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Lula no Egito: Israel não cumpre decisões emanadas da ONU, 'precisamos de cessar-fogo imediato'

© Foto / Ricardo Stuckert/Presidência da RepúblicaO presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarca no Cairo, Egito, 14 de fevereiro de 2024
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarca no Cairo, Egito, 14 de fevereiro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 15.02.2024
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Visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visa aproximar o Brasil dos países da África e do Oriente Médio e estabelecer uma crescente parceria estratégica.
Primeiro presidente brasileiro a visitar o Egito, Lula relembrou que sua visita ao Cairo, há 20 anos, era um olhar do Brasil para o mundo para além do eixo central — EUA e Europa — visando o desenvolvimento e o multilateralismo.
No início de sua fala, Lula não pôde deixar de lembrar que o mundo está vivendo um período geopolítico complicado, e agradeceu ao presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, pela ajuda na evacuação de brasileiros da Faixa de Gaza em função do conflito entre Israel e o Hamas.
"No momento em que nós deveríamos estar falando no aumento da produção de alimentos para o mundo. No momento em que nós deveríamos estar falando em crescimento econômico, distribuição de renda, geração de empregos, nós estamos falando em guerras", declarou Lula mencionando o conflito ucraniano e lembrando que a ONU, órgão que deveria antecipar e colaborar com a dissolução de tais problemas é hoje incapaz de atuar na questão.
"O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas. E nós condenamos e chamamos o ato de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, [que] a pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças — coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento", declarou Lula.
Segundo o presidente, as instituições multilaterais que foram criadas para ajudar a solucionar problemas desta natureza não funcionam. Lula seguiu dizendo que conta com o Egito para mudar esta realidade para que os órgãos de governança global possam assumir as funções para as quais foram idealizados originalmente.
"É preciso que o Conselho de Segurança da ONU tenha outros países participando, outros países da África, da América Latina. É preciso que tenha uma nova geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países e que os membros do conselho sejam pacifistas e não atores que fomentam a guerra", criticou o presidente.
Para Lula, a ONU perde importância na medida em que suas decisões são meramente figurativas e que não é capaz de ajudar pragmaticamente em situações que perturbem a paz e a segurança mundiais. Citando o conflito Israel-Hamas, Lula lembrou o papel importante do Egito e agradeceu ao Cairo publicamente.
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"A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas. [...] E eu não poderia deixar de começar toda minha conversa agradecendo ao presidente al-Sisi pela solidariedade que ele teve em ajudar o Brasil para que a gente conseguisse tirar as brasileiras e brasileiros que estavam na Faixa de Gaza", destacou ele.
Lula destacou o papel que ambas as economias têm em suas respectivas regiões pelo tamanho de seu mercado e pelo potencial de crescimento nas mais diferentes áreas chamando a atenção para a participação egípcia na balança comercial brasileira e nos ganhos que os países terão se seguirem na direção dos acordos já estipulados na direção do desenvolvimento e da manutenção da paz, quer seja na África ou no Oriente Médio.

"É urgente estabelecer um cessar-fogo definitivo que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida, imediata, e incondicional liberação de reféns. O Brasil é terminantemente contrário à tentativa de deslocamento forçado do povo palestino. Por esse motivo entre outros, o Brasil se manifestou em apoio a um processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África do Sul. Não haverá paz sem um Estado palestino convivendo lado a lado com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas internacionalmente reconhecidas. Tenho certeza de que hoje estamos inaugurando um novo e importante capítulo nas nossas relações bilaterais. Por isso, quero agradecer, senhor presidente, [pelo] carinho do povo do Egito e [pelo] seu, pessoalmente", concluiu Lula.

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