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Cancelamento de reunião da CELAC evidencia 'crise das instituições multilaterais' na América Latina
Cancelamento de reunião da CELAC evidencia 'crise das instituições multilaterais' na América Latina
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O cancelamento da reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que ocorreria nesta quinta-feira (30) em meio aos... 30.01.2025, Sputnik Brasil
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Isso se reflete, segundo o especialista, na forma como cada nação latino-americana gerencia o fluxo migratório e as estratégias para proteger sua economia.Já o professor da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) Rubén Ramos Muñoz destaca à Sputnik que essa fragmentação é vista como um momento positivo para Washington.A reunião extraordinária da CELAC ocorreria após os EUA imporem, no início desta semana, tarifas de 25% (que poderiam chegar a 50%) sobre os produtos colombianos, em retaliação à recusa do país sul-americano em receber aviões norte-americanos com imigrantes irregulares.A resposta do governo de Gustavo Petro foi imediata: tarifas do mesmo percentual e um discurso que questionava as práticas neocoloniais de Washington. Após um diálogo bilateral, ambos os países desistiram de suas medidas comerciais.A última vez que a CELAC realizou uma assembleia extraordinária foi em abril de 2024, a pedido do então presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (2018-2024), após o assalto das forças policiais equatorianas à embaixada mexicana em Quito, o que levou ao rompimento das relações diplomáticas bilaterais.Soluções para a imigração na América LatinaAlém do conflito entre EUA e Colômbia, o evento extraordinário da CELAC também tinha outro propósito: aprofundar as soluções para frear a imigração irregular na América Latina.Esse tema entrou na agenda dos integrantes do grupo após as presidentes do México, Claudia Sheinbaum, e de Honduras, Xiomara Castro, convocarem um encontro em 2 de janeiro para abordar questões migratórias e medidas de apoio a Cuba e Haiti.Diante do cancelamento, o governo mexicano anunciou que pediria uma explicação para a decisão, negando que o fim da assembleia estivesse relacionado a um possível temor dos países latino-americanos sobre ações que o presidente dos EUA, Donald Trump, poderia tomar contra eles.No entanto, os especialistas têm uma opinião diferente sobre as declarações de Sheinbaum durante sua coletiva de imprensa em 29 de janeiro.Nesse mesmo sentido, Ramos reflete que a posição do México, pelo menos, é cautelosa nessa matéria, e que a decisão da presidente de não comparecer pessoalmente à reunião extraordinária da CELAC é uma prova disso.Isso tem sido observado nas mensagens que Sheinbaum costuma transmitir em suas coletivas de imprensa e eventos. A líder deixou clara a postura do governo em defesa da soberania nacional e dos mexicanos, bem como a proximidade e respeito pela América Latina, mas, ao mesmo tempo, que sua administração está aberta a negociar e dialogar com a equipe de Trump.Risco de fragmentação da CELAC?Enquanto isso, as ameaças de Washington contra a América Latina continuam. O presidente Trump afirmou nesta quinta (30) que anunciaria a imposição de uma tarifa de 25% tanto para o México, quanto para o Canadá.A ameaça de Trump está em vigor desde sua posse, em 20 de janeiro. A razão da possível medida é pressionar o governo mexicano a agir contra a imigração irregular e o tráfico de drogas, especialmente o fentanil.Outros países fora da região que também foram ameaçados com a imposição de tarifas pelo novo mandatário dos EUA são a Rússia e a China. Além disso, Trump advertiu que imporia uma tarifa de 100% ao grupo do BRICS se eles não desistissem do plano de criar uma moeda alternativa ao dólar.Diante desse cenário, os especialistas indicam que é necessário que as nações da América Latina que compõem a CELAC analisem as causas da ruptura regional, que tem impedido a formação de um consenso do bloco, e tracem uma rota conjunta.Caso não encontrem um ponto em comum, "correm o risco de fragmentar a Comunidade. A divisão e o temor de uma ruptura também podem ser as razões pelas quais os encontros não estão ocorrendo; as resoluções para solucionar os conflitos não avançariam", acrescenta Ramos, que também é especialista em negociações de Política Externa.Por sua vez, Muñoz acrescenta que essa unificação deve ocorrer por etapas e com objetivos claros, como a diversificação comercial entre os países da região e até mesmo com nações de outros continentes.
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Cancelamento de reunião da CELAC evidencia 'crise das instituições multilaterais' na América Latina
23:21 30.01.2025 (atualizado: 06:41 31.01.2025) O cancelamento da reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que ocorreria nesta quinta-feira (30) em meio aos embates tarifários dos Estados Unidos com a Colômbia, reflete uma crise das instituições multilaterais na América Latina, afirmam especialistas à Sputnik.
"Apesar de muitos líderes, incluindo a presidente do México, Claudia Sheinbaum, dizerem que não é um momento crítico, a realidade é que [o cancelamento do encontro] evidencia uma crise das instituições multilaterais na região, que está dividida na maneira de lidar com os EUA", afirma o especialista mexicano em relações internacionais Daniel Muñoz à Sptunik.
