Com seca histórica, Equador enfrenta apagão nacional de 8 horas e terá toque de recolher
17:40 18.09.2024 (atualizado: 18:13 18.09.2024)
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O Equador enfrenta um cenário complexo na geração de eletricidade desde o final de 2023 por conta da seca histórica, que mantém em níveis baixos as fontes de suprimento das hidrelétricas do país. Além disso, a falta de capacidade para atender à demanda de consumo e problemas de corrupção no setor têm causado apagões, justifica o governo.
A situação se agravou durante o mês de setembro e, nesta quarta-feira (18), foram anunciados apagões com duração de até oito horas nas próximas semanas. O primeiro ocorrerá das 22h00 às 6h00 (no horário local), e estão previstos outros três no mesmo horário.
Diante da medida e da crise de segurança pública que vive o Equador, ainda foi anunciado um toque de recolher em várias províncias e vários municípios do país. O governo chegou a decretar neste ano situação de "conflito armado interno".
Principais pontos da crise de energia no Equador:
O período de estiagem que tem afetado o Equador com força desde 2023;
Este ano, a seca começou de forma antecipada e, segundo o governo, é o mais severo em 61 anos, desde que existem registros;
O déficit de geração elétrica no país atinge 1.080 megawatts (MW), o que é impossível de ser suprido pelas plantas térmicas existentes;
A maior parte da eletricidade gerada no país, até 75%, vem das centrais hidrelétricas;
Outra causa é a falta de investimentos no setor energético. Por exemplo, o plano de eletrificação previa que em 2020 deveriam entrar aproximadamente 290 MW, mas só foram adicionados sete. Em 2021, esperavam-se 320 MW, mas apenas oito MW foram incorporados. Desde 2020 até agora, deveriam ter sido adicionados 1.298 MW, o que não ocorreu;
O crescimento populacional e o consequente aumento da demanda também agravam o problema;
As instalações térmicas para gerar eletricidade estão em mau estado, devido à falta de investimentos e manutenção;
O Equador compra eletricidade da Colômbia, mas em quantidades inferiores ao previsto, uma vez que o país vizinho também enfrenta uma situação semelhante, além do alto custo da energia;
De acordo com informações públicas, o Ministério de Energia e Minas reportou entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2023 um total de 133 centrais, com capacidade disponível para a produção de eletricidade, com potência de 7.177 MW;
No entanto, segundo um relatório da Controladoria Geral do Estado (CGE), nesse período, o Operador Nacional de Eletricidade (Cenace) registrou 124 centrais operativas, com capacidade de 6.976 MW;
O relatório apontou que, desde 2019, seis centrais térmicas estavam fora de serviço.