EUA alocam dinheiro para Kiev apenas 'para salvar sua reputação' e isto não muda nada, diz analista
12:23 25.04.2024 (atualizado: 13:01 25.04.2024)
© AP Photo / Andrew HarnikO presidente Joe Biden fala durante uma entrevista coletiva com o presidente ucraniano Vladimir Zelensky na Sala Leste da Casa Branca em Washington, 21 de dezembro de 2022
© AP Photo / Andrew Harnik
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A maior parte do dinheiro projetado na nova lei de defesa nacional que contém assistência a Kiev ficaria nos Estados Unidos, disse o cineasta Regis Tremblay à Sputnik. Na sua opinião, a atual política antirrussa do presidente dos EUA, Joe Biden, apenas procura fortalecer a sua posição nas próximas eleições.
Segundo cineasta Regis Tremblay, que atualmente reside na Crimeia, a resposta da opinião pública russa à aprovação pelos EUA da lei de defesa nacional que prevê, entre outras coisas, milhões de dólares em assistência a Kiev, tem sido muito mais discreta do que no país da América do Norte.
A lei de ajuda à Ucrânia, a Israel e ao Indo-Pacífico gerou uma controvérsia significativa. A maioria dos legisladores do Partido Democrata, agora totalmente ligados aos interesses do complexo militar-industrial nacional, votou a favor do financiamento, enquanto o Partido Republicano permanece fortemente dividido sobre a questão. Assim, alguns conservadores propuseram a remoção do presidente da Câmara, Mike Johnson, do cargo por apoiar gastos massivos.
"Aqueles que prestam atenção [à lei de ajuda aprovada] sabem que a maior parte desses US$ 61 bilhões [cerca de R$ 315,7 bilhões] nunca chegará à Ucrânia. Eles sabem que acabarão no complexo militar-industrial dos EUA para reabastecer os arsenais dos EUA. E agora? Quanto é que vai chegar à Ucrânia? Bem, acho que as pessoas podem ter certeza de que parte desse dinheiro vai acabar nos bolsos do [presidente ucraniano Vladimir] Zelensky e de seus comparsas", enfatizou Tremblay.
O pouco que acabará por ser atribuído a Kiev e às suas Forças Armadas não mudará a situação no front, sublinhou ele. Em sua opinião, a atual política do presidente dos EUA, Joe Biden, procura criar uma imagem forte do presidente que se esforça para "vencer esta guerra contra a Rússia".
"É tudo fanfarronice, tudo foi pensado para garantir que Joseph Biden continue a ser um candidato viável nas próximas eleições", sublinhou.
Quanto ao desenvolvimento do conflito ucraniano, Tremblay acredita que "esta guerra basicamente acabou". Ele observou que atualmente não há verba ou armas que possa ser despejada na Ucrânia para ajudá-la a vencer. Ao mesmo tempo, a única coisa que poderá criar "um verdadeiro problema para o mundo" é se os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) decidirem enviar as suas tropas para lá, o que foi levantado em discursos do presidente da França, Emmanuel Macron, e de vários outros líderes.
"A outra parte é que o dinheiro [projetado na lei de ajuda] é realmente insignificante quando se trata das necessidades da Ucrânia. Os sistemas de defesa aérea Patriot custam bilhões de dólares. Não sei quem nos EUA quer enviar mais Patriot para a Ucrânia que vai ser destruído, penso que os EUA estão a enviar este dinheiro apenas para não perderem reputação e respeito."
Tremblay chamou a atenção para o fato de o mundo estar se tornando multipolar. Neste contexto, destacou o papel do grupo BRICS, da Organização para Cooperação de Xangai (OCX) e da Iniciativa Cinturão e Rota que impulsionam o processo.
"Esta situação se tornou mais perigosa e imprevisível devido à relutância dos EUA em aceitar o seu legítimo lugar na ordem mundial como um entre iguais", comentou.