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China e Europa devem 'preencher lacunas' ou retornar à 'lei da selva' de Trump, diz MRE chinês

© AP Photo / John ThysBandeiras da União Europeia (UE) e da China são vistas no edifício Europa em Bruxelas, 17 de dezembro de 2019
Bandeiras da União Europeia (UE) e da China são vistas no edifício Europa em Bruxelas, 17 de dezembro de 2019 - Sputnik Brasil, 1920, 11.11.2024
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O vice-chefe do Ministério das Relações Exteriores da China encarregado pelos assuntos europeus, Cao Lei, disse no sábado (9) que a vitória eleitoral de Trump pode indicar "o ponto de virada dos [nossos] tempos" e instou Bruxelas a preencher as lacunas em suas relações.

"Ninguém quer retornar à lei da selva, ninguém quer voltar à era do confronto e da Guerra Fria, e ninguém quer retornar à hegemonia unilateral. Este é o cenário que as relações China-UE estão enfrentando", disse Cao Lei durante o lançamento da China Think-Tank Network on Europe da Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing, segundo o South China Morning Post.

As declarações do vice-ministro surgem em um cenário de tensão comercial entre a China e seus principais parceiros ocidentais motivados pelos resultados superavitários das exportações chinesas e de sua grande competitividade no mercado global, o que tem resultado na implementação de altas tarifas alfandegárias — o que tende a piorar sob a nova gestão Trump.
O chefe de estudos europeus da Academia de Ciências Sociais da China afiliada ao governo, Feng Zhongping, ressaltou no mesmo evento que a Europa importa mais para a China do que os EUA, mas que as relações só podem ser restauradas mediante o reforço de confiança mútua entre eles, notando que o retorno de Trump à Casa Branca representa "o início de uma nova era de incertezas no mundo".
As relações entre a China e a União Europeia (UE) estremeceram recentemente, quando Pequim deu uma resposta pragmática sobre a crise ucraniana e se negou a fazer o jogo ocidental optando pelo caminho de uma saída diplomática e pacífica da guerra por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia contra a Rússia.
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Desde então, a UE colocou a China como uma rival sistêmica e concorrente econômica, tornando-se mais vocal e assertiva sobre pontos sensíveis para Pequim como nas problemáticas envolvendo os direitos humanos na China continental, nas disputas territoriais do mar do Sul da China e na questão de Taiwan.
Apesar de tudo, Pequim descreve o bloco como um de seus parceiros mais importantes na manutenção do multilateralismo e no combate à desglobalização, destacando o volume de comércio bilateral expressivo de € 2 bilhões (cerca de R$ 12,3 bilhões).

"A China apoia a autonomia estratégica do bloco, mas não deseja que ele se desvincule nem se envolva em competição geopolítica. A China apoia a Europa em desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais, mas não deseja a ver escolher um lado e provocar confronto do bloco", acrescentou Cao Lei.

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