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Tropas russas trouxeram estabilidade à República Centro-Africana que ONU não conseguiu, diz analista

© Sputnik / Ramil Sitdikov / Acessar o banco de imagensO presidente da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadéra, participa de cerimônia de deposição de coroas de flores no túmulo do soldado desconhecido localizado no Jardim de Alexandre, em Moscou. Rússia, 16 de janeiro de 2025
O presidente da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadéra, participa de cerimônia de deposição de coroas de flores no túmulo do soldado desconhecido localizado no Jardim de Alexandre, em Moscou. Rússia, 16 de janeiro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 24.01.2025
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Envolta em golpes de Estado e conflitos civis desde sua independência da França, em 1960, a República Centro-Africana está passando por um período de recuperação de estabilidade após a chegada do Africa Corps, grupo militar russo que atua em alguns países da África.
Com uma história de exploração colonial pela França, a República Centro-Africana (RCA) é um dos países da África com os piores índices de desenvolvimento humano.
Ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho, especialistas explicam a situação do país, tão estrategicamente posicionado entre os Congos, a África Ocidental e o Chifre da África.
#539 Mundioka - Sputnik Brasil, 1920, 24.01.2025
Mundioka
A República Centro-Africana busca o seu lugar ao sol
Entre 1960 e 1993, a RCA passou por uma série de lideranças autoritárias e golpes de Estado, com líderes como Jean-Bédel Bokassa e André Kolingba. Sua primeira eleição democrática, em 1993, tampouco foi diferente. Assumindo o controle do país, Ange-Félix Patassé foi acusado de perseguição a minorias étnicas e deposto em um golpe levado a cabo pelo general François Bozizé.
Desde então, o país se encontra em uma guerra civil em que diferentes grupos lutam tanto pela tomada do poder quanto pela defesa de seu território. Bozizé, por exemplo, foi deposto pelo Séléka, grupo rebelde muçulmano que instaurou seu líder, Michel Djotodia, como presidente e se dissolveu.
Em resposta a isso, milícias cristãs conhecidas como anti-balaka iniciaram uma luta contra grupos formados por ex-guerrilheiros sélékas. Mas essas não são as únicas divisões na sociedade centro-africana.
"São mais de 80 grupos étnicos no país", disse ao programa o professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Alexandre dos Santos.

"Várias dessas milícias se unem e se afastam, combatem umas às outras e depois fazem alianças de ocasião, dependendo do objetivo político."

Durante todo esse tempo até a atualidade, na presidência de Faustin-Archange Touadéra, uma série de missões de paz por parte da União Africana, da França e da Organização das Nações Unidas (ONU) foram expedidas para tentar trazer estabilidade ao país, mas nenhuma alcançou esse objetivo.
Quem hoje consegue trazer uma certa estabilidade ao país, diz Santos, é o Africa Corps, grupo militar russo que realiza o combate a movimentos extremistas na África.
Presente em outros países, como nos integrantes da Confederação da Aliança dos Estados do Sahel, essas forças têm substituído cada vez mais as tropas francesas na promoção de segurança contra o terrorismo no continente.

"Por causa do Africa Corps, a República Centro-Africana tem uma certa estabilidade, porque senão o governo não conseguiria se manter controlando partes importantes do país."

Por que a estabilidade da República Centro-Africana é tão importante?

Toda crise humanitária deve ser corrigida pela humanidade. Porém a que atinge a República Centro-Africana tem um componente geopolítico que a agrava ainda mais.
"É como se fosse uma matrioska", comparou Marcelle Christine Bessa, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). "As crises do país são engolfadas por outras cada vez maiores."
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Panorama internacional
'Relação parasitária': para especialistas, visita de Biden à África não agrega nada ao continente
Localizada, como seu nome já diz, ao centro do continente africano, a RCA acaba influenciando e sendo influenciada por problemas ao seu redor.
Há um grande temor de que grupos jihadistas que atuam na África Ocidental, como a Al-Qaeda, o Daesh e o Boko Haram (organizações terroristas proibida na Rússia e em vários outros países), expandam sua atuação para o centro do continente e influenciem os grupos muçulmanos da RCA.

"E de que a ação deles suba para um outro nível de ação, para uma ação muito mais organizada, inclusive internacionalmente com outros grupos."

Outro exemplo, dado por Bessa, é a facilidade com que as fronteiras são atravessadas. Se por um lado isso permite a fuga de deslocados pelos conflitos entre os países, por outro também permite o refúgio de milícias e criminosos em outras fronteiras.
Foi o que Joseph Kony, criminoso de guerra que ficou famoso em 2012 por uma campanha publicitária de denúncia norte-americana, fez para escapar da Justiça. Atuante principalmente na Uganda, mas também no Congo e no Sudão, Kony e seu Exército, Lord's Resistance Army (LRA), muitas vezes se refugiaram na RCA.

"Em termos gerais", diz Santos, "é essa grande encrenca, que o atual presidente da República Centro-Africana tem e todos os presidentes anteriores tiveram".

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