Estudo indica que antigamente Marte já teve 'verões' e 'invernos' com duração de milhares de anos
© NASA . MAVEN/The Lunar and Planetary InstituteEste é um conceito artístico de um Marte antigo com água líquida (áreas azuis) em sua superfície. Regiões antigas em Marte apresentam sinais de ter possuído água abundante — como características que lembram vales e deltas, e minerais que só se formam na presença de água líquida
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Atualmente Marte é um planeta com quase nenhuma atmosfera, coberto por dunas e rochas de cor avermelhada característica, talvez em algum lugar embaixo delas haja evidências de água congelada escondida.
No entanto, os cientistas acreditam que no passado as condições ambientais em Marte mudavam, e com bastante regularidade.
De acordo com uma nova pesquisa, as temperaturas em Marte antigo poderiam ter oscilado entre períodos quentes e frios por relativamente pouco tempo durante a sua existência de bilhões de anos.
O estudo de uma equipe de cientistas da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson de Harvard (SEAS, na sigla em inglês) sugere que, cerca de 3-4 bilhões de anos atrás, por dezenas de milhões de anos no Planeta Vermelho havia uma espécie de "verões" e "invernos". Ao contrário das estações habituais na Terra, eles duravam dezenas de milhares de anos.
Os cientistas chegaram a esta conclusão através da construção de um modelo fotoquímico que descreve o processo de troca de gases na atmosfera de Marte. Descobriu-se que o planeta tinha um ciclo ligado à concentração de hidrogênio e dióxido de carbono na atmosfera.
© NASA . ESA / Björn SchreinerCratera Korolev no norte de Marte (imagem referencial)
Cratera Korolev no norte de Marte (imagem referencial)
Quando devido a hidratação da crosta do planeta, o hidrogênio se acumulava na atmosfera de Marte, formava-se dióxido de carbono, que levava ao efeito estufa, dando início ao "verão". Isso poderia fazer com que Marte tivesse um clima temperado o suficiente para ter água líquida na sua superfície. Depois, o nível de dióxido de carbono na atmosfera diminuía e chegava o "inverno" marciano – a temperatura caía, a água congelava e assim por diante.
Pesquisadores acreditam que tais ciclos se alternavam ao longo de 40 milhões de anos, e cada "estação do ano" durava pelo menos 100 mil anos.
Teoricamente, os pesquisadores observam que durante os "verões" marcianos poderiam ter surgido condições para o surgimento da vida, mas é difícil dizer se realmente ela veio a existir em algum momento.