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Reviravolta na Síria, novas agressões israelenses e Ucrânia: os impactos dos conflitos em 2024
Reviravolta na Síria, novas agressões israelenses e Ucrânia: os impactos dos conflitos em 2024
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Enquanto a atuação de potências ocidentais incendeia ainda mais o barril de pólvora que afeta tanto as populações do Oriente Médio, a queda do governo de... 25.12.2024, Sputnik Brasil
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Aos 45 minutos do segundo tempo, uma verdadeira reviravolta na Síria, que vive uma guerra civil há quase 14 anos, derrubou o governo de Bashar al-Assad, que precisou sair às pressas do país. Aliada à continuidade dos hostilidades de Israel na Faixa de Gaza, a situação deixa o futuro do Oriente Médio ainda mais incerto em um ano marcado por intensas dificuldades na região e até o risco de uma guerra total entre duas das principais potências da região: Irã e Israel.Para o graduado em ciência política, consultor autônomo em assuntos geopolíticos e roteirista do canal História Islâmica, Ali Abdul Hakam, o ex-presidente sírio não soube aproveitar a aproximação do país com o Irã, a Liga Árabe e a Rússia para melhorar a situação econômica do fragilizado país. Isso abriu espaço para a oposição armada tomar o poder.Outro ponto crucial que afetou drasticamente o poder de reação das Forças Armadas da Síria foi a baixa remuneração dos soldados, que, conforme o especialista, não ultrapassa US$ 10 (R$ 61,80) por mês. "Isso fez com que a maior parte deles, os mais competentes, fossem para o comércio, para a agricultura ou até as máfias locais, porque a Síria se tornou um grande entreposto de contrabando, tanto de drogas quanto de armas. E, assim, a situação foi se dilapidando."O especialista lembra ainda que existem diversos grupos armados na Síria, tanto ligados a organizações extremistas quanto moderados e nacionalistas. "Mas o que está se desenhando é que vai se coordenar um novo pacto social na Síria. Até agora não houve violência sectária nos moldes do que ocorreu há dez anos. Na verdade, o que está ocorrendo é muita violência política contra algumas figuras do antigo regime e tal, mas violência sectária, perseguição a minorias ainda não aconteceu. Eu creio que isso ocorre porque Turquia e Rússia estão ajudando a costurar a situação", argumentou.Qual o motivo do conflito de Gaza?Em outra área do Oriente Médio, há mais de um ano, Israel segue com intensos ataques por ar e terra na Faixa de Gaza, território onde vivem mais de dois milhões de palestinos e praticamente toda a infraestrutura já foi destruída. Por diversas vezes, a Organização das Nações Unidas (ONU) classificou a situação no enclave como "apocalíptica". Ali Abdul Hakam pontua que Israel tem mostrado que a estratégia na região é "matar o maior número possível de civis para criar um pavor psicológico e impedir a insurgência de atuar.Além disso, o ano no Oriente Médio também foi marcado pelo aumento das tensões entre Israel e Irã, duas das principais potências militares da região."O último ataque iraniano danificou a base aérea de Netzarim, onde ficam os F-35 israelenses, e foi bem forte, tanto que se vocês verem a filmagem do Benjamin Netanyahu logo depois, ele está com as mãos tremendo, porque não esperava um ataque com mísseis hipersônicos desta monta. Mas Israel atacou, a informação que eu tenho é que Israel atingiu 20 alvos dentro do Irã, não foi um ataque muito pesado, porque o Irã é gigantesco. Com 20 alvos você não acaba nem com a capacidade de produzir mísseis e drones do Irã nem com a capacidade, nem com as defesas antiaéreas do Irã", resume.Reconfiguração do front na UcrâniaJá na Europa, o ano foi de intensas reconfigurações nos campos de batalha que consolidaram ainda mais as derrotas sucessivas de Kiev no conflito ucraniano. É o que apontou ao podcast Mundioka o analista militar e autor do livro "Guerra na Ucrânia: análises e perspectivas: o conflito militar que está mudando a geopolítica mundial", Rodolfo Laterza. Para piorar a situação ucraniana, o regime de Vladimir Zelensky ainda contabiliza uma fracassada tentativa de invasão contra a região de Kursk, na Rússia, onde estimativas apontam que o país perdeu mais de 40 mil soldados.Já o ataque que terminou neste mês com a morte do tenente-general Igor Kirillov, chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas da Rússia, reforça mais uma vez uma atuação pelo regime de Kiev típica de um ato terrorista, acrescenta o especialista. "E também teria sido impossível que o serviço secreto da Ucrânia pudesse planejar e executar um ataque com tamanha precisão sem um suporte de coordenação, controle e financiamento de outro serviço estrangeiro. É insustentável a Ucrânia com seu serviço de segurança realizar esse atentado isoladamente", diz.O analista militar lembra ainda que, entre os países aliados da Ucrânia, as insatisfações da sociedade com o financiamento do conflito são cada vez maiores. "Temos uma situação também na Bulgária, que parcela da população está cansada desse apoio. Temos a vitória de Robert Fico na Eslováquia, crítico do apoio da União Europeia à Ucrânia. A manutenção e consolidação de Viktor Orbán na Hungria, que é um crítico voraz ao apoio à guerra na Ucrânia, que tenta promover iniciativas de paz, porém é criticado. Porém, temos situações também contraditórias, como a Finlândia, que sofreu um esvaziamento econômico com a adesão à OTAN, porém as elites políticas estão cada vez mais engajadas em permitir bases da OTAN e exercícios militares próximos à Federação da Rússia, usando a Finlândia".Diante da derrota para o republicano Donald Trump na disputa à Casa Branca, o presidente Joe Biden, principal fiador do regime de Zelensky no conflito, também tem aproveitado o final do governo para "fazer de tudo para manter e até aumentar o fluxo financeiro para a Ucrânia". O objetivo, segundo Laterza, é prejudicar ao máximo qualquer tentativa de negociação entre a futura gestão Trump e a Rússia na busca pela paz na região.
