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Oferta e concorrência justificam alta no mercado aeronáutico latino-americano, aponta analista

© Folhapress / Mathilde MissioneiroEm São Paulo, agentes de saúde examinam viajantes que chegam ao aeroporto de Congonhas, em meio à pandemia da COVID-19, em 1º de junho de 2021
Em São Paulo, agentes de saúde examinam viajantes que chegam ao aeroporto de Congonhas, em meio à pandemia da COVID-19, em 1º de junho de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 25.04.2024
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Brasil, Colômbia e México iniciaram 2024 com número recorde de passageiros em voos domésticos e internacionais, com crescimento superior a 13% em relação a 2023. Em diálogo com a Sputnik, o analista aeronáutico Nicolás Larenas atribuiu o boom à chegada de novas companhias aéreas e a uma "mudança filosófica" ocorrida após COVID-19.
Quatro anos depois de a pandemia de COVID-19 ter deixado o setor em xeque, o mercado aeronáutico latino-americano atravessa um momento de crescimento com números recorde de passageiros e novas companhias aéreas. Brasil, Colômbia e México, por exemplo, tiveram em fevereiro de 2024 o melhor número de passageiros pelo segundo mês do ano em toda a sua história, segundo relatório da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA).
O estudo da ALTA, publicado em abril, mas com dados fechados até fevereiro, indica que nesse mês viajaram 38,5 milhões de passageiros de e para a América Latina e Caribe, 13,4% a mais que no mesmo período de 2023. Enquanto os voos domésticos aumentaram 8,6%, nos voos internacionais o aumento foi mais acentuado, atingindo 19%.
Os dados são mais impressionantes tomando como referência o México, a Colômbia e o Brasil, três dos mais importantes centros aeronáuticos da região. A Colômbia se destacou com um aumento de 37% no número de passageiros com voos internacionais, enquanto o Brasil teve um aumento de 29%, ultrapassando pela primeira vez os 2 milhões de passageiros no mês de fevereiro. O México, por sua vez, foi origem ou destino de 4,9 milhões de passageiros internacionais, 13% a mais que no mesmo mês de 2023.
"O aumento nestes três mercados se deve sobretudo ao fato de haver mais concorrência entre companhias aéreas, tanto tradicionais como low cost ou ultra low cost. Como há mais concorrência, há um dinamismo que baixou consideravelmente os preços nestes mercados, possibilitando que mais pessoas voem", explicou o analista aeronáutico equatoriano Nicolás Larenas à Sputnik.
O especialista explicou que, quando surge uma nova companhia aérea no mercado aeronáutico, "todo o mercado é estimulado" e impulsiona todo o setor para cima. Ao contrário das teorias que indicam que as companhias aéreas de baixo custo colocam em risco as companhias aéreas tradicionais, Larenas afirmou que "quando uma companhia aérea de baixo custo entra no mercado, incentiva mais pessoas a voar e obriga as companhias aéreas tradicionais a baixarem os seus preços para não perderem passageiros".
Este fenômeno, segundo o especialista, faz com que o mercado ganhe novos passageiros, dado que "há pessoas que querem e podem adquirir passagens e que antes não conseguiam devido ao preço". Um dado significativo é que o aumento de passageiros internacionais ocorreu mais fortemente nos voos intrarregionais, especialmente entre Brasil e Chile e entre Argentina e Brasil.
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Larenas destacou que um dos dados mais importantes é que a América Latina e o Caribe já ultrapassaram o número de passageiros registrado em 2019, pouco antes da pandemia, e "a tendência continua aumentando. Poderá haver alguma diminuição no percentual de crescimento, talvez passe de 7% em 2023 para 4%, mas as perspectivas são de que o mercado continue a crescer devido à maior concorrência no setor", considerou.
A isto, o especialista acrescentou outro fato que não escapa aos analistas: depois do surto da COVID-19, as pessoas querem viajar mais.
"Depois da pandemia houve um boom, não só na América Latina, mas em todo o mundo, de que as pessoas querem viajar, precisam voar mais e não ficar presas. As pessoas querem sair, explorar o mundo e seus países, aproveitar a vida", resumiu Larenas.
Embora o analista reconheça que se trata "até de uma questão filosófica" que pode escapar aos estudos estritamente técnicos, esta mudança no estilo de vida de muitos latino-americanos "é um fenômeno que se tem verificado na indústria aeronáutica".
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