https://noticiabrasil.net.br/20240301/participacao-alema-em-ataque-a-ponte-da-crimeia-e-quase-uma-declaracao-de-guerra-diz-especialista-33350690.html
Analista: plano alemão de ataque à Ponte da Crimeia é 'quase uma declaração de guerra'
Analista: plano alemão de ataque à Ponte da Crimeia é 'quase uma declaração de guerra'
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O comandante Robinson Farinazzo, especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, comentou à Sputnik Brasil o recente escândalo provocado pelo... 01.03.2024, Sputnik Brasil
2024-03-01T15:46-0300
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Ele expressou preocupação com as possíveis ramificações do plano alemão, o que levantaria questões sobre o conhecimento do governo. Vale ressaltar que o Ministério da Defesa germânico se recusou a comentar o caso.Caso se trate de uma dissidência dentro do Exército alemão, o especialista entende que os militares envolvidos deverão passar por conselhos de Justiça e cortes marciais. No entanto, "se o governo tiver ciência disso, é mais grave ainda e quase uma declaração de guerra da Alemanha".Além disso, ele avalia que a reação russa pode determinar o desenrolar dos fatos. "O fato realmente é grave, é uma intenção de agressão de um país contra outro. Essa situação pode sair do controle, se não for bem administrada, se as respectivas chancelarias não jogarem água nessa fogueira."Guerra híbrida já ocorre antes da operação militar russaFarinazzo também ressalta o contexto mais amplo do conflito na região. Segundo ele, a guerra híbrida em andamento, com participação de países ocidentais, já existe há tempos — citando eventos como a Revolução Laranja e o Euromaidan, por exemplo.O comandante também apontou para a fragilidade na segurança das comunicações militares: "A revelação desses áudios mostra que os alemães têm uma falha muito grande no seu sigilo de comunicações, [e] que os sistemas de escuta da Rússia funcionam muito bem."Por fim, ele enfatiza a importância das decisões políticas que serão tomadas nos próximos dias e semanas, especialmente em relação ao apoio internacional à Ucrânia. "Há um certo passo atrás de diversos países da Europa em apoiar a Ucrânia."Farinazzo conclui que se a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos recusar na totalidade a ajuda militar a Kiev, será "o fim da linha para a Ucrânia".Silêncio do governo alemãoFarinazzo entende que a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, tem feito seu papel diplomático, enquanto o governo alemão, em silêncio, estaria admitindo a culpa ou buscando tempo. "Não podemos descartar a possibilidade de os backchannels [interlocutores não públicos] russos e alemães estarem conversando no sentido de ajeitar as coisas."O especialista militar explica que os mísseis Taurus — utilizados no ataque considerado terrorista pela Rússia — têm alcance maior que o Storm Shadow e o Scalp, devido a um motor mais eficiente. "O Storm Shadow e o Scalp têm motor turbojet e o Taurus tem um motor turbofan. Especula-se que a ogiva destrutiva do Taurus seria mais efetiva."A participação alemã no planoNesta sexta-feira (1º), foi divulgada uma conversa entre representantes do alto escalão da Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) em que se discutia um ataque à Ponte da Crimeia.Quatro representantes, incluindo o chefe do departamento de operações e exercícios da Força Aérea, participaram da conversa, ocorrida em 19 de fevereiro de 2024.O brigadeiro-general Frank Graefe, chefe do departamento de operações e exercícios do Comando da Força Aérea em Berlim, o inspetor da Força Aérea Ingo Gerhartz e dois funcionários do centro de operações aéreas do Comando Espacial da Bundeswehr discutiram o envio de equipamento militar à Ucrânia e um consequente ataque à Ponte da Crimeia.
https://noticiabrasil.net.br/20240301/editora-chefe-da-sputnik-audio-comprova-que-bundeswehr-participou-do-ataque-a-ponte-da-crimeia-33345346.html
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Analista: plano alemão de ataque à Ponte da Crimeia é 'quase uma declaração de guerra'
15:46 01.03.2024 (atualizado: 16:32 01.03.2024) Especiais
O comandante Robinson Farinazzo, especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, comentou à Sputnik Brasil o recente escândalo provocado pelo vazamento de uma gravação de uma conversa entre oficiais alemães sobre planos de ataque à Ponte da Crimeia com mísseis Taurus.
Ele expressou preocupação com as possíveis ramificações do plano alemão, o que levantaria questões sobre o conhecimento do governo. Vale ressaltar que o Ministério da Defesa germânico se recusou a comentar o caso.
"Ou o governo sabia de tudo e está envolvido até o pescoço, ou ele não sabia de nada e é uma conspiração."
