Trump Jr. está ajudando seu pai a escolher o gabinete mais controverso dos EUA, diz mídia
12:35 24.11.2024 (atualizado: 12:59 24.11.2024)
© AP Photo / Mark LennihanDonald Trump, presidente e CEO da Trump Organization, posa com seus filhos, da esquerda, Eric, Donald Jr. e Ivanka, na abertura do Trump SoHo New York (foto de arquivo)
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Recheado de idealistas inexperientes, aquele que deve ser o gabinete mais controverso da história recente dos EUA parece que trocou a qualificação por lealdade, um dos atributos mais aclamados por Trump, que neste segundo mandato quer se cercar de pessoas que pensem como ele, e ao que tudo indica, tem ouvido muito seu filho para realizar a tarefa.
Donald Trump Jr. é o nome por trás da escolha do senador, e futuro vice-presidente, J.D. Vance para compor a chapa com seu pai. De acordo com uma matéria da Reuters, ele também foi responsável por impedir que o ex-secretário de Estado, Mike Pompeo, se juntasse ao gabinete, exercendo uma influência direta na futura administração.
Surgindo como o membro mais influente da família Trump, Trump Jr., que apresenta um podcast focado em política, pode não vir a ocupar um cargo direto na Casa Branca, mas certamente vai influenciar as decisões de seu pai, como no caso do ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro — que diferentemente de Trump tem três de seus cinco filhos ocupando cargos eletivos. Trump busca na confiança familiar o elemento-chave para compartilhar o processo de tomada de decisões que não consegue delegar a funcionários e assessores.
Segundo a apuração, além de garantir que os candidatos sejam leais ao pai, Trump Jr. normalmente procura figuras que adotem uma visão do mundo anti-establishment, incluindo políticas econômicas protecionistas e uma redução nas intervenções militares e na ajuda externa, de acordo com algumas fontes.
Mas nem tudo é tão fácil quanto se pensa. Algumas das indicações de Donald Trump Jr. podem enfrentar dificuldades no Senado. São eles Robert F. Kennedy Jr., que poderia ser a principal autoridade de saúde dos EUA, mas durante a pandemia de COVID-19 divulgou desinformação sobre as vacinas, e Tulsi Gabbard, que pode vir a ser chefe das agências de inteligência, mas defendeu a tese impopular no Ocidente de que o presidente russo Vladimir Putin tinha motivos válidos para se envolver em um conflito com a Ucrânia.
Duas das fontes próximas ao filho de Trump disseram à apuração que ele não pesa em todas as decisões de pessoal e não está trabalhando no processo de transição ou em Mar-a-Lago em tempo integral, mas ele próprio, Trump Jr., disse em entrevista à Fox News que suas escolhas eram "sobre cercar meu pai de pessoas que sejam competentes e leais". A única dúvida que resta, segundo analistas e críticos do futuro gabinete, é o que significa "competência" para a família Trump.
Mas esta está longe de ser a primeira vez que Trump delega algum tipo de função — ou confia em — a um membro de sua família. Em 2016 a filha de Trump, Ivanka, e seu marido Jared Kushner foram destaque em sua campanha presidencial, na transição subsequente e durante todo seu primeiro mandato.