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BRICS e luta contra a hegemonia ocidental: grupo se consolida como fórum da diplomacia mundial?
BRICS e luta contra a hegemonia ocidental: grupo se consolida como fórum da diplomacia mundial?
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Em meio a um xadrez político global cada vez mais multipolar, a perda da liderança dos Estados Unidos e da União Europeia abre caminho para a consolidação do... 07.08.2024, Sputnik Brasil
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Na América do Sul, o Brasil se consolida como um dos principais mediadores de impasses e conflitos, a exemplo das eleições na Venezuela contestadas sob a liderança dos Estados Unidos, que chegaram a reconhecer a vitória do candidato da oposição, enquanto Brasília mantém diálogo aberto com Caracas.Já no Oriente Médio, a China mediou um acordo histórico que fez Irã e Arábia Saudita retomarem as relações diplomáticas após anos de rompimento. E, desde o início do conflito na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 39 mil mortos, a Rússia se oferece para ajudar nas negociações para encerrar a crise entre palestinos e israelenses, principalmente com a defesa da criação do Estado da Palestina.Todos esses países formam um dos grupos mais pujantes da atualidade: o BRICS, que além de Brasil, China e Rússia, conta também com Índia, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Egito, Emirados Árabes Unidos e Etiópia. Vitor de Pieri, professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), defende à Sputnik Brasil que o conjunto é um "instrumento de equilíbrio político e econômico fundamental em um mundo cujas instituições supranacionais sofrem com o desrespeito ao direito internacional, especialmente de algumas potências ocidentais em decadência que se baseiam em estratégias da geopolítica clássica".Para o especialista, o principal objetivo do mundo ocidental é conter a presença e a influência dos países do Sul Global, cada vez mais pautados pela multipolaridade "em questões voltadas à segurança, finanças e outros temas internacionais". E são justamente essas nações que têm ecoado as denúncias de genocídio em um dos conflitos que mais preocupa o mundo ultimamente e que também marca a inércia da Organização das Nações Unidas (ONU): os bombardeios israelenses que destruíram praticamente todo o enclave palestino.Quais as principais características do BRICS?Após a entrada dos novos membros este ano e da demonstração de interesses de cada vez mais países em fazer parte do grupo, como Turquia e Venezuela, o BRICS já representa 31,5% do produto interno bruto (PIB) mundial e supera até o G7, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Além disso, os membros concentram 45% da extração diária de petróleo e contam com importantes reservas como lítio, essencial para as novas tecnologias.Outra questão é a ampliação de instrumentos multilaterais que o grupo gera em todo o mundo, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do BRICS, que busca fazer um contrapeso à atuação de organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, além da Nova Rota da Seda, liderada pela China, que deseja "influenciar nas transformações de um mundo mais multipolar no que tange às questões políticas, econômicas e financeiras internacionais".O que quer dizer um mundo multipolar?Nas relações internacionais, um mundo multipolar é caracterizado pela presença de vários "polos de poder" a nível mundial, em detrimento da hegemonia de uma potência ou um grupo. Marcos Cordeiro Pires, professor de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em assuntos ligados a Pequim, lembrou à Sputnik Brasil que o fortalecimento do BRICS ocorre em um momento em que Estados Unidos e UE tentam a todo custo defender a ordem internacional estruturada no século passado, após a Segunda Guerra Mundial. Além disso, segundo o especialista, estão envolvidos em praticamente todos os conflitos da atualidade.Além disso, lembra que Brasil e China já se disponibilizaram como possíveis mediadores para discutir a paz na Ucrânia, com Kiev e Moscou na mesa de discussões."Então, esse papel do BRICS é muito importante porque é criado outro eixo político, outro eixo de poder que efetivamente busca a aplicação das normas internacionais garantidas na ONU, que não são mais perseguidas pelos países que supostamente defendem um mundo baseado em regras", declarou.Inclusive, no G20, argumenta o especialista, os países que fazem parte dos dois grupos têm levantado pautas "que dizem respeito ao interesse da maioria da população mundial".
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ásia e oceania, américas, europa, rússia, benjamin netanyahu, marcos cordeiro pires, donald trump, estados unidos, china, irã, brics, onu, nova rota da seda, exclusiva, fundo monetário internacional, fmi, sul global, tribunal penal internacional (tpi), organização das nações unidas
BRICS e luta contra a hegemonia ocidental: grupo se consolida como fórum da diplomacia mundial?
19:59 07.08.2024 (atualizado: 21:33 07.08.2024) Especiais
Em meio a um xadrez político global cada vez mais multipolar, a perda da liderança dos Estados Unidos e da União Europeia abre caminho para a consolidação do BRICS como principal fórum da diplomacia mundial, apontam especialistas à Sputnik Brasil. Mesmo com sanções entre parte dos membros, grupo mostra a força no contexto internacional.
Na América do Sul,
o Brasil se consolida como um dos principais mediadores de impasses e conflitos, a exemplo das eleições na Venezuela contestadas sob a liderança dos Estados Unidos, que chegaram a
reconhecer a vitória do candidato da oposição, enquanto Brasília mantém diálogo aberto com Caracas.
Já no Oriente Médio, a China mediou um acordo histórico que fez Irã e Arábia Saudita retomarem as relações diplomáticas após anos de rompimento. E, desde o início do conflito na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 39 mil mortos, a Rússia se oferece para ajudar nas negociações para encerrar a crise entre palestinos e israelenses, principalmente com a defesa da criação do Estado da Palestina.
