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Seria 'estranho' Brasil participar da PGII dos EUA, e não do Cinturão e Rota da China, diz analista
Seria 'estranho' Brasil participar da PGII dos EUA, e não do Cinturão e Rota da China, diz analista
Sputnik Brasil
Os EUA, em clima de "guerra fria" com a China, teriam lançado a Parceria para Infraestrutura e Investimento Global como contraponto ao Cinturão e Rota do país... 22.05.2024, Sputnik Brasil
2024-05-22T19:01-0300
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A Parceria para Infraestrutura e Investimento Global (PGII, na sigla em inglês), como o próprio nome indica, pretende, como afirmado por líderes do G7 no ano passado, responder à demanda global por financiamento de infraestrutura em países de baixa e média renda.O programa se apresenta, para pesquisadores, como uma contrapartida ao Cinturão e Rota, proposto pela China, com o intuito de investir em infraestrutura em países mundo afora.De acordo com Thiago Rodrigues, cientista político e professor no Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (Inest/UFF), o plano de levar infraestrutura e investimento por parte dos EUA, vêm, pelo menos, desde a Segunda Guerra Mundial, onde o país articula "planos de investimento para as suas zonas de influência, tentando articular o desenvolvimento do capitalismo em zonas semiperiféricas e periféricas".Nesse sentido, o professor afirma que a ideia dos norte-americanos é "gerar condições materiais de infraestrutura para que o capitalismo das empresas norte-americanas possa atuar em regiões nas quais não há infraestrutura satisfatória para a expansão e reprodução do capital", além do estímulo em aprofundar relações entre o capital dos EUA e as elites econômicas locais desses países beneficiados e contrapor alternativas de hegemonia, como atualmente é o caso da China.O que está por trás do interesse dos EUA no Brasil?Em entrevista à Folha de S.Paulo, a embaixadora norte-americana no Brasil, Elizabeth Bagley, afirmou que os EUA são o maior investidor estrangeiro do mundo e destacou o relacionamento com o governo Lula, além do bicentenário das relações entre os países como trunfo para que o Brasil entre na PGII, ao passo que ainda não entrou na Iniciativa Cinturão e Rota.Para Lucas Peixoto Pinheiro da Silva, doutorando em relações internacionais pela Universidade de São Paulo (USP), o interesse dos EUA com o Brasil — no que tange as parcerias de investimento global e em infraestrutura — diz respeito à busca de um "espaço geopolítico que tende a competir um pouco com a grande oferta de investimentos que a China tem promovido na área de infraestrutura mundo afora".Se aproximar do Brasil e de outros países da América Latina é também parte de uma estratégia global, inclusive com documentos publicados pela Casa Branca, conforme o pesquisador, através da prática conhecida como nearshoring.Isso implica "garantir alternativas no fornecimento de certos insumos, aumentando a resiliência de suas cadeias produtivas, e fortalecer os laços com esses países próximos dos Estados Unidos que têm sido, vamos dizer assim, aliciados pelo grande crescimento econômico da China", detalha.A PGII, entretanto, é considerada incipiente por alguns pesquisadores. Renato Ungaretti, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGEEI/UFRGS), destaca que a iniciativa norte-americana "ainda é marcada por indefinições quanto ao seu escopo e aos mecanismos de financiamento".Qual das propostas pode ser mais vantajosa para o Brasil?De acordo com os especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, as propostas dos EUA e da China não seriam excludentes, ou seja, o Brasil não tem necessariamente que aceitar uma ou outra."Inclusive, dos 15 países hoje que fazem parte da PGII encabeçada pelos Estados Unidos, seis países — Angola, República Democrática do Congo, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Zâmbia — também fazem parte da nova Rota da Seda, ou da Belt and Road Initiative", explica Pinheiro.Rodrigues analisa que o Brasil, neste momento, deve apostar naquilo que é sua tradição: a busca por autonomia. "Autonomia significa a capacidade de poder se movimentar diante dos interesses nacionais com maior flexibilidade em um cenário complexo", diz.Ungaretti reforça que, diante das possibilidades, o Brasil deve se manter aberto a investimentos norte-americanos, chineses e de outros países, "desde que estejam alinhados às prioridades de desenvolvimento de longo prazo