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Paraguai tem 'mais interesse do que pode admitir' nas relações entre Mercosul e China, diz analista

© Divulgação / Ricardo StuckertOs presidentes do Panamá, José Raúl Mulino; do Paraguai, Santiago Peña; do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou; e da Bolívia, Luis Arce, durante cúpula do Mercosul em Assunção
Os presidentes do Panamá, José Raúl Mulino; do Paraguai, Santiago Peña; do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou; e da Bolívia, Luis Arce, durante cúpula do Mercosul em Assunção - Sputnik Brasil, 1920, 14.08.2024
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O governo do presidente do Paraguai, Santiago Peña, tem "mais interesse" do que pode expressar nas relações entre o Mercosul e a China, disse à Sputnik Julieta Heduvan, analista internacional e coordenadora da Associação Latino-Americana de Estudos de Ásia e África (ALADAA).

"O interesse do Paraguai no diálogo existe, e acredito que é maior do que podem ou querem admitir. No momento tentam não chamar a atenção para evitar conflitos internos ou abrir um debate público, visto que o processo está em uma etapa muito inicial. É uma forma prudente de agir para evitar um desgaste desnecessário em algo que ainda não está definido", afirmou a especialista.

Na última segunda-feira (12), ocorreu um encontro com as delegações dos países-membros do Mercosul e também da China, quando sua vice-ministra das Relações Exteriores, Hua Chunying, liderou o grupo do gigante asiático.
Único país da América do Sul e um dos 12 do mundo que mantém relações diplomáticas com Taiwan, a relação do país sul-americano com a questão não impediu que Assunção estivesse presente no encontro realizado em Montevidéu, capital do Uruguai.
Em relação aos paraguaios, a delegação foi liderada pela vice-ministra das Relações Econômicas e Integração, Patricia Frutos Ruíz. A Sputnik tentou uma entrevista com a autoridade, mas não obteve resposta.
O senador do Partido Nacional (Uruguai, centro-direita), Sergio Botana, disse à Sputnik que "chamou a atenção" dele o fato de as autoridades terem participado do diálogo, o que demonstra uma "atitude corajosa e livre". No último mês, o presidente Santiago Peña reiterou que seu país não está disposto a romper relações com Taiwan para concretizar um acordo comercial entre o Mercosul e a China.
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Mercosul como uma 'oportunidade'

Diante do diálogo com a China, a especialista avalia que o Mercosul se apresenta como uma "oportunidade" para o Paraguai, já que pode ser uma solução para as demandas dos setores exportadores do país sul-americano.

"A exportação de produtos paraguaios para a China está quase totalmente fechada, mas a importação de produtos chineses para o Paraguai está totalmente aberta, sendo, na verdade, o principal fornecedor do Paraguai. Diante desse cenário, o Mercosul oferece ao Paraguai a oportunidade de negociar e ingressar nesse mercado como parte de um bloco", acrescentou.

A especialista indicou que o país se mostrou "muito aberto" a estabelecer o diálogo com a China a partir do Mercosul. "Internamente, os setores agropecuários exportadores estão à espera de poder acessar o mercado chinês, que está bloqueado por decisão política de Pequim", indicou.
No dia 22 de março, o gerente-geral da Câmara Paraguaia de Carnes, Daniel Burt, disse à Sputnik que a postura dos diferentes governos do país em manter relações com Taiwan tem gerado repercussões negativas.
"Claramente é uma desvantagem para nosso mercado, para nossas exportações, considerando a importância que a China tem para as exportações de carne a nível mundial", afirmou.
Em junho de 2023, o então chanceler Rubén Ramírez Lezcano garantiu que o próximo governo do Paraguai estava aberto a estabelecer relações diplomáticas com a China "sem condicionamentos", já que o país asiático critica governos que negociam com Taiwan.
O ministro sustentou que a China é "o segundo mercado mais importante do mundo e o principal destino das matérias-primas agroalimentares do Mercosul".

"O que queremos é dar um salto nessa relação. O Paraguai hoje tem um desbalanceamento muito importante no comércio com a China. No ano passado importamos cerca de US$ 5 bilhões [R$ 27,3 bilhões]", acrescentou.

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Paraguai e as relações com Taiwan

Questionada se o avanço de um diálogo com a China poderia trazer consequências nas relações com Taiwan, Julieta Heduvan indicou que não deveria haver impacto.
"O Paraguai coloca como único limite para as negociações com a China o não condicionar o acordo a uma mudança de reconhecimento diplomático. Taiwan não se opõe ao Paraguai negociar com a China; é uma batalha perdida. No entanto, tenta compensar sua situação de desvantagem frente ao mercado chinês tentando absorver mais produtos paraguaios, o que se reflete, por exemplo, no aumento da importação de carne e na remoção de tarifas", apontou.
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, insiste na importância de alcançar um tratado de livre comércio com a China a nível do Mercosul, mas também tem a intenção de buscar um acordo bilateral com o gigante asiático. Enquanto isso, o Brasil demonstrou disposição em apoiar a abertura de negociações para um acordo entre o Mercosul e a China, alinhando-se à proposta do Uruguai.
O Mercosul e a China acordaram convocar a próxima edição do diálogo para 2025.
Enquanto isso, na última segunda-feira (13), o diretor para o Mercosul no Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Francisco Cannabrava, enfatizou à Sputnik que o diálogo entre o Mercosul e a China é "importante" porque "há muitos elementos" de cooperação entre o bloco e o gigante asiático. Cannabrava destacou que o encontro busca "expandir os contatos" do bloco com o resto do mundo.
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