Chanceler israelense volta a exigir pedido de desculpas de Lula em rede social
15:04 28.02.2024 (atualizado: 15:29 28.02.2024)
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de abertura da 37ª Cúpula da União Africana, na sede da organização. Adis Abeba, Etiópia, 16 de fevereiro de 2024
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert
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Ignorando as vias diplomáticas, o ministro das Relações Exteriores Israel Katz publicou uma postagem na rede social X (antigo Twitter) ironizando o presidente brasileiro por ter dito em entrevista que não usou a palavra "Holocausto" em sua crítica à ofensiva israelense na Faixa de Gaza.
Israel Katz tornou a usar as redes sociais para exigir um pedido de desculpas do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, por conta das críticas feitas à ofensiva israelense na Faixa de Gaza.
Nesta quarta-feira (28), em uma postagem na rede social X (antigo Twitter), Katz ironizou a declaração de Lula, que em entrevista recente ressaltou não ter usado a palavra "Holocausto" em sua crítica à ofensiva israelense, feita em um discurso realizado durante sua viagem à Etiópia. A postagem vinha acompanhada de uma montagem ironizando o presidente brasileiro.
הנשיא לולה בראיון ל-@_ENoticia מתפתל ומסביר: "לא אמרתי שואה". @LulaOficial אמרת שהמלחמה הצודקת של ישראל נגד החמאס בעזה זהה למה שהיטלר והנאצים עשו ליהודים ופגעת בזכר 6 מיליון היהודים שנרצחו בשואה. לא נשכח ולא נסלח.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 28, 2024
תתבייש ותתנצל! pic.twitter.com/4WCoXVYljf
O presidente Lula, em entrevista para o @_ENotícia, ficou evasivo e disse: "Não falei Holocausto". @LulaOficial, você disse que a guerra justa de Israel contra o Hamas em Gaza é igual ao que Hitler e os nazistas fizeram com os judeus, e ofendeu a memória de 6 milhões de judeus assassinados no Holocausto. Não vamos esquecer, nem perdoar. Envergonhe-se e peça desculpas!
Lula abordou a questão em uma entrevista concedida ao programa de entrevistas É Notícia, da emissora Rede TV!, na terça-feira (27).
"Primeiro, eu não disse a palavra 'Holocausto', isso foi interpretação do primeiro-ministro de Israel, não foi minha", disse o presidente.
O presidente afirmou ainda que não esperava que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, compreendesse sua declaração e disse que mantém sua posição.
"Eu diria a mesma coisa, porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender. Eu conheço o cidadão [Netanyahu], sei o que ele pensa ideologicamente", disse Lula.
O presidente também destacou que o que está em curso em Israel não é uma guerra de um Exército contra outro.
"Não podemos ser hipócritas de achar que uma morte é diferente da outra. Você não tem em Gaza uma guerra de exército altamente preparado contra exército altamente preparado, você tem uma guerra de exército altamente preparado contra mulheres e crianças", disse Lula.
Ele também lançou dúvidas quanto ao número de combatentes do grupo Hamas mortos, divulgado pelo governo israelense. "Quantas pessoas do Hamas foram apresentadas mortas? Você inventa determinadas mentiras e passa a trabalhar como se fosse verdade", disse o presidente.
Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desencadeada em 18 de fevereiro, após o presidente Lula criticar a ofensiva israelense na Faixa de Gaza em um discurso feito na Etiópia, no âmbito de sua visita à União Africana.
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus", disse o presidente na ocasião.
A declaração gerou críticas do governo israelense, e no dia seguinte Katz declarou Lula persona non grata em Israel.