do país".O pesquisador da UFRGS ainda acrescenta que o Brasil não precisa entrar na Iniciativa Cinturão e Rota para negociar com a China, tampouco da PGII para negociar com os EUA.Em relação à Iniciativa Cinturão e Rota, de acordo com Pinheiro, pode haver um impasse no governo federal sobre sua adesão ou não, justamente pelas vantagens que o Brasil poderia obter, uma vez que já é o maior receptor de investimento estrangeiro direto da China na América Latina.Por essa razão, Pinheiro acredita que, entre o parceiro bicentenário (EUA) e o atual maior parceiro comercial (China), o Brasil, para evitar um mal-estar político, deve, sim, aderir à iniciativa americana, contanto que o país possa aderir "primeiro à iniciativa chinesa".Minerais críticos seriam 'o mote' da disputa pelo Brasil?A embaixadora dos EUA no Brasil, em sua entrevista à Folha de S.Paulo, enfatizou o interesse do seu país em fomentar parcerias com o Brasil, sobretudo por conta dos minerais críticos e do hidrogênio verde.Bagley, inclusive, mencionou reuniões que teve com o ministro dos Transportes, Renan Filho, e com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para tratar do assunto.Pinheiro contextualiza que o acordo sobre minerais críticos e terras-raras pode remontar a parcerias do passado entre os países, inclusive durante a Segunda Guerra Mundial, quando o "Brasil era um fornecedor de terras-raras em troca de material bélico".Na "guerra fria" tecnológica travada por EUA e China, em relação a semicondutores e produção de baterias elétricas, setores que estão competindo com muita intensidade, é factível que, ao passo que a China é grande produtora dessa matéria-prima, "os Estados Unidos querem garantir a fluência desses minerais, e o Brasil é um importante produtor desses insumos", finaliza Pinheiro.
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A Parceria para Infraestrutura e Investimento Global (PGII, na sigla em inglês), como o próprio nome indica, pretende, como afirmado por líderes do G7 no ano passado, responder à demanda global por financiamento de infraestrutura em países de baixa e média renda.
O programa se apresenta, para pesquisadores, como uma contrapartida ao Cinturão e Rota, proposto pela China, com o intuito de investir em infraestrutura em países mundo afora.
De acordo com Thiago Rodrigues, cientista político e professor no Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (Inest/UFF), o plano de levar infraestrutura e investimento por parte dos EUA, vêm, pelo menos, desde a Segunda Guerra Mundial, onde o país articula "planos de investimento para as suas zonas de influência, tentando articular o desenvolvimento do capitalismo em zonas semiperiféricas e periféricas".
Nesse sentido, o professor afirma que a ideia dos norte-americanos é "
gerar condições materiais de infraestrutura para que o capitalismo das empresas norte-americanas possa atuar em regiões nas quais não há infraestrutura satisfatória para a expansão e reprodução do capital", além do estímulo em aprofundar relações entre o capital dos EUA e as elites econômicas locais desses países beneficiados e contrapor alternativas de hegemonia, como atualmente é o
caso da China.
O que está por trás do interesse dos EUA no Brasil?
Em
entrevista à Folha de S.Paulo, a embaixadora norte-americana no Brasil, Elizabeth Bagley, afirmou que os EUA são o maior investidor estrangeiro do mundo e destacou o relacionamento com o governo Lula, além do bicentenário das relações entre os países como trunfo para que o Brasil entre na PGII, ao passo que ainda não entrou na Iniciativa Cinturão e Rota.
Para
Lucas Peixoto Pinheiro da Silva, doutorando em relações internacionais pela Universidade de São Paulo (USP), o
interesse dos EUA com o Brasil — no que tange as parcerias de investimento global e em infraestrutura — diz respeito à busca de um "espaço geopolítico que tende a competir um pouco com a grande oferta de investimentos que a China tem promovido na área de infraestrutura mundo afora".
"No momento de acirramento geopolítico entre os dois, me parece que os Estados Unidos têm como objetivo mostrar um contraponto, mostrar que eles também estão dispostos a comprar essa briga por investimentos na área de infraestrutura globalmente", acrescenta Pinheiro.
Se aproximar do Brasil e de outros países da América Latina é também parte de uma estratégia global, inclusive com documentos publicados pela Casa Branca, conforme o pesquisador, através da prática conhecida como nearshoring.
