unidos conseguiram incitar e incendiar ainda mais o ânimo popular, terminando justamente com a derrubada de um líder considerado pró-russo em Kiev. Na época, tudo o que Yanukovich
queria era uma "Ucrânia neutra", mantendo relações balanceadas tanto com a Rússia quanto com a União Europeia. Washington, por sua vez, queria instalar um governo pró-Estados Unidos em Kiev, um governo que pudesse manipular como uma marionete a fim de atender aos seus interesses econômicos e geopolíticos.
E foi exatamente isso o que aconteceu.
Victoria Nuland, que em
2014 era secretária assistente de Estado, trocou mensagens — posteriormente vazadas — com o então embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, sugerindo nomes para o próximo gabinete ucraniano a ser formado no pós-golpe.
Nuland sabia com semanas de antecedência sobre a derrubada de Yanukovich, o que demonstra o grau de penetração americana na Ucrânia. Seja como for, Washington foi bem-sucedido em sua missão de promover o golpe de Estado no país em 2014.

22 de fevereiro 2023, 23:02
Logo, encorajados pelo apoio estrangeiro, Kiev decidiu retomar à força o controle dos territórios em Donbass que se recusaram a reconhecer as novas autoridades centrais. Ataques sucessivos foram
dirigidos às regiões de Donetsk e Lugansk, predominantemente povoadas por russos étnicos.
Kiev começou também a aprovar leis que restringiam o uso da língua russa em todo o país, especialmente em esferas governamentais. A violência que irrompe a partir de então culminou em 2022 na morte de mais de 14 mil pessoas, fato ignorado pelas lideranças ocidentais.
Em todos esses anos, Vladimir Putin conclamava a comunidade internacional a olhar para o sofrimento dos russos étnicos de Donbass desde 2014.
Não obstante, nos meses que se seguiram ao golpe de Estado em Kiev, o líder russo tentou chegar a um modus vivendi com as autoridades ucranianas
por meio dos Acordos de Minsk, que visavam federalizar a Ucrânia, mantendo assim sua integridade territorial. Potências europeias como
Alemanha e França também participaram das negociações e concordaram com suas cláusulas, mas nunca incentivaram Kiev a cumprir com os acordos.
Então chegamos ao ano de 2019, com a eleição do ex-comediante
Vladimir Zelensky para o cargo de presidente. Zelensky fez uma campanha eleitoral com promessas de alcançar a paz com a Rússia e de
cumprimento dos Acordos de Minsk, o que nunca chegou a pôr em prática depois de eleito. Por pressão das forças ultranacionalistas dentro do país e sob a influência estadunidense, Zelensky transformou-se então em mais uma marionete a mando da
Casa Branca, não mais do que um instrumento para enfraquecer a posição da Rússia no espaço pós-soviético.
Na prática, o governo dos
Estados Unidos passou a dirigir os rumos da Ucrânia, preparando
Kiev militarmente para uma investida ainda mais violenta contra a região de Donbass e seduzindo sua elite com promessas de adesão à OTAN.
Ao
final de 2021 e no início de 2022, a Rússia tenta novamente evitar uma tragédia, negociando com lideranças ocidentais e exigindo garantias de segurança a Moscou. Os esforços de Putin, no entanto, foram mais uma vez ignorados. Com isso, não restou alternativa à Rússia senão iniciar a sua
operação militar especial em fevereiro de 2022.
Tudo o que Moscou propunha era resolver suas diferenças com o Ocidente e com Kiev pela via diplomática. Entretanto, os Estados Unidos e o Reino Unido impediram Zelensky de negociar a paz com a Rússia, optando pelo prolongamento do conflito e do derramamento de sangue.
A história mostra, portanto, que o custo de toda esta tragédia humanitária que vemos hoje recai justamente sobre os ombros da marionete e de seu mestre, a controlar as cordas desde o outro lado do oceano.
As opiniões expressas neste artigo podem não coincidir com as da redação.