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Aumento das tensões no Oriente Médio: fraqueza ou estratégia da política externa dos EUA?
Aumento das tensões no Oriente Médio: fraqueza ou estratégia da política externa dos EUA?
Sputnik Brasil
Os aparentes "rompantes" do governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com ataques massivos e desproporcionais a vários países do Oriente... 22.10.2024, Sputnik Brasil
2024-10-22T12:29-0300
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Seja no massacre na Faixa de Gaza, que já matou cerca de 43 mil pessoas, de acordo com autoridades locais, nos bombardeios contra o Líbano, na Síria ou nas ameaças às usinas nucleares do Irã, é unanimidade entre analistas ouvidos pela Sputnik Brasil que tal postura e violência tem ocorrido sobretudo devido ao aval e, às vezes, ao apoio do principal aliado do Estado sionista: os Estados Unidos.Entretanto, o temor global de uma escalada das tensões para uma potencial guerra global vem crescendo, assim como as suspeitas divulgadas pela imprensa mundialmente de que os EUA perderam o controle sobre Israel.Para debater esse tema, o podcast da Sputnik Brasil Mundioka, no episódio desta terça-feira (22), ouviu os professores Thiago Oliveira, mestre e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas e pesquisador do Núcleo de Estudos e Análises Internacionais (NEAI); e Gabriel Mathias Soares, doutor em história social, mestre em estudos árabes pela Universidade de São Paulo (USP) e professor na Habib University, em Karachi, Paquistão.Ambos os estudiosos destacaram que o apoio "irrestrito" dos EUA existe há décadas, tornando-se mais evidente com a escalada do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, iniciada em 7 de outubro de 2023.Oliveira pontuou que a política externa norte-americana historicamente "adota quase que uma posição acrítica a algumas políticas adotadas por Israel na região", com diversos episódios de desrespeito sistemático de direitos humanos.Para Soares, no governo Joe Biden houve inclusive um revigoramento das relações com Israel sem precedentes:Ele salientou que desde o último ataque do Irã, os EUA enviaram sistemas de defesa dos mais avançados que existem: "Só existem sete, eles estão enviando dois para Israel, então a relação é de muito apoio e muita proximidade".O especialista em Oriente Médio também lembrou que o próprio governo do ex-presidente Donald Trump mudou a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, entre outras medidas pró-israelenses:Entretanto, ponderou Oliveira, a desproporcionalidade da força que Israel desempenha nos recentes embates bélicos tem impactado negativamente a imagem e a presença dos Estados Unidos naquela região.Ele argumenta que o governo Biden subestimou Netanyahu frente ao conflito com o Hamas, "o quanto ele estaria disposto a sistematicamente desrespeitar decisões dentro da própria ONU, até mesmo acusar a própria ONU, o próprio secretário-geral de antissemitismo".As contradições criadas pelo apoio incoerente dos EUA a Israel têm limitado a capacidade do país de atuar como mediador principal nessa região do Oriente Médio, opinou Oliveira.Entre as várias contradições que envolvem o apoio estadunidense a Israel está o fato de que os EUA são um dos financiadores e apoiadores do Exército libanês:Tal posicionamento tem criado um vácuo que outros players internacionais, como China e Rússia, têm aproveitado para ocupar.Tendo em vista o posicionamento dos candidatos à presidência dos EUA nas eleições de novembro, tudo indica que a atual política externa pouco mudará com a troca de mandatário:
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Aumento das tensões no Oriente Médio: fraqueza ou estratégia da política externa dos EUA?
12:29 22.10.2024 (atualizado: 14:27 22.10.2024) Especiais
Os aparentes "rompantes" do governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com ataques massivos e desproporcionais a vários países do Oriente Médio, têm aumentado em número e grau nas últimas semanas.
Seja no
massacre na Faixa de Gaza, que já matou cerca de 43 mil pessoas, de acordo com autoridades locais,
nos bombardeios contra o Líbano, na Síria ou nas ameaças às
usinas nucleares do Irã, é unanimidade entre analistas ouvidos pela Sputnik Brasil que tal postura e violência tem ocorrido sobretudo devido ao aval e, às vezes, ao apoio do principal aliado do Estado sionista: os Estados Unidos.
Entretanto, o temor global de uma escalada das tensões para uma potencial guerra global vem crescendo, assim como as suspeitas divulgadas pela imprensa mundialmente de que os EUA perderam o controle sobre Israel.