Todos esses países formam
um dos grupos mais pujantes da atualidade: o BRICS, que além de Brasil, China e Rússia, conta também com Índia, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Egito, Emirados Árabes Unidos e Etiópia. Vitor de Pieri, professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), defende à Sputnik Brasil que o conjunto é um "instrumento de
equilíbrio político e econômico fundamental em um mundo cujas instituições supranacionais sofrem com o desrespeito ao direito internacional, especialmente de algumas potências ocidentais em decadência que se baseiam em estratégias da geopolítica clássica".
Para o especialista, o principal objetivo do mundo ocidental é conter a presença e a
influência dos países do Sul Global, cada vez mais pautados pela multipolaridade "em questões voltadas à segurança, finanças e outros temas internacionais". E são justamente essas nações que têm ecoado as denúncias de genocídio em um dos conflitos que mais preocupa o mundo ultimamente e que também marca a
inércia da Organização das Nações Unidas (ONU): os bombardeios israelenses que destruíram praticamente todo o enclave palestino.
"Os países do BRICS têm feito a diferença no que tange ao genocídio promovido pelo governo Netanyahu. Brasil e África do Sul possuem uma postura mais incisiva na crítica aos crimes contra a humanidade e a China. Por outro lado, tem buscado juntar todos os atores direta e indiretamente envolvidos no conflito para uma solução definitiva. Creio que podem fazer a diferença frente a um apoio incondicional à Israel por parte de alguns países ocidentais, em especial, dos Estados Unidos", acrescenta.
Quais as principais características do BRICS?
Após a entrada dos novos membros este ano e da demonstração de interesses de cada vez mais países em fazer parte do grupo,
como Turquia e Venezuela, o BRICS já representa 31,5% do produto interno bruto (PIB) mundial e supera até o G7, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Além disso, os membros concentram 45% da extração diária de petróleo e contam com
importantes reservas como lítio, essencial para as novas tecnologias.
"São países com enorme influência política e econômica na atualidade, com suas diversas potências militares, especialmente nucleares. Também detêm um percentual do PIB mundial bastante considerável, e os territórios dos países signatários possuem as maiores reservas de recursos naturais do planeta. Esses e outros elementos transformam o BRICS em um contraponto à ordem internacional imposta pelo mundo ocidental", pontua.
Outra questão é a ampliação de instrumentos multilaterais que o grupo gera em todo o mundo, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do BRICS, que busca fazer um contrapeso à atuação de organismos como o
Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, além da Nova Rota da Seda, liderada pela China, que deseja "influenciar nas transformações de um mundo mais multipolar no que tange às questões políticas, econômicas e financeiras internacionais".
O que quer dizer um mundo multipolar?
Nas relações internacionais, um mundo multipolar é caracterizado pela presença de vários "polos de poder" a nível mundial, em detrimento da hegemonia de uma potência ou um grupo.
Marcos Cordeiro Pires, professor de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em assuntos ligados a Pequim, lembrou à Sputnik Brasil que o
fortalecimento do BRICS ocorre em um momento em que Estados Unidos e UE tentam a todo custo defender a ordem internacional estruturada no século passado, após a Segunda Guerra Mundial. Além disso, segundo o especialista, estão envolvidos em
praticamente todos os conflitos da atualidade.
"Por exemplo, a mediação de um conflito na Ucrânia, seria muito difícil de imaginar que se organizaria uma reunião em Kiev em que a Rússia não fosse convidada. Mas, por outro lado, a gente observa que Estados Unidos e União Europeia são partes da questão, apoiam a Ucrânia e não teriam uma visão neutra para buscar um tipo de consenso. Outro tema interessante diz respeito à própria questão do Irã, que fez um acordo com os EUA em 2015 e foi abandonado pelo ex-presidente Donald Trump. E o Irã perde a interlocução com os Estados Unidos, mas acaba encontrando interlocução com a China justamente para mediar a aproximação política entre os dois principais países do Oriente Médio, que são o Irã e a Arábia Saudita", resume.
Além disso, lembra que Brasil e China já se disponibilizaram como possíveis mediadores para discutir a paz na Ucrânia, com Kiev e Moscou na mesa de discussões.
"Então, esse papel do BRICS é muito importante porque é criado outro eixo político, outro eixo de poder que efetivamente busca a aplicação das normas internacionais garantidas na ONU, que não são mais perseguidas pelos países que supostamente defendem um mundo baseado em regras", declarou.
Inclusive, no G20, argumenta o especialista, os países que fazem parte dos dois grupos têm levantado pautas "que dizem respeito ao interesse da maioria da população mundial".
"A própria questão da África do Sul [sobre a guerra de Israel contra a Faixa de Gaza], uma atuação decisiva em defesa dos direitos humanos e contra o genocídio, que levou à condenação de líderes israelenses no Tribunal Penal Internacional. Uma questão importante para pensarmos na diplomacia diz respeito a outros poderes estruturais, que não apenas a questão política, mas também a questão produtiva, a questão tecnológica, a questão financeira. Se nós pensarmos no mundo que foi criado em 1945, praticamente só existia uma potência no mundo, que eram os Estados Unidos. Os países da Ásia e da África não tiveram quase representação nenhuma na criação da ONU, porque eram colônias de países europeus. Nesses 80 anos que nos separam desde o fim da Segunda Guerra Mundial, é importante notar que o peso econômico dos países do Sul Global aumentou de maneira significativa", finaliza.
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