B-2 vs. B-21: novo bombardeiro do Pentágono será outro desperdício de dinheiro?
10:50 23.05.2024 (atualizado: 13:23 23.05.2024)
© Foto / Força Aérea dos EUAPrimeira imagem de um bombardeiro B-21 Raider em voo
© Foto / Força Aérea dos EUA
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Revelado no final de 2022, o B-21 foi concebido como a resposta de próxima geração do Pentágono às capacidades cada vez mais sofisticadas de defesa antiaérea e de radar dos adversários dos EUA. A Sputnik explora o ambicioso projeto e seus problemas.
A Força Aérea dos EUA divulgou novas imagens do bombardeiro estratégico furtivo Northrop Grumman B-21 Raider, que os militares esperam que se torne "a espinha dorsal da frota de bombardeiros da Força Aérea dos EUA", durante testes na Base Aérea de Edwards, na Califórnia.
Os testes de voo da aeronave começaram em novembro. A Força Aérea espera que os B-21 comecem a entrar em serviço entre 2025 e 2027.
Entretanto, o Pentágono terá de se contentar com a sua "atraente peça de museu", os bombardeiros Northrop B-2 Spirit, criados durante o crepúsculo da Guerra Fria, introduzidos no final da década de 1990 e utilizados de forma limitada para bombardear a Iugoslávia, Iraque, Afeganistão e Líbia entre 1999 e 2017. A frota de bombardeiros B-2 foi aterrada em dezembro de 2022 após uma emergência misteriosa durante um voo sobre o Missouri, mas voltou ao serviço em maio de 2023.
B-2 vs. B-21: o que mudou?
À primeira vista, o B-21 parece semelhante ao B-2. Ambas são aeronaves elegantes e voadoras em forma de cunha, projetadas para entrar furtivamente no território inimigo para missões de bombardeio convencional ou nuclear, e devem transportar os mesmos tipos de munições, desde bombas planadoras ou não guiadas de 230 kg até munições guiadas com precisão de 910 kg, mísseis de cruzeiro e bombas nucleares B61 ou B83.
Mas a aeronave apresenta uma série de diferenças importantes, principalmente o tamanho — como sugerido pela configuração de dois motores descendentes do Pratt & Whitney F135 do B-21 — em comparação com os quatro turbofans General Electric F118-GE-100 do B-2. Tamanho menor significa carga útil menor (10-15 toneladas em vez de 18-23 toneladas, respectivamente). Também significa menos capacidade de combustível (9.650 km para o B-21 versus 11.100 km para o B-2).
O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, prometeu em 2022 que o B-21 apresentaria os mais recentes avanços em tecnologia furtiva, tornando difícil para "mesmo as defesas antiaéreas mais sofisticadas" detectá-lo. Os aviadores que o pilotarem certamente vão esperar que as palavras de Austin não sejam apenas uma ostentação vazia, com os adversários dos EUA, incluindo a Rússia e a China, desenvolvendo poderosos radares além do horizonte, especificamente para detectar as mais recentes aeronaves furtivas.
Também existem pequenas diferenças simbólicas. Enquanto os B-2 receberam o nome de estados dos EUA (Spirit of Missouri, Spirit of Kansas, etc.), o B-21 recebeu o nome dos Doolittle Raiders — o ousado aviador norte-americano da Segunda Guerra Mundial que bombardeou Tóquio quatro meses depois do Pearl Harbor em 1942, dando início a uma campanha que culminaria com os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki em 1945.
O que não mudou: os preços altos
Com um preço de mais de US$ 2,1 bilhões (cerca de R$ 10,7 bilhões) por avião, o B-2 detém o recorde de aeronave mais cara do mundo, com apenas 21 dos 132 B-2 planejados entregues. A Northrop Grumman promete que o B-21 custará "apenas" US$ 692 milhões (aproximadamente R$ 3,5 bilhões) por avião, mas se as experiências de desenvolvimento de seu antecessor e a trajetória geral dos novos projetos de aeronaves dos EUA servirem de referência, espera-se que custe muito mais no fim.
A Força Aérea quer pelo menos 100 unidades do B-21, em um total de US$ 69,2 bilhões (cerca de R$ 355,1 bilhões). Mas isso sem contar os custos de serviço, manutenção e outras despesas — que podem subir astronomicamente para os trilhões, como o programa F-35 da Lockheed Martin pode atestar.