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Homens ucranianos pagam de US$ 3 mil a US$ 10 mil para evitar a guerra por procuração da OTAN

© AFP 2023 / Yuriy DyachyshynArquivo: pessoal de segurança da fronteira monta guarda no posto de controle Korczowa-Krakovets, na fronteira entre a Ucrânia e a Polônia, a cerca de 70 km da cidade de Lvov
Arquivo: pessoal de segurança da fronteira monta guarda no posto de controle Korczowa-Krakovets, na fronteira entre a Ucrânia e a Polônia, a cerca de 70 km da cidade de Lvov - Sputnik Brasil, 1920, 22.04.2024
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Kiev e Washington sinalizaram a sua disponibilidade para continuar a guerra por procuração da OTAN contra a Rússia "até o último ucraniano", com o Parlamento da Ucrânia aprovando uma nova lei de mobilização (11) e a Câmara dos Representantes um pacote de assistência de US$ 61 bilhões (20). As medidas ameaçam levar a Ucrânia ao colapso demográfico.
Um número crescente de homens ucranianos em idade para lutar estão fazendo tudo o que podem para evitar serem convocados para lutar, naquilo que cada vez mais ucranianos comuns começam a ver como um "jogo político mortal", jogado no interesse de lobistas políticos e militares nos EUA e outros atores estrangeiros.
O porta-voz do Serviço de Fronteiras do Estado, Andrei Demchenko, anunciou nesta segunda-feira (22) que os traficantes de pessoas estão ganhando entre US$ 3.000 e US$ 10.000 (R$ 15.576,30 e R$ 51.921) por cabeça para contrabandear homens para fora da Ucrânia.
Os pagamentos são feitos enquanto os guardas de fronteira realizam restrições impostas em fevereiro de 2022 para impedir que homens de idades entre 18 e 60 anos deixem o país.

"Quando os infratores são detidos, são processados para identificar os organizadores dos esforços para os contrabandear através da fronteira e para descobrir outros detalhes, incluindo quanto pagaram aos organizadores desta viagem ilegal. Via de regra, os preços variam de US$ 3 mil a US$ 10 mil", disse Demchenko em entrevista à TV ucraniana.

O porta-voz disse que foram registrados casos de organizadores que utilizaram menores como guias para a operação de tráfico de pessoas, estando os menores protegidos de responsabilidade criminal caso sejam apanhados.
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Os pagamentos a traficantes de pessoas são apenas uma das formas que os ucranianos em idade de combater procuram para escapar do conflito. Alguns tentam subornar inspetores do serviço de fronteira ou utilizar documentos falsos que lhes permitem sair do país (há cerca de dez casos deste tipo registrados diariamente, segundo Demchenko).
Outros tentam escapar através da fronteira com a Moldávia e a Romênia de forma independente, arriscando ocasionalmente as suas vidas no processo.
A mídia romena informou nesta segunda-feira que equipes de resgate encontraram dois cidadãos ucranianos que se perderam nas montanhas após cruzarem ilegalmente a fronteira, sendo que a operação exigiu o uso de um helicóptero. Os dois homens, de 30 e 31 anos, confirmaram às equipes de resgate que fizeram a caminhada para "evitar acabar no front".
Outros homens que tiveram a infelicidade de serem convocados tentaram escapar do conflito rendendo-se às forças russas. Na semana passada, o Ministério da Defesa da Rússia publicou imagens de nove militares da 25ª Brigada Aerotransportada Separada de elite da Ucrânia se rendendo coletivamente às tropas russas na República Popular de Donetsk (RPD). As tropas desmoralizadas acusaram os seus comandantes de usá-las como bucha de canhão e relataram ter sido bombardeadas pelos seus próprios camaradas enquanto faziam a viagem para o lado russo.
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Os ucranianos mais ricos e os funcionários públicos, no entanto, beneficiam-se de vias legais para evitar conflitos. O escandaloso projeto de lei aprovado na semana passada para reforçar as medidas de mobilização para convocar até 500.000 novos soldados apresentava propostas de exclusões para funcionários públicos e permitia que outros pagassem uma taxa, equivalente a cerca de US$ 520 (R$ 2.699,01) por mês — em um país onde o salário médio é de cerca de US$ 400 (R$ 2.076,48) por mês — para evitar ser convocado.
A Câmara dos Representantes dos EUA sinalizou no sábado a sua disponibilidade para retomar o financiamento da crise na Ucrânia, após um atraso de seis meses, aprovando quase US$ 61 bilhões (cerca de R$ 316,6 bilhões) em nova assistência militar e financeira a Kiev. A medida, criticada por um pequeno grupo de republicanos linha-dura que se opõem à ajuda adicional, deverá ser votada pelo Senado já na terça-feira (23), com alguns membros de Washington esperando que as entregas de armas dos EUA sejam retomadas antes do final da semana.
Moscou criticou a decisão da Câmara de concordar em fornecer armas adicionais para a crise, com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia acusando "as elites dominantes nos EUA, independentemente da filiação partidária", de estarem "prontas para armar o regime em Kiev para que este seja capaz de lutar até o último ucraniano", mesmo quando Washington reconhece que não pode contar com uma "mítica vitória ucraniana".
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