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Documentos desvendam planos de 1940 do Reino Unido e da França para atacar a URSS

© AP PhotoVendedora de jornais de rua com máscara de gás pendurada em seu estojo nas costas, em Londres, Reino Unido, 4 de setembro de 1939
Vendedora de jornais de rua com máscara de gás pendurada em seu estojo nas costas, em Londres, Reino Unido, 4 de setembro de 1939 - Sputnik Brasil, 1920, 24.08.2024
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A Rússia publicou documentos da inteligência soviética que mostram que Paris e Londres contemplavam iniciativas sérias contra Moscou no início da Segunda Guerra Mundial.
O Reino Unido e a França tomaram no início de 1940 uma decisão fundamental para iniciar uma guerra contra a URSS, atacando a partir da Finlândia e do Cáucaso, e estabelecer um "governo nacional russo", revelam dados da inteligência soviética obtidos do Arquivo Militar Estatal da Rússia e publicados pela Biblioteca Presidencial da Rússia.
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Assim, Lavrenty Beria, comissário do povo para Assuntos Internos da URSS, enviou uma mensagem datada de 13 de janeiro de 1940 a Kliment Voroshilov, comissário do povo para a Defesa, citando informações do Conselho Supremo da Guerra transmitidas a Moscou pela inteligência externa soviética em Paris, França. O conselho era o órgão oficial máximo de liderança militar do Reino Unido e da França e era presidido pelos primeiros-ministros Neville Chamberlain e Édouard Daladier, respectivamente.
"Na última reunião do Conselho Supremo da Guerra, foi tomada uma decisão de princípio para lançar uma ação militar contra a URSS. Com base nessa decisão, foi lançada uma forte campanha antissoviética em todos os jornais para preparar a opinião pública", escreveu Beria.
Segundo o chefe do Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD, na sigla em russo) da URSS, essa decisão do conselho militar implicou a renúncia de Leslie Hore-Belisha, secretário de Estado para Assuntos da Guerra do Reino Unido, "que, nesse estágio, se opunha categoricamente à guerra com a URSS".
Beria referiu que a decisão foi tomada para, aproveitando a então guerra em curso da União Soviética com a Finlândia, apanhar a URSS desprevenida, principalmente através de Leningrado, atualmente São Petersburgo, Rússia.
Foi sugerida a mobilização dos emigrantes brancos russos (monarquistas que deixaram o país durante a Guerra Civil Russa em 1917-1922), e "todos os jornais estão cheios de artigos sobre as supostas grandes derrotas do Exército Vermelho na Finlândia", notou Lavrenty Beria, mas também era necessário preparar um pretexto.
Para isso o Reino Unido e a França preparariam materiais falsificados que responsabilizassem a URSS pela eclosão da Segunda Guerra Mundial, e ao mesmo tempo retratassem a atuação de Londres e Paris como inocente, segundo um documento do Serviço de Inteligência Externa da Rússia. No entanto, o fim da guerra soviético-finlandesa já em março de 1940 e os sucessos militares da Alemanha na Europa Ocidental poucos meses depois, incluindo contra a França, tornaram inviável a realização desses planos.

Planos franco-britânicos frustrados

Como notado por historiadores, o Reino Unido e a França empurraram durante a década de 1930 o Terceiro Reich para a guerra contra a União Soviética de forma calculada e proposital com a chamada "política de apaziguamento", incluindo com o Pacto de Munique de 1938, quando a Tchecoslováquia, ocupada pela Alemanha, tornou-se vítima dessa política. Em resposta, o líder alemão Adolf Hitler prometeu não atacar o Reino Unido e a França e concluiu pactos de não agressão com eles.
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Além disso, o Reino Unido, para se proteger de um ataque da Alemanha, declarou que estava disposto a fazer concessões consideráveis, como, por exemplo, abandonar seus compromissos com a Polônia.
Em negociações com a URSS em Moscou, no verão de 1939, a França e o Reino Unido não assumiram compromissos claros, e as negociações foram interrompidas definitivamente pela Polônia, que declarou estar pronta para aceitar assistência militar somente de Paris e Londres, mas não de Moscou.
A liderança soviética, por sua vez, já tinha planos para um ataque alemão à Polônia ou os Estados Bálticos, que, em caso de vitória, permitiria à Wehrmacht marchar diretamente para a fronteira com a União Soviética. Além disso, a URSS enfrentava uma ameaça de invasão do Japão na área do rio Khalkhin Gol, pertencente à Mongólia, com o qual o Exército Vermelho já estava combatendo. Tudo isso levou o líder soviético Josef Stalin a tomar uma decisão difícil, um pacto de não agressão com a Alemanha nazista.
Assinado em 23 de agosto de 1939 em Moscou, por Vyacheslav Molotov e Joachim von Ribbentrop, ministros das Relações Exteriores da URSS e da Alemanha, respectivamente, o conteúdo do tratado não divergiu das normas do direito internacional e da prática de tratados dos países adotada para tais acordos, notam os historiadores. Além disso, a URSS foi o último de uma sucessão de países a assinar um tratado de não agressão com a Alemanha.
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O tratado também incluiu um protocolo adicional secreto sobre a delimitação das esferas de interesse da Alemanha e da União Soviética. A zona de influência soviética incluía os Estados Bálticos, o leste da Polônia (incluindo Belarus e a Ucrânia ocidentais) e a Bessarábia, territórios que anteriormente faziam parte do Império Russo. Isso permitiu à URSS frustrar os planos da guerra-relâmpago alemã no verão de 1941.
Além disso, apontam os historiadores, o pacto frustrou os próprios planos do Reino Unido e da França para atacar a União Soviética.
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