Para debater esse tema, o podcast da Sputnik Brasil Mundioka, no episódio desta terça-feira (22), ouviu os professores Thiago Oliveira, mestre e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas e pesquisador do Núcleo de Estudos e Análises Internacionais (NEAI); e Gabriel Mathias Soares, doutor em história social, mestre em estudos árabes pela Universidade de São Paulo (USP) e professor na Habib University, em Karachi, Paquistão.
Ambos os estudiosos destacaram que o apoio "irrestrito" dos EUA existe há décadas, tornando-se mais evidente com a escalada do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, iniciada em 7 de outubro de 2023.
Oliveira pontuou que a política externa norte-americana historicamente "adota quase que uma posição acrítica a algumas políticas adotadas por Israel na região", com diversos episódios de desrespeito sistemático de direitos humanos.
"Desde 1948, Israel recebeu US$ 150 bilhões [R$ 855,4 bilhões] em auxílio militar apenas dos Estados Unidos, e desde o início do conflito, no ano passado, em 7 de outubro, da intensificação desse conflito na região, os Estados Unidos já despenderam mais de US$ 17,9 bilhões [R$ 102 bilhões] em auxílio militar para Israel", ressaltou o pesquisador do NEAI.
Para Soares, no governo Joe Biden houve inclusive um revigoramento das relações com Israel sem precedentes:
"As munições, a parte de inteligência, tudo tem sido de grande apoio dos Estados Unidos. Eles têm, na realidade, mantido uma relação de muita proximidade. […] por mais que haja, em alguns discursos, alguma iniciativa de que isso mude, na prática há muito mais acordo do que divergência", pontuou Soares.
Ele salientou que desde o último ataque do Irã, os EUA enviaram sistemas de defesa dos mais avançados que existem: "Só existem sete, eles estão enviando dois para Israel, então a relação é de muito apoio e muita proximidade".
O especialista em Oriente Médio também lembrou que o próprio governo do
ex-presidente Donald Trump mudou a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, entre outras medidas pró-israelenses:
"Por exemplo, a questão nas Colinas de Golã, o governo Trump reconheceu a anexação de Israel das Colinas de Golã, e até agora Biden não reverteu isso, apesar de ter mostrado alguma reticência em relação ao status final. Aqui e ali, discursos, mas, na prática, nada dessas posições que mudaram a prática anterior dos governos americanos […]."
Entretanto, ponderou Oliveira, a desproporcionalidade da força que Israel desempenha nos recentes embates bélicos tem impactado negativamente a imagem e a presença dos Estados Unidos naquela região.
Ele argumenta que o governo Biden subestimou Netanyahu frente ao conflito com o Hamas, "o quanto ele estaria disposto a sistematicamente desrespeitar decisões dentro da própria ONU, até mesmo acusar a própria ONU, o próprio secretário-geral de antissemitismo".
As contradições criadas pelo apoio incoerente dos EUA a Israel têm limitado a capacidade do país de atuar como mediador principal nessa região do Oriente Médio, opinou Oliveira.
"Desde o 7 de outubro do ano passado, a gente vê uma permissividade clara do governo norte-americano a diversas atitudes sistemáticas tomadas pelo governo de Israel", disse Oliveira.
Entre as várias contradições que envolvem o apoio estadunidense a Israel está o fato de que os EUA são um dos financiadores e apoiadores do Exército libanês:
"Ou seja, armas dos americanos, provavelmente munição dos Estados Unidos, foram usadas para matar quem também é armado e treinado pelos Estados Unidos", ponderou Soares. "Inclusive no Irã é essencial o apoio dos Estados Unidos para poder monitorar uma região que está tão longe fisicamente de Israel."
Tal posicionamento tem criado um vácuo que outros players internacionais, como China e Rússia, têm aproveitado para ocupar.
"Então, por conta disso, está também criando um vácuo de atuação, e você está tendo, por exemplo, uma Rússia hoje muito mais próxima do Irã. Você está tendo uma China que está visando, pela via mais econômica, adentrar ainda mais aquela região, e tudo isso com um apelo muito mais positivo para vários países da região do que o apelo que os Estados Unidos estão trazendo", disse ele.
Tendo em vista o
posicionamento dos candidatos à presidência dos EUA nas eleições de novembro, tudo indica que a atual política externa pouco mudará com a troca de mandatário:
"Porque não é, evidentemente, só o Biden, é toda uma estrutura. Existe o Pentágono, existe toda a infraestrutura que alimenta inclusive Israel. Depende do próprio sistema militar", comentou Soares.
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