Isso se reflete, segundo o especialista, na forma como cada
nação latino-americana gerencia o fluxo migratório e as
estratégias para proteger sua economia.
Já o professor da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) Rubén Ramos Muñoz destaca à Sputnik que essa fragmentação é vista como um
momento positivo para Washington.
"O cancelamento da reunião da CELAC é uma vitória para a política externa dos EUA. [A Comunidade] sempre foi um contrapeso à OEA [Organização dos Estados Americanos], que foi utilizada pelo governo estadunidense para seus interesses. [Os EUA] ainda têm uma influência significativa na América Latina, o que causou o cancelamento da reunião para definir interesses comuns", explica.
A reunião extraordinária da CELAC ocorreria após os EUA imporem, no início desta semana, tarifas de 25% (que poderiam chegar a 50%) sobre os produtos colombianos, em retaliação à recusa do país sul-americano em receber aviões norte-americanos com imigrantes irregulares.
A resposta do
governo de Gustavo Petro foi imediata: tarifas do mesmo percentual e um discurso que questionava as
práticas neocoloniais de Washington. Após um diálogo bilateral, ambos os países desistiram de suas medidas comerciais.
A última vez que a CELAC realizou uma assembleia extraordinária foi em abril de 2024, a pedido do então presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (2018-2024), após o assalto das forças policiais equatorianas à embaixada mexicana em Quito, o que levou ao rompimento das relações diplomáticas bilaterais.
Soluções para a imigração na América Latina
Além do
conflito entre EUA e Colômbia, o evento extraordinário da CELAC também tinha outro propósito: aprofundar as soluções para frear a imigração irregular na América Latina.
Esse tema entrou na agenda dos integrantes do grupo após as presidentes do México, Claudia Sheinbaum, e de Honduras, Xiomara Castro, convocarem um encontro em 2 de janeiro para abordar questões migratórias e medidas de apoio a Cuba e Haiti.
Diante do cancelamento, o governo mexicano anunciou que pediria uma explicação para a decisão, negando que o fim da assembleia estivesse relacionado a um possível temor dos países latino-americanos sobre ações que o
presidente dos EUA, Donald Trump, poderia tomar contra eles.
No entanto, os especialistas têm uma opinião diferente sobre as declarações de Sheinbaum durante sua coletiva de imprensa em 29 de janeiro.
"As nações com maior temor em relação aos EUA vão do México até a América do Sul, mas deveriam impulsionar um acordo com Washington, uma frente comum, para tratar da imigração irregular. Caso contrário, [os EUA] começam a romper alianças e a aplicar uma estratégia de 'dividir para reinar'", afirma Daniel Muñoz.
Nesse mesmo sentido, Ramos reflete que a posição do México, pelo menos, é cautelosa nessa matéria, e que a decisão da presidente de não comparecer pessoalmente à reunião extraordinária da CELAC é uma prova disso.
"No momento em que a presidente Sheinbaum disse que não iria à cúpula extraordinária, demonstrou que quer negociar de outra forma com os EUA", menciona.
Isso tem sido observado nas mensagens que Sheinbaum costuma transmitir em suas coletivas de imprensa e eventos. A líder deixou clara a postura do governo em defesa da soberania nacional e dos mexicanos, bem como a proximidade e respeito pela América Latina, mas, ao mesmo tempo, que sua administração está aberta a negociar e dialogar com a equipe de Trump.
Risco de fragmentação da CELAC?
Enquanto isso, as ameaças de Washington contra a América Latina continuam. O presidente Trump afirmou nesta quinta (30) que anunciaria a imposição de uma tarifa de 25% tanto para o México, quanto para o Canadá.
A ameaça de Trump está em vigor desde sua posse, em 20 de janeiro. A razão da possível medida é pressionar o governo mexicano a agir contra a i
migração irregular e o tráfico de drogas, especialmente o fentanil.
Outros países fora da região que também foram ameaçados com a imposição de tarifas pelo novo mandatário dos EUA são a Rússia e a China. Além disso, Trump advertiu que imporia uma
tarifa de 100% ao grupo do BRICS se eles não desistissem do plano de criar uma
moeda alternativa ao dólar.
Diante desse cenário, os especialistas indicam que é necessário que as nações da América Latina que compõem a CELAC analisem as causas da ruptura regional, que tem impedido a formação de um consenso do bloco, e tracem uma rota conjunta.
Caso não encontrem um ponto em comum, "correm o risco de fragmentar a Comunidade. A divisão e o temor de uma ruptura também podem ser as razões pelas quais os encontros não estão ocorrendo; as resoluções para solucionar os conflitos não avançariam", acrescenta Ramos, que também é especialista em negociações de Política Externa.
Por sua vez, Muñoz acrescenta que essa unificação deve ocorrer por etapas e com objetivos claros, como a
diversificação comercial entre os países da região e até mesmo com nações de outros continentes.
"Isso é fundamental porque, em termos gerais, a não realização desses eventos ou a rivalidade dentro da mesma zona geográfica evidencia as fragilidades latino-americanas", conclui.
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