Isso implica "garantir alternativas no fornecimento de certos insumos, aumentando a resiliência de suas cadeias produtivas, e fortalecer os laços com esses países próximos dos Estados Unidos que têm sido, vamos dizer assim, aliciados pelo grande crescimento econômico da China", detalha.
A PGII, entretanto, é considerada incipiente por alguns pesquisadores. Renato Ungaretti, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGEEI/UFRGS), destaca que a iniciativa norte-americana "ainda é marcada por indefinições quanto ao seu escopo e aos mecanismos de financiamento".
Qual das propostas pode ser mais vantajosa para o Brasil?
De acordo com os especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, as propostas dos EUA e da China não seriam excludentes, ou seja, o Brasil não tem necessariamente que aceitar uma ou outra.
"Inclusive, dos 15 países hoje que fazem parte da PGII encabeçada pelos Estados Unidos, seis países — Angola, República Democrática do Congo, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Zâmbia — também fazem parte da nova Rota da Seda, ou da Belt and Road Initiative", explica Pinheiro.
Rodrigues analisa que o Brasil, neste momento, deve apostar naquilo que é sua tradição: a busca por autonomia. "Autonomia significa a capacidade de poder se movimentar diante dos interesses nacionais com maior flexibilidade em um cenário complexo", diz.
"O Brasil, como uma potência média, de interesse muito grande para o investimento do capital global, por seus recursos naturais, por seu mercado interno, tem a possibilidade de fazer essa barganha, ou seja, ficar acenando para lados distintos, procurando melhores condições de negócio com cada um desses lados", completa o professor.
Ungaretti reforça que, diante das possibilidades, o Brasil deve se manter aberto a investimentos norte-americanos, chineses e de outros países, "desde que estejam alinhados às prioridades de desenvolvimento de longo prazo do país".
O pesquisador da UFRGS ainda acrescenta que o Brasil não precisa entrar na
Iniciativa Cinturão e Rota para negociar com a China, tampouco da PGII para negociar com os EUA.
"O interesse de Washington no mercado brasileiro, especialmente no segmento de minerais estratégicos, não necessariamente depende da adesão do Brasil à Parceria para Infraestrutura e Investimento Global. Trata-se de algo que é do interesse de Washington, à medida que reforça a legitimidade de sua iniciativa frente aos países do Sul Global", avalia Ungaretti.
Em relação à Iniciativa Cinturão e Rota, de acordo com Pinheiro, pode haver um impasse no governo federal sobre sua adesão ou não, justamente pelas vantagens que o Brasil poderia obter, uma vez que já é o maior receptor de investimento estrangeiro direto da
China na América Latina.
"No caso da iniciativa americana, o PGII, pode ser que o Planalto decida, sim, participar, só que seria um pouco estranho participar da iniciativa americana sem participar da iniciativa chinesa também", comenta o pesquisador da USP.
Por essa razão, Pinheiro acredita que, entre o parceiro bicentenário (EUA) e o atual maior parceiro comercial (China), o Brasil, para evitar um mal-estar político, deve, sim, aderir à iniciativa americana, contanto que o país possa aderir "primeiro à iniciativa chinesa".
Minerais críticos seriam 'o mote' da disputa pelo Brasil?
A embaixadora dos EUA no Brasil, em sua entrevista à Folha de S.Paulo, enfatizou o interesse do seu país em fomentar parcerias com o Brasil, sobretudo por conta dos
minerais críticos e do hidrogênio verde.
Bagley, inclusive, mencionou reuniões que teve com o ministro dos Transportes, Renan Filho, e com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para tratar do assunto.
Pinheiro contextualiza que o acordo sobre minerais críticos e terras-raras pode remontar a parcerias do passado entre os países, inclusive durante a Segunda Guerra Mundial, quando o "Brasil era um fornecedor de terras-raras em troca de material bélico".
Na "guerra fria" tecnológica travada por EUA e China, em relação a semicondutores e produção de baterias elétricas, setores que estão competindo com muita intensidade, é factível que, ao passo que a China é grande produtora dessa matéria-prima, "os Estados Unidos querem garantir a fluência desses minerais, e o Brasil é um importante produtor desses insumos", finaliza Pinheiro.
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