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Reviravolta na Síria, novas agressões israelenses e Ucrânia: os impactos dos conflitos em 2024
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Enquanto a atuação de potências ocidentais incendeia ainda mais o barril de pólvora que afeta tanto as populações do Oriente Médio, a queda do governo de Bashar al-Assad na Síria nos últimos dias do ano deixa a situação ainda mais incerta na região. Confira a análise de especialistas ao podcast Mundioka na retrospectiva de 2024.
Aos 45 minutos do segundo tempo, uma verdadeira reviravolta na Síria, que vive uma guerra civil há quase 14 anos, derrubou o
governo de Bashar al-Assad, que precisou sair às pressas do país. Aliada à continuidade dos hostilidades de Israel na Faixa de Gaza, a situação deixa o
futuro do Oriente Médio ainda mais incerto em um ano marcado por intensas dificuldades na região e até o risco de uma guerra total entre duas das principais potências da região:
Irã e Israel.
Para o graduado em ciência política, consultor autônomo em assuntos geopolíticos e roteirista do canal História Islâmica, Ali Abdul Hakam, o ex-presidente sírio não soube aproveitar a aproximação do país com o Irã, a Liga Árabe e a Rússia para melhorar a situação econômica do fragilizado país. Isso abriu espaço para a oposição armada tomar o poder.
"Basicamente, Assad foi arrastando a situação com a barriga e o que ocorreu foi uma dilapidação total do Estado sírio, principalmente das tropas. Além disso, se desenhou uma divisão militar interna. A Força Tiger, liderada pelo General Hassan, tendia a preferir os russos, enquanto a Guarda Republicana, liderada pelo irmão do Bashar al-Assad, o Maher al-Assad, preferiu os iranianos. O presidente alienou totalmente a força Tiger do processo de tomada de decisão na Síria, e isso gerou uma divisão operacional, tática e estratégica, que tornou o exército incapaz de operar", explica ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil.
Outro ponto crucial que afetou drasticamente o poder de reação das
Forças Armadas da Síria foi a baixa remuneração dos soldados, que, conforme o especialista, não ultrapassa US$ 10 (R$ 61,80) por mês.
"Isso fez com que a maior parte deles, os mais competentes, fossem para o comércio, para a agricultura ou até as máfias locais, porque a Síria se tornou um grande entreposto de contrabando, tanto de drogas quanto de armas. E, assim, a situação foi se dilapidando."
O especialista lembra ainda que existem diversos grupos armados na Síria, tanto ligados a organizações extremistas quanto moderados e nacionalistas.
"Mas o que está se desenhando é que vai se coordenar um novo pacto social na Síria. Até agora não houve violência sectária nos moldes do que ocorreu há dez anos. Na verdade, o que está ocorrendo é muita violência política contra algumas figuras do antigo regime e tal, mas violência sectária, perseguição a minorias ainda não aconteceu. Eu creio que isso ocorre porque Turquia e Rússia estão ajudando a costurar a situação", argumentou.
Qual o motivo do conflito de Gaza?
Em outra área do Oriente Médio, há mais de um ano, Israel segue com intensos
ataques por ar e terra na Faixa de Gaza, território onde vivem mais de dois milhões de palestinos e praticamente toda a infraestrutura já foi destruída. Por diversas vezes, a
Organização das Nações Unidas (ONU) classificou a situação no enclave como "apocalíptica".
Ali Abdul Hakam pontua que Israel tem mostrado que a estratégia na região é "matar o maior número possível de civis para criar um pavor psicológico e impedir a insurgência de atuar.
