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Pager, telefone fixo, mensageiros: como Hezbollah está 'enganando' Israel com baixa tecnologia?

© AFPSoldados israelenses protegem estrada enquanto foguetes são lançados do sul do Líbano nas Colinas de Golã anexadas por Israel, em 9 de julho de 2024
Soldados israelenses protegem estrada enquanto foguetes são lançados do sul do Líbano nas Colinas de Golã anexadas por Israel, em 9 de julho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 09.07.2024
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Após a morte de comandantes seniores em ataques aéreos israelenses direcionados, o Hezbollah tem usado algumas estratégias de baixa tecnologia para tentar escapar da sofisticada tecnologia de vigilância de seu inimigo, disseram fontes à Reuters.
De acordo com o relato das fontes à mídia, mensagens codificadas, telefones fixos e pagers são alguns dos recursos utilizados. Ao mesmo tempo, o grupo tem usado sua própria tecnologia, nomeadamente drones, para estudar e atacar as capacidades de coleta de inteligência de Israel.
Recentemente, o Hezbollah confirmou a morte de mais de 20 agentes — incluindo 3 comandantes de alto escalão, membros de sua unidade de forças especiais de elite Radwan e agentes de inteligência — em ataques israelenses direcionados longe das linhas de frente.
Mas o grupo tem aprendido com suas perdas e adaptou suas táticas de resposta, disseram à Reuters seis fontes familiarizadas com as operações, falando sob condição de anonimato para discutir questões delicadas de segurança.
Celulares, que podem ser usados ​​para rastrear a localização de um usuário, foram banidos do campo de batalha em favor de meios de comunicação mais tradicionais, incluindo pagers e mensageiros que entregam mensagens verbais pessoalmente, disseram duas das fontes.
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O Hezbollah também usa uma rede privada de telecomunicações de linha fixa que remonta ao início dos anos 2000, disseram três fontes.
Caso conversas sejam ouvidas, palavras-código são usadas para armas e locais de reunião, de acordo com outra fonte familiarizada com a logística do grupo. Elas são atualizadas quase diariamente e entregues às unidades por meio de entregadores, disse a fonte.

"Estamos enfrentando uma batalha na qual informação e tecnologia são partes essenciais. Mas quando você enfrenta certos avanços tecnológicos, você precisa voltar aos métodos antigos: os telefones, as comunicações pessoais […], qualquer método que permita que você contorne a tecnologia", disse Qassem Kassir, um analista libanês próximo ao Hezbollah, ouvido pela mídia.

Especialistas em segurança dizem que algumas contramedidas de baixa tecnologia podem ser bastante eficazes contra espionagem de alta tecnologia, principalmente em se tratando de Israel, que detém um poderio tecnológico militar forte.
Uma das maneiras pelas quais o falecido líder da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em diversos países) Osama bin Laden evitou a captura por quase uma década foi desconectar-se da Internet e dos serviços de telefone, usando entregadores para se comunicar, relembrou a agência britânica.
Após as forças israelenses terem matado, em série, agentes-chave do Hezbollah no Líbano, incluindo comandantes que desempenharam papéis de liderança na direção das operações do Hezbollah no sul, o grupo começou a suspeitar que Israel estava atacando seus combatentes rastreando seus celulares e monitorando vídeos de câmeras de segurança instaladas em prédios em comunidades fronteiriças.
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Em 28 de dezembro, o Hezbollah pediu aos moradores do sul, em uma declaração distribuída por meio de seu canal no Telegram, que desconectassem da Internet todas as câmeras de segurança que possuíam.
No início de fevereiro, outra diretriz foi emitida aos combatentes: nada de celulares perto do campo de batalha.

"O simples ato de usar uma VPN [rede privada virtual] ou, melhor ainda, não usar um celular pode tornar muito mais difícil encontrar e fixar um alvo", disse Emily Harding, ex-analista da CIA, à Reuters. "Mas essas contramedidas também tornam a liderança do Hezbollah muito menos eficaz na comunicação rápida com suas tropas", ponderou Harding.

O Hezbollah também tomou medidas para proteger sua rede telefônica privada após uma suspeita de violação por Israel, de acordo com um ex-oficial de segurança libanês e duas outras fontes familiarizadas com as operações do grupo.
A vasta rede foi criada há cerca de duas décadas, com cabos de fibra ótica que se estendiam dos redutos do Hezbollah nos subúrbios ao sul de Beirute até cidades no sul do Líbano e a leste, no vale do Bekaa, de acordo com autoridades do governo na época.
As fontes se recusaram a dizer quando ou como ela foi penetrada, mas disseram que os especialistas em telecomunicações do Hezbollah estavam dividindo-a em redes menores para limitar os danos caso seja violada novamente.
"Muitas vezes trocamos nossas redes fixas e as trocamos para que possamos escapar dos hackers e da infiltração", disse a fonte sênior à Reuters.
O grupo também vem alardeando sua capacidade de coletar suas próprias informações sobre alvos inimigos e atacar instalações de vigilância de Israel usando seu arsenal de pequenos veículos aéreos não tripulados de fabricação caseira.
Em 18 de junho, o Hezbollah publicou um trecho de nove minutos do que disse ser um vídeo coletado por sua aeronave de vigilância na cidade israelense de Haifa, fazendo registros de instalações militares e portuárias.
A Força Aérea Israelense disse que os sistemas de defesa aérea detectaram o drone, mas foi tomada a decisão de não interceptá-lo porque ele não tinha capacidades ofensivas, e isso poderia colocar moradores em perigo.
Outro vídeo divulgado pelo Hezbollah incluía fotos aéreas que ele disse ter coletado de um enorme balão de observação israelense conhecido como Sky Dew, um dia antes de ser atingido por um ataque de drones em 15 de maio.
O Hezbollah diz que também abateu ou assumiu o controle de meia dúzia de drones de vigilância israelenses, incluindo os modelos Hermes 450, Hermes 900 e SkyLark. Operadores do grupo desmontam os drones para estudar seus componentes, de acordo com duas das fontes.
Israel confirmou que cinco drones da força aérea foram abatidos por mísseis terra-ar enquanto operavam no Líbano.
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Os lados têm trocado tiros desde que o aliado palestino do Hezbollah na Faixa de Gaza, o Hamas, entrou em guerra com Israel, em outubro.
Enquanto a luta na fronteira sul do Líbano permaneceu relativamente contida, ataques intensificados nas últimas semanas impulsionaram a preocupação de que as ações podem se transformar em uma guerra em larga escala.
Dezenas de milhares de pessoas fugiram de ambos os lados da fronteira. Ataques israelenses mataram mais de 330 combatentes do Hezbollah e cerca de 90 civis no Líbano, de acordo com contagens da Reuters. Israel diz que os ataques no Líbano mataram 21 soldados e 10 civis.
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