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Malvinas: pacto com Reino Unido revela 'síndrome de Estocolmo' do governo argentino, diz analista

© AP Photo / Natacha PisarenkoHomem segura bandeira da Argentina com mensagem dizendo "Voltaremos!", durante aniversário do conflito nas ilhas Malvinas entre o Reino Unido e a Argentina
Homem segura bandeira da Argentina com mensagem dizendo Voltaremos!, durante aniversário do conflito nas ilhas Malvinas entre o Reino Unido e a Argentina - Sputnik Brasil, 1920, 04.10.2024
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O acordo alcançado entre o Reino Unido e a Argentina para permitir a exploração pesqueira das ilhas Malvinas, ocupadas pelos britânicos, constitui um ato absurdo com graves consequências para a nação sul-americana, disse à Sputnik o ex-secretário das Malvinas, Antártica e Atlântico Sul, o sociólogo Daniel Filmus.

"A estratégia implementada pelo governo de Javier Milei é a estratégia da síndrome de Estocolmo: tratá-los bem para que simpatizem e nos devolvam as ilhas", afirmou Filmus, que também já foi ministro da Ciência e Tecnologia.

Na sequência da decisão do Reino Unido de devolver o território de Chagos às ilhas Maurício, com exceção de uma base militar que o país britânico partilha com os Estados Unidos na ilha de Diego Garcia, Filmus considerou pertinente o elogio da ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, ao feito alcançado pela ex-colônia britânica.
O antigo funcionário observou, no entanto, que as ilhas Maurício agiram de forma contrária às orientações seguidas pelo governo argentino, que levou o assunto a todos os órgãos judiciais e internacionais.
"Eles confiaram no caso argentino", disse o ex-secretário das Malvinas, que ocupou o mesmo cargo entre 2019 e 2021, e também entre 2014 e 2015, durante o governo de Cristina Kirchner (2007–2015).
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Por outro lado, é grave a posição adotada pela administração Milei, com o anúncio de um pacto que permite ao Reino Unido a exploração pesqueira das ilhas Malvinas, afirma Filmus.
O acordo, assinado entre a chanceler argentina e seu homólogo britânico, David Lammy, também retoma um serviço aéreo semanal da cidade brasileira de São Paulo para o arquipélago, com escala mensal na província argentina de Córdoba.
O entendimento inclui a continuação da terceira fase de identificação dos ex-combatentes argentinos enterrados no cemitério de Darwin.
O ex-secretário destacou que "não há história no mundo de um país que não permita a identificação dos mortos em combate, e isso [a Guerra das Malvinas] aconteceu há mais de 40 anos".

"Também é ultrajante colocar a questão humanitária e a questão das pescas no mesmo comunicado conjunto, como se lhes deixássemos os voos e lhes passássemos a questão das pescas, e eles depois permitissem a identificação dos ex-soldados", criticou.

A declaração é muito grave, segundo ele, pois tem as mesmas características desfavoráveis ​​para a Argentina que a assinada em 2018 pelo governo de Mauricio Macri, que governou de 2015 a 2019.
O governo de Alberto Fernández (2019–2023) suspendeu o acordo de pesca semelhante, assinado em 13 de setembro de 2016 pelo então vice-chanceler de Macri, Carlos Foradori, e pelo seu homólogo britânico, Alan Duncan.
Esse acordo "apenas fez com que a Argentina fornecesse informações aos britânicos, e eles não nos permitiram acessar as Malvinas para obter nossas informações", revelou Filmus.

"Quando acessamos os documentos, vimos que eram todos de mão única: podiam embarcar nos navios argentinos que faziam pesquisas, e nós não podíamos embarcar nos navios britânicos que estavam na zona de exclusão que estabeleceram em torno das Malvinas", explicou.

O ex-secretário das Malvinas acrescentou que representa "uma gravidade incomum" que o Executivo de Milei autorize um serviço aéreo semanal do Brasil com escala na Argentina.

"Para nós devem ser voos domésticos e devem ser feitos pela companhia aérea de bandeira argentina, mas querem que eu saia de São Paulo para vender e comprar mercadorias, que é justamente o que não podemos evitar", questionou Filmus.

O novo acordo que o Reino Unido assinou com a atual administração, ao qual até a própria vice-presidente argentina, Victoria Villarruel, se opôs, significa que o país europeu continuará a usurpar o território, alertou o ex-ministro.

"Em algum momento, os ingleses estiveram perto de pensar na alternativa argentina, porque seria um avanço. A Argentina já tinha seus voos para as Malvinas antes da guerra [1982] e foi quem viajou para lá, quem construiu o aeroporto que tinham, quem trazia o combustível e a correspondência", lembrou o sociólogo. "Não podemos favorecer que também tirem os recursos naturais que pertencem a 45 milhões de argentinos", concluiu.

As ilhas Malvinas estão ocupadas pelo Reino Unido desde 1833. Buenos Aires e Londres mantêm desde então uma disputa pela soberania do arquipélago, que inclui também as ilhas Geórgia e as ilhas Sandwich do Sul, que deram origem, em abril de 1982, à junta militar do general Leopoldo Galtieri (1981–1982).
Galtieri governou o país e tentou recuperar o arquipélago através de uma ofensiva contra o Reino Unido de Margaret Thatcher (1979–1990), que terminou com a derrota do país sul-americano e com quase mil mortes entre os dois lados apenas durante o conflito armado.
Os dois países retomaram as relações diplomáticas em fevereiro de 1990, durante a gestão do então presidente argentino Carlos Menem (1989–1999).
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