Especialista: Biden mira unidade radical das FDI com sanções para apaziguar seus eleitores
13:51 22.04.2024 (atualizado: 14:24 22.04.2024)
© AFP 2023 / Menahem KahanaArquivo: soldados israelenses do batalhão judeu ultraortodoxo Netzah Yehuda realizam as orações matinais enquanto participam de seu treinamento anual de unidade nas Colinas de Golã anexadas a Israel
© AFP 2023 / Menahem Kahana
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Fontes disseram à mídia dos EUA e de Israel no fim de semana que a Casa Branca está planejando sancionar o polêmico batalhão Netzah Yehuda (Vitória de Judá) das Forças de Defesa de Israel (FDI) por supostas violações dos direitos humanos na Cisjordânia. A Sputnik perguntou ao doutor em relações internacionais, Simon Tsipis, o que isso significa.
O portal Axios informou no sábado (20) que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está planejando anunciar sanções contra um batalhão ultraortodoxo das FDI, com as medidas esperadas para impedir que os combatentes do batalhão possam receber assistência e treinamento militar dos EUA.
A investigação dos EUA sobre Netzah Yehuda remonta a antes da atual escalada israelo-palestina, com o Departamento de Estado iniciando uma investigação à unidade em dezembro de 2022, depois de tropas terem sido apanhadas envolvidas em violência contra civis palestinos na Cisjordânia ocupada. Um desses incidentes levou à morte de um homem palestino-americano de 78 anos.
Para o dr. Simon Tsipis, especialista em relações internacionais baseado em Tel Aviv, estas forças têm "uma atitude agressiva para com os palestinos, e tem havido muitos casos de violação das regras da guerra, agressão contra civis que vivem em redor destes colonatos judaicos" na Cisjordânia, explicou o observador, notando que esta agressão decorre da perspectiva sionista dos combatentes de que todos os palestinos são "inimigos diretos".
No que diz respeito aos planos de sanções da administração dos EUA, "esta é uma tentativa de matar dois coelhos com uma cajadada só", acredita Tsipas. Em primeiro lugar, as sanções se destinam "a criar a aparência de punir Israel", disse ele, com Biden e os democratas tentando desesperadamente recuperar "pelo menos parte do voto árabe e muçulmano" nas próximas eleições, em meio a queda de popularidade do presidente nas pesquisas de intenção de voto.
Para o especialista, as restrições não pretendem enfraquecer as capacidades militares de Israel, mas sinaliza o descontentamento dos democratas com a coligação sionista de extrema-direita e de direita religiosa de Netanyahu.
"Isto é um golpe para o sionismo como ideologia, não uma tentativa de influenciar Israel para que pare, suspenda ou seja de outra forma incapaz de continuar as suas operações militares na Faixa de Gaza, ou mesmo a [potencial] guerra iminente com o Irã", disse o observador.
"Seria mais correto perguntar se isto afetará a deterioração dos laços entre os Estados Unidos e o movimento sionista, e a resposta é sim [...]. Ao desferir um golpe contra o movimento sionista, que constitui metade do governo [israelense], a pressão está sendo exercida indiretamente de dentro para fora sobre Benjamin Netanyahu." As forças da oposição de Israel devem apenas acolher bem as sanções, disse o observador.
A capacidade de resposta de Netanyahu será limitada, acredita o especialista, dadas as pressões que enfrenta a nível interno.
"Portanto, não creio que Israel possa tomar quaisquer medidas retaliatórias. Mesmo que deseje muito fazê-lo, Israel não terá agora absolutamente nenhuma alavanca de pressão contra os democratas enquanto estes permanecerem no poder. Será outra história se perderem o poder após as eleições do outono [Hemisfério Norte]", resumiu o dr. Tsipis.