Caso se trate de uma dissidência dentro do Exército alemão, o especialista entende que os militares envolvidos deverão passar por conselhos de Justiça e cortes marciais. No entanto, "se o governo tiver ciência disso, é mais grave ainda e quase uma declaração de guerra da Alemanha".
Além disso, ele avalia que a reação russa pode determinar o desenrolar dos fatos. "O fato realmente é grave, é uma intenção de agressão de um país contra outro. Essa situação pode sair do controle, se não for bem administrada, se as respectivas chancelarias não jogarem água nessa fogueira."
"Se a Rússia encarar isso como uma provocação bastante séria, eu não sei quais são as medidas que o governo russo pode adotar."
Guerra híbrida já ocorre antes da operação militar russa
Farinazzo também ressalta o contexto mais amplo do
conflito na região. Segundo ele, a
guerra híbrida em andamento, com
participação de países ocidentais, já existe há tempos — citando eventos como a Revolução Laranja e o Euromaidan, por exemplo.
"A guerra híbrida já existe faz tempo, e as próprias sanções fazem parte. Eu acho que todas essas medidas só estão prolongando mais o sofrimento do povo ucraniano, porque no terreno vemos que a situação das Forças Armadas da Ucrânia está cada vez mais difícil", disse, citando que foi constatado que militares americanos já morreram no conflito.
O comandante também apontou para a fragilidade na segurança das comunicações militares: "A revelação desses áudios mostra que os alemães têm uma falha muito grande no seu sigilo de comunicações, [e] que os sistemas de escuta da Rússia funcionam muito bem."
"O Ocidente, os altos oficiais da OTAN já entenderam que a Ucrânia não tem condições de vencer essa guerra. O ataque contra a ponte seria um 'grande abalo moral' para a Rússia, não tenho dúvida disso, mas não acho que vai interromper o fluxo das operações, que a Rússia pode manter, através de barcos ou com a linha férrea, para abastecer a Crimeia."
Por fim, ele enfatiza
a importância das decisões políticas que serão tomadas nos próximos dias e semanas, especialmente em relação ao
apoio internacional à Ucrânia. "Há um certo passo atrás de diversos países da Europa em apoiar a Ucrânia."
"Isso pode ser comprovado pelo fato de que o presidente francês, Emmanuel Macron, deu uma declaração desastrada e ninguém se alinhou com ele. Todo mundo negou o que ele disse, no sentido de enviar tropas para a Ucrânia."
Farinazzo conclui que se a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos recusar na totalidade a ajuda militar a Kiev, será "o fim da linha para a Ucrânia".
Silêncio do governo alemão
Farinazzo entende que a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, tem feito seu papel diplomático, enquanto o governo alemão, em silêncio, estaria admitindo a culpa ou buscando tempo. "Não podemos descartar a possibilidade de os backchannels [interlocutores não públicos] russos e alemães estarem conversando no sentido de ajeitar as coisas."
"[Olaf] Scholz [chanceler alemão] já se pronunciou contra [o uso de mísseis], a maior parte dos políticos é contra. Agora, se existe uma rebeldia nas Forças Armadas alemãs, já está mais do que na hora de o Poder Executivo fazer valer sua autoridade", opina.
O especialista militar explica que os mísseis Taurus — utilizados no ataque considerado terrorista pela Rússia — têm alcance maior que o Storm Shadow e o Scalp, devido a um motor mais eficiente. "O Storm Shadow e o Scalp têm motor turbojet e o Taurus tem um motor turbofan. Especula-se que a ogiva destrutiva do Taurus seria mais efetiva."
"Mas a grande preocupação da Rússia é justamente o alcance — o Taurus pode chegar a uns 500 quilômetros de alcance, ou seja, os ucranianos poderiam em tese atingir localidades no oeste da Rússia para além da fronteira entre os dois países."
A participação alemã no plano
Nesta sexta-feira (1º), foi divulgada uma conversa entre representantes do alto escalão da Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) em que se discutia
um ataque à Ponte da Crimeia.
Quatro representantes, incluindo o chefe do departamento de operações e exercícios da Força Aérea, participaram da conversa, ocorrida em 19 de fevereiro de 2024.
O brigadeiro-general
Frank Graefe, chefe do departamento de operações e exercícios do Comando da Força Aérea em Berlim, o inspetor da Força Aérea
Ingo Gerhartz e dois funcionários do centro de operações aéreas do Comando Espacial da Bundeswehr discutiram o envio de
equipamento militar à Ucrânia e um consequente ataque à Ponte da Crimeia.