Em nota, Itamaraty lamenta que 'governo Netanyahu divulgue informações incorretas' sobre Lula
10:47 08.03.2024 (atualizado: 12:15 08.03.2024)
© AFP 2023 / Evaristo SáO presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, gesticula durante a cerimônia de lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento, no Palácio do Planalto, em Brasília, em 27 de setembro de 2023
© AFP 2023 / Evaristo Sá
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Fala do presidente brasileiro sobre Gaza ainda repercute na diplomacia entre Brasil e Israel. No entanto, representante da chancelaria israelense diz que Tel Aviv quer retomar as negociações com o Brasil "como era antes".
Na quinta-feira (7), o Itamaraty afirmou por meio de uma nota que lamenta o fato de Israel divulgar "informações incorretas" sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Além de sua histórica amizade com Israel, como demonstração de reverência à história do povo judeu, o presidente Lula prestou homenagem no Museu do Holocausto em 2010, em visita àquele país [...]. O governo brasileiro lamenta a divulgação, por parte de autoridades do governo Netanyahu, de informações incorretas sobre o presidente de um país amigo, em redes sociais e contatos com a mídia", disse a chancelaria brasileira, citada pelo UOL.
Nesta semana, o vice-diretor da divisão de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Jonathan Peled, disse sobre a relação entre Brasília e Tel Aviv que "quando há uma declaração antissemita como a do presidente Lula ou quando nossa existência é posta em questão, trata-se de uma linha vermelha".
© AFP 2023 / Gali TibbonO presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silvia, deposita uma coroa de flores no Salão da Memória do memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, em 16 de março de 2010
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silvia, deposita uma coroa de flores no Salão da Memória do memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, em 16 de março de 2010
© AFP 2023 / Gali Tibbon
Peled citou também outros líderes latino-americanos, como o da Colômbia, Gustavo Petro, e o Chile, Gabriel Boric. Segundo o diplomata, eles também têm falas antissemitas.
"Uma potência regional, talvez uma potência global, não pode desempenhar o papel de tomar partido contra qualquer dos lados. Se você isola Israel ou aposta contra Israel, não pode se considerar uma potência regional ou global que possa ter qualquer papel de negociação ou intermediação", afirmou.
No entanto, o vice-diretor disse que Israel "quer retomar negociações" com o Brasil e ressaltou que os países não romperam relações.
"Nós queremos soluções diplomáticas [...]. Estamos tentando acalmar as coisas, esperamos que o lado brasileiro também [...] palavras e declarações têm consequências."
No dia 19 de fevereiro, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, declarou Lula como "persona non grata" e fez o embaixador do Brasil em Israel ser tratado de "forma ultrajante" no país, nas palavras do assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, conforme noticiado.
Em meados de fevereiro, Lula disse que o que acontece na Faixa de Gaza já aconteceu uma vez no mundo "quando Hitler resolveu matar os judeus". A fala teve grande repercussão interna e externamente.
No final de fevereiro, a ONU informou que 25% da população no enclave "estava a um passo da fome". Pelo menos 30.717 palestinos foram mortos e 72.156 feridos em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde do enclave. O número de mortos em Israel é de cerca de 1.300 e 250 sequestrados.