Bases dos EUA em torno do Irã se tornaram calcanhar de Aquiles de Washington, diz analista à Sputnik
17:08 14.04.2024 (atualizado: 18:05 14.04.2024)
© AP Photo / Vahid SalemiManifestante iraniano acende um sinalizador enquanto outros carregam uma bandeira palestina durante ato em celebração ao ataque do Irã contra Israel, em Teerã. Irã, 14 de abril de 2024
© AP Photo / Vahid Salemi
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Para Michael Maloof, ex-analista sênior de segurança do gabinete do secretário de Defesa dos EUA, bases que foram concebidas para servir de ferramenta de dissuasão a Teerã se tornaram expostas a ataques diante da escalada de tensão no Oriente Médio.
O ataque massivo do Irã contra Israel lançado a partir do próprio território iraniano sinaliza que o conflito pode escalar para fora de controle, afirmou à Sputnik Michael Maloof, ex-analista sênior de segurança do gabinete do secretário de Defesa dos EUA.
"A minha preocupação é que isso possa facilmente evoluir para algo não apenas entre Irã e Israel, mas para além da região do Oriente Médio", disse Maloof.
No sábado (13), o Irã lançou um ataque massivo com uso de drones contra Israel, afirmando ser uma resposta ao ataque israelense contra o consulado do Irã na Síria, realizado no dia 1º de abril, que matou sete membros da elite do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).
Maloof destacou que o Irã primeiro lançou "enxames de drones com luzes acesas como sinal de guerra psicológica", mas disse que o envio posterior de mísseis de cruzeiro e balísticos por Teerã foi uma "escalada distinta".
Ele acrescentou que a escalada sugere que Teerã tinha como objetivo enviar uma mensagem demonstrando que possui capacidades bélicas extraordinárias.
"Eles desenvolveram extraordinariamente as suas capacidades de mísseis, têm drones, mísseis de cruzeiro e alguns dos mísseis balísticos mais precisos da região neste momento", disse Maloof.
Maloof afirmou que o Irã lançou seus dispositivos mais lentos, como drones e UAVs, mas sublinhou que o país também afirma ter mísseis hipersônicos.
"Acho que se Israel retaliasse, então eles usariam mísseis mais sofisticados e hipersônicos, potencialmente, se os tiverem. Então estamos falando de uma escalada muito séria em toda a região. Já é sem precedentes, mas essa escalada pode até ser intensificada, o que poderia trazer outras e se estender para além da região."
Para o analista, todos os sinais apontam para a potencial eclosão de uma guerra regional maior. Segundo ele, tudo depende agora da reação de Israel.
"Acho que já estamos recebendo a mensagem de [Benjamin] Netanyahu e de seus ministros de que eles vão responder [ao ataque iraniano]. A forma como responderem determinará a extensão dessa escalada na região [do Oriente Médio]. Estou bastante preocupado que nenhum dos lados desista neste momento", disse Maloof.
O analista afirmou que Netanyahu está preparado para "continuar uma guerra sem fim na região", e sabendo que tem o apoio dos EUA poderia aproveitar essa janela de oportunidade para atacar.
"Ele pode não ter essa oportunidade sob uma potencial administração [Donald] Trump que pode chegar ao poder [após as eleições dos EUA em novembro]", disse o especialista.
Maloff afirma que os EUA já foram sugados para o conflito, e destacou que já existe um apelo no Congresso americano para acelerar a aprovação de um decreto para conceder US$ 14 bilhões (cerca de R$ 71 bilhões) em ajuda para Israel.
Porém, Maloof destaca que as bases americanas posicionadas em torno do Irã se tornaram um calcanhar de Aquiles para Washington.
"Se tiver um enxame [de drones lançados], onda após onda de enxames, Israel terá muita dificuldade para se defender contra isso. E é por isso que os EUA estão agora entrando [na questão], isso envolve diretamente os EUA", salientou Maloof.
"Temos cerca de 35 bases que cercam o Irã, e elas se tornaram vulneráveis. Elas foram concebidas para servir de dissuasão [ao Irã]. Claramente, a dissuasão não está mais em questão aqui. Agora, elas se tornaram o calcanhar de Aquiles norte-americano devido à sua vulnerabilidade ao ataque. Elas têm sistemas de defesa aérea, mas eles precisam ser reabastecidos. E dado que há uma guerra ativa acontecendo agora na região, será difícil fazer esse reabastecimento", complementou.