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China aplica em Javier Milei as lições que aprendeu com Jair Bolsonaro, analisa mídia brasileira

© AP Photo / Natacha PisarenkoJavier Milei, presidente da Argentina, deixa o Museu do Holocausto após participar de evento que marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto em Buenos Aires, Argentina, 26 de janeiro de 2024
Javier Milei, presidente da Argentina, deixa o Museu do Holocausto após participar de evento que marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto em Buenos Aires, Argentina, 26 de janeiro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 05.10.2024
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Desde o começo de sua campanha eleitoral, Javier Milei criticou a China abertamente. No começo de sua gestão, Pequim mandou um recado através de sua chancelaria dizendo que relações hostis não seria bom para ambos os países, mas depois "se calou", pois sabia que não era necessário emitir outras declarações.
De acordo com a percepção do colunista Igor Patrick da Folha de S.Paulo, o governo chinês aplicou com a Argentina as lições que aprendeu com Jair Bolsonaro.
Assim como Milei, o ex-presidente brasileiro teceu diversas críticas contra a China, chegou a visitar Taiwan quando ainda era candidato e com a explosão da COVID-19 culpou publicamente a China pelo vírus.
Depois de eleito, o comércio com os chineses cresceu. Bolsonaro esteve em Pequim em 2019 e lá trocou afagos com Xi Jinping, chegando a presenteá-lo com uma camisa do Flamengo.
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Assim também se trilha a caminhada de Milei com o gigante asiático. Quando eleito, o presidente argentino logo foi a Washington para reuniões. Fã declarado de Donald Trump, chegou a ir ao país apenas para participar de um evento com o ex-presidente.
Depois, fez questão de viajar até Ushuaia apenas para cumprimentar a general Laura Richardson, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos que volta e meia circula pela América Latina alertando sobre os "riscos de se fazer negócios com os chineses", relembrou o colunista.
No entanto, após todos esses movimentos, Milei começou a desacelerar.

"Ciente de que a Argentina dependia da China e dos seus contratos de swap cambial para continuar honrando pendências com o FMI, [Milei] reduziu a retórica estridente. Chegou a agradecer Xi Jinping pelas felicitações pós-vitória, publicando na rede social X que expressava 'sinceros desejos de bem-estar ao povo chinês'", escreve Igor Patrick.

Ao mesmo tempo, o colunista cita que a aproximação com os norte-americanos quase não gerou proveitos para Buenos Aires.
"Em Washington, sobrou entusiasmo, nunca traduzido em nada concreto. Aos poucos, o apoio foi murchando. Conforme percebia que a Argentina não era [e nem será] prioridade da política externa americana, Milei lentamente mudou o tom com os chineses."
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Recentemente, Milei disse que a China "é um parceiro comercial muito interessante porque não pede nada. A única coisa que pedem é que não os incomodem," disse o presidente, confirmando que vai visitar Pequim em janeiro para um encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

Do lado chinês, o colunista diz que, "nos dois casos, com Bolsonaro e Milei, os chineses deixaram o tempo mostrar que a dependência econômica da China às vezes pode ser tão grande que presidente nenhum abala a relação. A menos, claro, aos dispostos a sacrificar uma fatia grande do PIB".

Para Milei, talvez sobre o amargor de esperar de Washington uma boia de salvação que nunca veio. Aconteceu com ele, com Mauricio Macri, com o ex-presidente do Equador, Guillermo Lasso e com o próprio Bolsonaro, todos crentes de que poderiam convencer os EUA a verem a América Latina como mais do que mero quintal, complementou o colunista.
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