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Fórum no RJ promovido pela Rosatom engaja jovens no debate sobre energia nuclear como fonte limpa

© Foto / Tomaz Silva / Agência BrasilInstalações da usina de Angra 2, na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis (RJ). Brasil, 21 de junho de 2024
Instalações da usina de Angra 2, na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis (RJ). Brasil, 21 de junho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 21.10.2024
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Evento visa desmistificar o debate em torno da energia nuclear, apresentando sua importância como fonte limpa para a transição energética, e lança as bases para a discussão sobre o tema no G20 e na COP30.
Jovens profissionais e estudantes se reuniram nesta segunda-feira (21) na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro, para o Fórum Nuclear da Juventude Latino-Americana.
Organizado pela empresa nuclear estatal russa, Rosatom, com apoio da Eletronuclear e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o fórum marca o 70º aniversário da primeira central nuclear no mundo, construída na cidade de Obninsk, na Rússia soviética, em 1954, e tem como objetivo discutir o potencial da ciência e da tecnologia nuclear para os desafios da região.
"Com a energia nuclear ganhando cada vez mais importância para um futuro sustentável, é crucial envolver os jovens, os futuros profissionais da área, em ações e projetos concretos. Assim, podemos acelerar a realização de metas como reduzir a emissão de gases do efeito estufa e desenvolver novas tecnologias. É com grande satisfação que vejo aqui hoje especialistas e profissionais de países como Argentina, Brasil, Bolívia e El Salvador, que já investem ou planejam investir em energia nuclear. A velocidade e a qualidade com que vamos colocar em prática os planos nacionais de energia nuclear dependem diretamente das ações concretas e da cooperação entre esses jovens profissionais", declarou à Sputnik Brasil Ivan Dybov, presidente da Rosatom para a América Latina.
A Sputnik Brasil acompanhou o evento e conversou com especialistas e jovens, provenientes de Brasil, Argentina, Bolívia e El Salvador, que participaram do fórum.
Um dos objetivos do evento é lançar as bases para a discussão do tema da energia nuclear na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), marcada para novembro do próximo ano, em Belém (PA), e na cúpula do G20, prevista para o mês que vem, no Rio de Janeiro.
À Sputnik Brasil, Milena Megre, cientista política e analista em transição energética, afirma que o G20 é um espaço que une países do Norte e Sul Global em torno de diálogos frutíferos e benéficos a todos os países, e que atualmente a agenda climática é comum a todos, com objetivos e ambições em conjunto.

"Quando a gente fala de atingir esses objetivos, a gente tem que falar da matriz energética, de trazer uma matriz limpa, de descarbonizar essa matriz. E a [energia] nuclear entra como uma das fontes de energia que são essenciais para esse processo. Nós temos as renováveis, mas quando a gente traz a nuclear, a gente está falando das energias limpas. E há bastante esse entendimento errôneo de que a nuclear é suja. Sendo que ela é, na verdade, uma das mais limpas, uma das mais seguras também", afirma.

Ela sublinha a necessidade de desmistificar o debate em torno da energia nuclear, trazendo informação de alto nível para que seja possível "atingir esses objetivos e o desenvolvimento sustentável em conjunto da agenda climática".

"E a presidência brasileira [no G20], [com] a gente tendo 40 anos de expertise em nuclear, energia confiável, energia de qualidade, a gente consegue também liderar esse debate no G20 e em outras frentes."

Astrid Aguilera Cazalbón, coordenadora de projetos do Observatório Latino-Americano da Geopolítica Energética, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), ressalta que o evento na CNEN concede aos jovens a oportunidade de participar de "um tema super importante para a atualidade, que é a questão nuclear".

"Não apenas na questão energética, mas também nas suas diversas aplicações na indústria, no setor agro, no setor alimentício. A gente está preparando essa juventude, esses jovens que chegaram desses países e os brasileiros, para poder ter uma discussão mais enriquecida, para a gente estar preparado para as cúpulas do ano que vem, porque a gente vai ter a presidência do Brasil no BRICS ano que vem e também vai sediar a COP30 aqui [no Brasil], na cidade de Belém."

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Ela afirma que o tema da energia nuclear atualmente na América Latina "está muito subdesenvolvido em comparação com outras regiões do mundo" e que o evento desta segunda-feira visa mudar esse cenário.

"A gente é uma área que tem muito conteúdo local — tanto o Brasil quanto a Argentina tem indústria da área nuclear —, e a gente precisa realmente desenvolver essas indústrias, precisa garantir, por exemplo, segurança energética, segurança alimentar, precisa garantir também a questão que se usa para medicina, para melhorar infraestrutura hospitalar com energia nuclear ou com tecnologias nucleares. Então acreditamos que isso vai contribuir muito para o futuro da nossa região."

Ignácio Villarroya e Ignácio Costa, que participaram do evento pela Organización Jovenes por el Clima, da Argentina, frisam a importância de os países sul-americanos avançarem no setor de energia nuclear, e equiparam-no a uma questão de soberania nacional.

"Porque a energia nuclear é igual à soberania nacional, precisamos de mais soberania, mais ciência, e Argentina, Brasil e todos os países da América do Sul temos que demonstrar ao mundo que podemos, com a nossa própria ciência, com a nossa própria tecnologia, avançar na zona de construção", afirma Costa.

Villarroya acrescenta que a energia nuclear é muito importante para os países em desenvolvimento, e também para a transição energética, pois "sempre gera energia apesar das condições climáticas".
"As energias renováveis não produzem energia constantemente, então sua combinação é a melhor para assegurar uma matriz energética não só limpa e sustentável, mas também segura, barata e existente", afirma.
O evento culmina em uma visita, na próxima terça-feira (22), à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), complexo formado pelo conjunto das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3 (em construção).
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