"Vimos o retorno de várias doenças em Gaza, colonos israelenses impedindo a chegada de ajuda humanitária. Porém, do ponto de vista tático do conflito, o que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fez foi um tiro no pé. Não é possível operar tanques e fazer movimentações de brigadas em um cenário onde se destruiu toda a infraestrutura. Israel, assim como os Estados Unidos fizeram no Vietnã, deu trincheiras para seus inimigos. É muito fácil armar emboscada e sair pelas rotas de fuga, no caso do Hamas e os outros 17 grupos insurgentes que existem dentro da Faixa de Gaza. E é por isso que estamos vendo essa guerra se arrastando", analisa.
Além disso, o ano no Oriente Médio também foi marcado pelo
aumento das tensões entre Israel e Irã, duas das principais potências militares da região.
"O último ataque iraniano danificou a base aérea de Netzarim, onde ficam os F-35 israelenses, e foi bem forte, tanto que se vocês verem a filmagem do Benjamin Netanyahu logo depois, ele está com as mãos tremendo, porque não esperava um ataque com mísseis hipersônicos desta monta. Mas Israel atacou, a informação que eu tenho é que Israel atingiu 20 alvos dentro do Irã, não foi um ataque muito pesado, porque o Irã é gigantesco. Com 20 alvos você não acaba nem com a capacidade de produzir mísseis e drones do Irã nem com a capacidade, nem com as defesas antiaéreas do Irã", resume.
Reconfiguração do front na Ucrânia
Já na Europa, o ano foi de intensas reconfigurações nos campos de batalha que consolidaram ainda mais as
derrotas sucessivas de Kiev no conflito ucraniano. É o que apontou ao podcast Mundioka o analista militar e autor do livro "Guerra na Ucrânia: análises e perspectivas: o conflito militar que está mudando a geopolítica mundial", Rodolfo Laterza. Para piorar a situação ucraniana, o
regime de Vladimir Zelensky ainda contabiliza uma fracassada tentativa de invasão contra a região de Kursk, na Rússia, onde estimativas apontam que o país perdeu mais de 40 mil soldados.
"Toda essa dinâmica explica os substanciais avanços russos neste ano, além de um acúmulo de baixas ucranianas que fez com que as melhores unidades fossem prejudicadas, sacrificadas, degradadas e depreciadas. Embora a Ucrânia ainda tenha massa crítica humana para mobilizar, sabemos que o recrutamento compulsório e forçado está levando cidadãos absolutamente despreparados, inaptos para o combate, sem o devido treinamento para a linha de frente, e a taxa de sobrevida tem sido muito diminuta", explica.
Já o ataque que terminou neste mês com a morte do
tenente-general Igor Kirillov, chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas da Rússia, reforça mais uma vez uma atuação pelo regime de Kiev típica de um ato terrorista, acrescenta o especialista.
"E também teria sido impossível que o serviço secreto da Ucrânia pudesse planejar e executar um ataque com tamanha precisão sem um suporte de coordenação, controle e financiamento de outro serviço estrangeiro. É insustentável a Ucrânia com seu serviço de segurança realizar esse atentado isoladamente", diz.
O analista militar lembra ainda que, entre os países aliados da Ucrânia, as
insatisfações da sociedade com o financiamento do conflito são cada vez maiores.
"Temos uma situação também na Bulgária, que parcela da população está cansada desse apoio. Temos a vitória de Robert Fico na Eslováquia, crítico do apoio da União Europeia à Ucrânia. A manutenção e consolidação de Viktor Orbán na Hungria, que é um crítico voraz ao apoio à guerra na Ucrânia, que tenta promover iniciativas de paz, porém é criticado. Porém, temos situações também contraditórias, como a Finlândia, que sofreu um esvaziamento econômico com a adesão à OTAN, porém as elites políticas estão cada vez mais engajadas em permitir bases da OTAN e exercícios militares próximos à Federação da Rússia, usando a Finlândia".
Diante da derrota para o
republicano Donald Trump na disputa à Casa Branca, o presidente Joe Biden, principal fiador do regime de Zelensky no conflito, também tem aproveitado o final do governo para "fazer de tudo para manter e até aumentar o fluxo financeiro para a Ucrânia". O objetivo, segundo Laterza, é prejudicar ao máximo qualquer tentativa de negociação entre a futura gestão Trump e a Rússia na busca pela paz na região.
"Os Estados Unidos têm uma profunda influência no seu establishment institucional, que compõe o Departamento de Estado, Departamento de Defesa, o Pentágono, que muitas vezes molda a política norte-americana, em detrimento de a política americana moldar essas instituições. Portanto é muito difícil você prever que uma simples mudança de governo vá gerar uma reconfiguração", finaliza.
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